sábado, fevereiro 21, 2009

Imaginem...

As pessoas queixam-se destes tempos. Caramba. Antes os nossos avós também não tinham dinheiro, também não tinham riqueza. E levantavam-se pela manhã muito cedo para as campanhas no Campo. E iam para o cultivo do arroz, com a água fria pelos tornozelos. E alimentavam parcos animais que podiam morrer, de repente.

E sobreviviam. Não só sobreviviam, eram portugueses em muitos sentidos mais nobres do que nós. Ninguém acreditará nas pessoas que eu conheci pela vida, mas algumas delas, do pouco que tivessem, era desse pouco que partilhavam.

Que as pessoas hoje se queixem só demonstra a assustadora extensão da ignorância humana. Esses velhos portugueses bem avisavam para não se meterem com bancos. Não os quiseram ouvir.

A vida é sempre difícil. Mas a estupidez humana, esta nossa estupidez, fá-la mais difícil do que na realidade é.



Para aqueles de vocês em que este post faça despoletar no radar um símbolo a vermelho a dizer: 'sucker', ou 'bourgeois a espantar', 'ingénuozinho', bom... se calhar não preciso de dizer mais nada, pois não?

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Violence Is All Around Us

A música que a mente cria no trânsito lisboeta:

I feel it in my fingers (toma!)
I feel it my toes ([acelera] já vais ver!)
Violence is all around me (f***-se!)
And so the feeling grows (ah meu granda *****!)

It's written on the wind (prá velocidade a que este gajo entra!)
It's everywhere I go (aqui também? ó que ***** do *******!)

So if you really hate me (é a tua mãe, pá!)
Come on and let it blow (want a piece of me? mékié? want a piece of me, huh?)


Cover R.E.M. da música dos Wet Wet Wet

Malhação

Eu farto-me de dizer à minha irmã: "a gente sabe lá como é que eles tiram a gordura do leite para o fazer magro".


Hasta Siempre

Terribly sorry, Old boy. I don't care about the ideology, I don't care about the cahracter and, if you will excuse me, I will even forget about the fighting. The truth is, Old boy, I only care about the song. That is all.

This Time

E dou comigo a pensar - porquê não saberei dizer - que aquele adágio: 'This time it will be different", usado por quem vai entrar na Bolsa pela primeira vez, pode perfeitamente ser usado por quem vai ter um filho. Desta vez vai ser diferente.

O Judeu Errante

Hei de seguir eternamente a estrada
Que há tanto tempo venho já seguindo
Sem me importar com a noite que vem vindo
Como uma pavorosa alma penada

Sem fé na redenção, sem crença em nada
Fugitivo que a dor vem perseguindo
Busco eu também a paz onde, sorrindo
Será também minha alma uma alvorada

Onde é ela? Talvez nem mesmo exista…
Ninguém sabe onde fica… Certo, dista
Muitas e muitas léguas de caminho…

Não importa. O que importa é ir em fora
Pela ilusão de procurar a aurora
Sofrendo a dor de caminhar sozinho.

Vinicius de Moraes (1913-1980)

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Morte Fingindo Que é Vida

Às vezes não há mais palavra estruturada:
Alguém reduzido a nada
É alguém reduzido a nada.

Às vezes a morte é acarinhada
Em idades assim, tão estranhas...
Encapuçada,
Faz da vida uma criada
Por teorias, e por manhas.

Fingem, fingem, fingem...
Deslumbrados
(Sem que o saibam são criados);
E numa frase suspensa
Revelam um alçapão:
A vida é uma despesa,
De só viver ambição.

Não há sonho ou gentileza,
Verdade, nem esperança,
Fingem comer, e rir, saber
Conhecer a natureza -
Fingem ser uma criança.

Algum dia o sol mais puro
E aquela primeira luz
Vencerão um existir escuro,
A quem a morte -
Pensando ser vida -
Seduz.

Pedro Oliveira

The Low-Hanging Fruit e o Último a Rir

Excertos da carta que o gestor de fundos Andrew Lahde escreveu aos seus investidores, antes de se reformar com o dinheiro que fez após uma subida de 888% no seu fundo, por ter apostado contra o crédito a habitação subprime.

"Today I write not to gloat. Given the pain that nearly everyone is experiencing, that would be entirely inappropriate."

“I was in this game for the money. The low hanging fruit, i.e. idiots whose parents paid for prep school, Yale, and then the Harvard MBA, was there for the taking. These people who were (often) truly not worthy of the education they received (or supposedly received) rose to the top of companies such as AIG, Bear Stearns and Lehman Brothers and all levels of our government. All of this behavior supporting the Aristocracy only ended up making it easier for me to find people stupid enough to take the other side of my trades. God bless America."

Pergunto-me por onde andará todo o jet-7 financeiro luso nestes dias...

