quinta-feira, janeiro 17, 2008

A Nau de Teclas

Ainda hoje não consigo deixar de me deslumbrar com a maneira como a Internet permitiu aos portugueses fazermos aquilo que sempre quisémos e gostámos intensamente: a importação de cultura primeiro, e, segundo, termos espaço. E tudo isso grátis (ou quase), e sem limite. Um mar nas nossas mãos, realmente. A Internet revolucionou este país, pergunto-me se mais do que os outros. A nossa necessidade de frescura, de novidade, de escapismo mesmo está aqui, na ponta dos dedos. Nunca os nossos antepassados puderam ser tão "navegantes" sem sair do mesmo sítio. Nunca o mítico desassossego foi tão fácil de consumir. Há uma parte de solução do mundo português, de saciação da nossa curiosidade e desejos individuais, que foi revolucionária para a geração que acolheu a Internet e que está, concerteza, ainda mal estudada. Talvez por isso também sejamos uma geração menos empreendedora, e mais comodista. Se temos o sortido da vida perante os nossos olhos, porque sair para o conhecer in loco? Isso, claro, é um grande erro (que pagaremos caro), mas parece-me inevitável.