sábado, abril 18, 2009

Enciclopédia

Misturadas as razões,
Latitudes,
Crimes e júbilos,
Mercenários e nobre gente,
Verdades reais, equivocadas;
Sem ordem aparente, misturadas
São entradas
Desta enciclopédia.

Passado, Presente,
Quase a fragância se sente
À vida antes de a viver,
E como o poderíamos saber
De outra forma?
Dela vamos informados,
Seus amores - e transgressores
Estão classificados
Pelo melhor dos tratados.

Cuidado porém,
Que própria vida ainda
Se não pode ler:

A enciclopédia
Não ensina a esquecer,
Nem também a recordar;
Não escolhe as melhores lições -
E não pode alguém falar
Somente por citações.

Pedro Oliveira

A Minha Vida: Para Sempre Um Garoto

Se eu tivesse que escolher um anúncio para definir a minha vida, não teria a mais pequena dúvida - é este. Este é, tem sido, o resumo da minha vida: um garoto a tentar aproximar-se de mulheres.



Tanto - tanto! - tempo, desperdiçado nessa demanda. Irrita. Só há uma coisa que irrita ainda mais: é, sendo homem, ver as coisas demasiado banais. Prefiro o mistério que está antes. Prefiro andar a procurar mulheres pelo canto do olho toda a minha vida. Prefiro ser assim - garoto, malandro, feliz - para sempre.

Boa Acção do Dia 21

Vale a pena ler "As Memórias de Adriano". Aqui.

What All The Stink Is About

Eu... lamento. A sério que lamento. Eu tento fazer um blog com nível, de conteúdo excelso, mas... não resisti. Tenho esta costela dessa qualidade que nomearam. Que querem? Já disse que lamento.

Para não me 'xingarem' ainda mais, nem sequer vou incorporar o vídeo. Mas continua a ser um facto que eu não consigo parar de rir com este anúncio.

sexta-feira, abril 17, 2009

Didn't Need To Hear That

Portugal vive um momento absurdo da sua história. Assim uma espécie de deserto existencialista. Estou certo que Camus adoraria escrever sobre este Portugal.

Quando se vive no absurdo, quando não há regras ou limites distintos, a estupidez momentânea - essa que passa pela mente num 'vibe' - sente-se em casa. Dorothy: estamos definitivamente no Kansas.

Dei comigo a pensar nisto no outro dia quando ouvi uma rapariga dizer um palavrão de camionista. Ou de puto rebelde que quer chocar os pais. Não é que eu não diga palavrões, ou seja sexista - e daí talvez eu seja um bocado sexista nesse aspecto. Mas o chocante ali foi a gratuitidade e o 'out of the blue' da coisa. Enquanto os demais cumprem regras de convivência e civilidade, há quem as fure, e deite cá para fora o que não deve. Uma espécie de incontinência verbal.

Esta incontinência, parece-me, está muito em voga, em virtude justamente desse 'normal absurdo', e vai além do palavrão gratuito e chocante, para chegar à excentricidade repetida da falta de lógica, ou de moralidade básicas (mesmo para humor). Tem, assim, outro sinal patognomónico - a boutade. Em suma, delicia-se com este deserto de lucidez que se tornou Portugal.

Um dos temas favoritos da boutade é, nesse mantra de 'espantar o burguês', a sexualidade. Nomeadamente das formas de perversão da sexualidade*. Clássico: dar a entender (levando nós uma 'sheltered life') que certas realidades chocantes existem bem vívidas, e que nós nos cruzamos com elas todos os dias.

Se alguém perguntar por factos - não há. 'Fact-checking' é só um estrangeirismo manhoso usado por indivíduos de óculos que perdem tempo com blogs. Se alguém aprofundar a conversa (uma surpresa, aliás, dado que o tema é supostamente 'para não mexer ainda mais', a não ser por uma espécie de desejo necrófilo), é-se sempre desviado, sobretudo com a justificação subentendida de 'não nos perturbar mais' com a dura realidade - quando o maquiavelismo está, exactamente, em deixar tudo suspenso, difuso, ambíguo. À boa maneira portuguesa, o subjectivo é senhor do objectivo.

Seja pelo palavrão gratuito, seja pela boutade de conteúdo explícito, perverso, incompleto, configura-se na sociedade portuguesa, no microcosmos de uma conversa aquilo a que eu gosto de chamar o 'movimento streaker'.

Tens um pensamento perturbador? Conheces uma notícia sórdida? Então manda cá para fora, quando as pessoas estiverem a comer ou a pensar em coisas sérias! É despires tudo e mostrar 'your stuff' para o público. São os teus quinze minutos de fama, a libertação! Uuuuiiiiii! Bora lá.

A gente tira logo o preconceito do civismo e mostra a realidade nua e crua aos olhos preservadinhos desses copos de leite! Nem interessa se sabemos da coisa, ou se ela é verdade! Estamos com a coisa a roer na mente. Os jornais e a televisão também não seguram as cuecas - porque haveríamos de o fazer? Interessa é que fica na retina essa corrida em pêlo pela falsa moralidade! Está cá fora... Uff... Que alívio!

Ah, todos os 'streakers' portugueses fossem como este senhora, com o perfil ideal para a primeira 'streaker' de Wimbledon...



Na verdade, a metáfora mais ajustada seriam aqueles senhores barrigudos em meias, fugindo de outros senhores fluorescentes, com "ultra-mega-über-casino.com" toscamente pintado nas costas. Urghhh... "didn't need to see that".



