quinta-feira, maio 22, 2008

Nerd To The Bone 1

Diz ele ao passar por alguém, em tom de alguém conhecido, numa rua conhecida. “- É X!”. Olha. É X. E quem é este X que espanta, e assim provoca este deslumbre de reconhecimento?

Cláudia Vieira? Cristiano Ronaldo? José Mourinho? Vanessa Fernandes? Cavaco Silva? Belmiro de Azevedo? Rita Andrade? Liliana Queirós? Raquel Strada? Isabel Figueira? (Espera… estou-me a perder aqui para o final).

Não, meus amigos. X era o Nuno Crato, professor universitário de Matemática, colunista de Ciência no Expresso e participante na mesa do 4xCiência na RTP-N. É triste? Discordo. A questão não é que eu o reconheça (que desde logo o merece). A questão é que eu também reconheço os outros (ou, mais importante, talvez – as outras).

Ainda assim, reminescências da costela “nerd”. And proud of it.

A Ler



Eis a nova revista Ler, de novo sob a direcção de Francisco José Viegas. Agora com periodicidade mensal.

Leiam-na, é o meu tão simples conselho. Vale a pena. Relembro que vos fala um desencantado com a imprensa portuguesa contemporânea.

Best of Santana

Anteontem, passei, no zapping, pela entrevista de Santana Lopes na Sic Notícias. E, olhando para o homem e para os argumentos, lembrei-me de que já lhe pretendia dedicar uma música aqui no Generosità. Uma música que podia, justamente, ser cantada por ele. E que, apesar do requinte sacanita de Eric Burdon, dos The Animals, sempre lhe ficava melhor que o "Menino Guerreiro".



"But I'm just a soul whose intentions are good
Oh Lord, please don't let me be misunderstood..."

segunda-feira, maio 19, 2008

Is There a Doctor In House?

Uma das coisas engraçadas de trabalhar no ramo da Saúde é comprovar na prática a teoria de House: toda a gente mente. Toda a gente mesmo. Há um aproveitamento do stress especial que rodeia a assistência, um princípio de dúvida especial - a Saúde é um bem supremo, qualquer erro é fatal, e a ponderação de um pode ser a oportunidade de outro. Que pena ser assim. E eu nem gostava muito da série. Sempre achei aquilo uma folia do diagnóstico diferencial levado ao extremo. Sempre achei aquilo uma perversão da profissão, da arte clínica. Mas eis-me outra vez nos saudosismos do artesanal. Raios - sempre de volta ao mesmo queixume.

Requiem Para Um Jogo

Talvez o meu problema com o futebol, tal como ele está, decorra essencialmente desta necessidade que seja o sorvedouro das paixões da sociedade. Tanta pressão é posta sobre o jogo, que o jogo é cada vez mais uma indústria. Há já alguns anos a esta parte, assistem-se a vencedores absurdos da Liga dos Campeões, a futebol enlatado - como o do Chelsea de Mourinho - glorificado como arte, a falta de tempo, falta de paciência. Não me revejo nesse jogo. Não é aquele que eu gostava de ver e jogar. Tão distante está do artesanal que não possui um átomo de arte. Mas isso, afinal, é o paradigma dos tempos modernos.

Vejam por exemplo a recente vitória do Sporting ao Benfica na Taça. É certo que foi um jogo justo, e até eu me chateei com benfiquistas que inventaram arbitragens ou penaltys num jogo, ímpar no Sporting, em que não houve uma expulsão, um penalty, um livre - só golos corridos. Agora, escapa aqui o fundamental - como sempre. Se a vitória fosse do Benfica o mecanismo de reacção seria exactamente o mesmo. Ou ainda ninguém percebeu, de uma vez por todas, que numa sociedade deprimida, quando uma metade ganha assim um jogo entra em euforia parva, e a outra metade entra em depressão hipersensível? Eis como um epifenómeno no futebol revela a energia social insana que sobre o jogo é depositada.

E é justamente isso que o assassina.

Afinal o Mal é De Família

Notícia "fait-diver" do La Vanguardia. Parece que o mal também ataca os "hermanos". E depois diz o Pacheco Pereira que a coisa é um problema português. Está mais bem internacionalizado. Não faz mal. Mais fica para aqueles que, como eu, cada vez se sentem mais divorciados do futebol. E sem pena nenhuma disso.

Pero Que Lo Hay, Lo Hay

Isto da verdade é uma coisa que dói um bocado. Mas vale sempre mais essa dor que viver a mentira. Ora leiam lá estas declarações. Diz exactamente a verdade, Carod-Rovira. Existe paternalismo do estado espanhol em relação a Portugal. E eu estou perfeitamente à vontade para o dizer, gostando sinceramente do país vizinho. Pero que lo hay - lo hay. É mesmo assim. E a culpa, realmente, é dos nossos políticos, que se "ajeitam". E depois chamam à coisa "diplomacia". Curioso. Meus caros, vejam se acordam e cheiram o café. A sorte é a coisa não ter, por enquanto, problemas. Quando o "empurrãozinho" se tornar "cotovelada" basta ver para onde é que a Espanha vai. Aí é que a verdade irrompe violentamente por um surpreso "afinal...". Fica aqui o aviso.

P.S.1: o facto de que Saramago negue esse paternalismo só o confirma

P.S.2: Está enganado Carod-Rovira ao considerar que hoje, não fossem as vicissitudes da História, poderia ser a Catalunha independente e Portugal região espanhola. Há mais tomates nessa salada. E a coisa de dar jeito a Portugal que Espanha se fragmente... meu caro, não vá por aí. Não deixar que a Espanha seja paternalista, é uma ajuda, puxar-nos para essa carroça já não nos interessa. Amigos, amigos, nações à parte.

P.S.3: Assumir esta postura é, curiosamente, a que mais me diverte. Chateia os políticos portugueses, metade deles subservientes, outra metade com uma diplomacia de "raposão" que não se sabe bem no que resulta (eu digo que em nada). E depois, claro, chateia os políticos espanhóis, que vêm assim lixadas as suas contas para este lado. Dava para tomar uma "copa" com o Carod-Rovira. E já ando com saudades daqueles "bocadillos" de presunto.

domingo, maio 18, 2008

Ele Há Coisas Simples

Há coisas que eu, realmente, não percebo em José Pacheco Pereira (JPP), por muito que faça questão de o elogiar em vários domínios. Ora, neste texto, volta JPP a criticar o... onanismo emocional (perdoem a força da expressão), a exploração dos sentimentos mais básicos, por parte da televisão. Mas, afinal, o que é que queria JPP? A sociedade é livre nesse sentido, como ele sempre reclamou, e bem. É livre e popular. E isso a prazo significava sempre que iria ser açambarcada por e, sobretudo, para o homem-massa de Ortega y Gasset. Onde é que está a surpresa, caramba? Qual o espanto? Como quer JPP que por lá seja veiculada hoje a "virtude"? É a lei do dinheiro, da quantidade, do "scaling-up". E ele conhece-a muito bem. Estava à espera de algum código de conduta por parte dos "media"? É sempre residual. Basta atentar no modelo americano, que tantas vezes elege, para perceber - de uma vez por todas - que a coisa, quando muito, tem tendência somente para piorar.

Ele há coisas simples, verdadeiramente simples, a que parecem cegos alguns homens inteligentes.