E o mesmo se aplica na perfeição aos 'streakers' tugas hodiernos: urghh... "didn't need to hear that".

quinta-feira, abril 16, 2009

Os Fundamentais 5

Não esquecer: a vida é um... 'messy business'. Feita de tanta coisa... e de tanto acaso também. Por mais que não o saibamos aceitar. Às vezes pode mudar a vida para pior, às vezes para melhor.

Faites vos jeaux, mes amis. Mais les jeaux... ils ne sont jaimais faits.


Os Fundamentais 4

E a idade adulta vem, e quanto mal faz ela aos sonhos. Mas, hei, se sonhar é humano, por mais adultos que venham, mais sonhadores virão também. Sonhos de conquistas e everestes. Ou os mais antigos sonhos de sempre - com ela, com elas. Enquanto por cá andarmos.


quarta-feira, abril 15, 2009

Nerd-Wannabe

Uma das coisas mais... fixes de toda a minha vida foi a realização de um sonho: confessar 'I'm a nerd', a uma representante da 'nerd-nation' USA.

Foi a propósito de uns cartoons 'nerdy' (famosos, embora) que eu conhecia e esta simpática americana não, e lá lhe disse: 'Well, I'm a nerd... You've probably caught up on that'.

A verdade, porém, é que eu não sei se ainda sou um 'nerd'. Já fui, sabia imenso de imensas coisas - mas depois parece que me desleixei. Mas porque é que eu fui jogar à bola?...

Fiquei a modos que um 'pseudo-nerd', um 'nerd-wannabe' (so sad...). Mas... sei lá. Ela pareceu aceitar a coisa, fazia-lhe sentido. Toma lá: 'certified nerd'. I hereby state that Zé Júlio... etc, etc.

Riam-se, riam-se. O certo é que se eu um dia for ao Kentucky tenho uma amiga. Pode acontecer - porque não?

terça-feira, abril 14, 2009

Boa Acção do Dia 20

A enxurrada de notícias é avassaladora, e todos já estamos 'numbed', embrutecidos pelos títulos dos jornais. Com que é que nos vão chocar a seguir? Conseguirão - ainda - chocar-nos...?

Mas a realidade desafia esse limiar. Parece que há porcos que ainda voam mais alto. E a seguir ainda mais porcos, ainda mais alto.

A notícia do Correio da Manhã, que refere a acorrência de crianças subnutridas ao Hospital Amadora-Sintra é mais um novo 'sub-zero'. Eu já nem vou usar o chavão 3º mundo, porque me ocorre melhor algo como 'Twilight Zone', 'Quinta Dimensão'.

Crianças. Sem alimentação. Por causa de uma crise que, aparentemente, não impede grossas reformas de continuarem, programas estatais de toda a sorte. Crianças com fome? Mas há Jaguares num Portugal com crianças com fome? Achas populista o comentário? Concedo, mas da discussão à volta disso estamos todos, aí sim, de barriga farta.

Nesse outro ponto terás mais razão... São os pais que não prescindem do acessório - eles não enganam. Pode ser. E já acontecia antes desta crise. Até, no limite dos limites (hei - estamos na Twilight Zone, não há regras) se pode fazer um ensaio sobre maquiavelismo infantil (vive la folie!)...

Mas... e depois? Quanta falta de lucidez neste país autofágico e demitido impede de ver, onde nunca tal deveria acontecer, crianças com fome? Ponto. E de o dizer - não é admissível. Ponto. Por nenhuma teoria ou justificação. Não é para isso que milhares são gastos em assistência social, não é para isso que impostos são pagos, cargos são ocupados.

Há uma emergência, todos o podemos perceber. Mas antigamente poderíamos também dizer que há inocentes, e que há culpados. Antigamente.

Momentos 17

Vergílio Elicíto era um agricultor pacato. Gostava de bons nabos, boa cenoura, boa couve. Não gostava que lhe elogiassem a horta, porém. Tinha medo que fosse por cobiça e que lhe 'pantassem' um mau-olhado.

Um dia porém, Elícito pensou em deixar de uma vez a sua aldeia. Teve uma ideia. 'Tenho uma ideia, mulher!', disse ela à mulher Joaquina. 'Vou ficar rico! Vais ver!'. E partiu para a Cidade.

Na volta, Vergílio vinha, de facto, mudado. Conduzia um carro de alta cilindrada, e vestia fato de bom corte. Bateu à porta e chamou Joaquina 'Viste, mulher? Eu não te disse que ia ficar rico?'. 'Oh homem!, ai valha-te Deus', disse Joaquina, com ambas mãos na face.

A mudança da sorte de Vergílio - ocorrida somente em dois meses e meio - levantou muitas perguntas na aldeia. Ninguém sabia ao certo que negócio fantástico tinha sido aquele. Havia conversa de venda de vinho a martelo, ou mesmo da venda dos direitos para um 'reality show' campesino. Ninguém sabia ao certo - e ele escusava-se a esclarecer os curiosos. 'Cá coisas minhas, compadre!', costumava responder à pergunta certeira.

E desde esse dia ficou cunhado na aldeia, em referência a riqueza de origem não inteiramente clara, o termo 'enriquecimento Elícito'.

segunda-feira, abril 13, 2009

O

pressssssssssão.
pressssssssão
pressssssão
pressssão
pressão
pre
O

Pedro Oliveira