Óculos

E lá ia eu a fazer o exame, com reclamações da minha mãe por estar atrasado. Típico. No entanto, falando com uns amigos, a caminho, um deles diz que eu devia ter 'praí 18' de média de curso.

Hum...? Eu?

Afinal, vale a pena andar de óculos. Desde que não falem com a minha mãe - estou safo.

'Bom, senhor Pedro, estivémos a ler o seu currículo, e, realmente, não ficámos sobremaneira impressionados. Sabe como é, nestas alturas de crise, temos que ser muito selectivos. Muito mesmo. [olha para o Zé Júlio amofinadamente sentado diante de si]. Ah, mas agora reparo... o senhor usa óculos. Quantas dioptrias? Hum... Interessante. Olhe, passe por cá na quarta-feira, para eu o apresentar às pessoas da firma, ok?'.

Porquê ser intelectual quando se pode ser pseudo-intelectual?

Eu uso óculos - logo penso - logo existo.

DJ Urtigão I

Aqueles bandidos... Atão querem boicotar a cousa? Mais num vai dar, não! Ó pra eles, a desactivarem os meus vídeos quando 'tou distraído. Diacho. Não se faz.



Make no mistake, meus amigos: se eu quiser fazer os leitores do Generosità GaGás antes da moda, não é por removerem o vídeo da música que vão conseguir.



Donde, aqui está o vídeo, de novo e com qualidade acrescida, aqui. Não, espera - aqui.

Pronto. De volta ao merecido pousio, quinda falta pró Verão. Ahhh...


ZZZzzzz....ZZZzzz...ZZZzzz...

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Boa Acção do Dia 11

Leitura fundamental: The Gig Economy. Para preparar o mercado de trabalho que aí vem... Embora o que aí vem soe estranhamente familiar.

"No one I know has a job anymore. They've got Gigs.

Gigs: a bunch of free-floating projects, consultancies, and part-time bits and pieces they try and stitch together to make what they refer to wryly as “the Nut”—the sum that allows them to hang on to the apartment, the health-care policy, the baby sitter, and the school fees."

"Now (...) everyone's a hustler."

Nada em que os jovens portugueses não possam dar umas lições aos americanos. Se preciso, podem consultar este livro.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Boa Acção do Dia 10

A ler, 'A Origem das Espécies', na coluna de José Diogo Quintela, no 'Público'.

domingo, fevereiro 15, 2009

Raízes: Em Tempo de Plástico, Velhos Vícios

Nada como um regresso às raízes para limpar o lixo dos dias. Sobretudo o lixo que não é nosso, vem de fora, e não o podemos compreender. Vem de imagens, notícias, factos, canalhices, fantasmas que não nos pertencem, não são o nosso mundo, mas que, de alguma forma, procuramos encaixar nele.

Hoje ao almoço, degustação de uma magnífica morcela de arroz, seguida por outra, de sangue. Recém-preparadas, caseiras. De aspecto pouco recomendável para este mundo mesa-de-plástico-a-brilhar, ecrãs HD, ignorância religiosa, piada fácil, barata. De 'frivolidade du jour', mínimo esforço de compreensão, de enquadramento - de pessoas, valores, tempos.

Não há melhor exemplo disso mesmo que o post que escrevi sobre o artigo de um jornalista inglês, que versava - a rédea solta - sobre a sexualidade (?) de Tintin. Sem conseguir perceber os elementos da sociedade do pós-guerra, da evolução das concepções sociais, do degelo continuado dos costumes (hoje talvez em sobre-aquecimento...), julgava parvamente, a talhe de foice. O Tintin usava uma boina foleira e calças estranhas? Não havia mulheres nas histórias? Não havia ponta de romance? A conclusão alarve - era homossexual...

Este mundo não tem tempo para nada, não tem tempo para se deter com pormenores, para pensar duas vezes nos factos, na sua origem, na sua causalidade. Não tem tempo para conceber uma herança histórica, sequer. Não tem paciência para o cinzento - quer o preto ou o branco. E quere-o já. A incapacidade para compreender, por parte do receptor, é interpretada como ambiguidade, por parte do emissor, e a ambiguidade como mentira. Salta então o justiceiro alarve, a denunciar a mentira.

Mas bom. Isto vinha a propósito de morcelas. Lá estavam, cinzentas, com a tripa inteira, o cheiro - antigo - característico do produto suíno, com que desafiam um fiel, com que não tomam reféns. A mesura dos elementos mais rudimentares, de há centenas (milhares?) de anos: o sangue, a gordura.

Absolutamente deliciosas. A morcela é, para mim, dos pormenores mais brilhantes da nossa gastronomia. Talvez haja algo na sua sazonalidade, na sua validade, que torne o seu consumo ainda mais satisfatório - pode ser comida apenas algumas semanas depois da morte do porco. É aproveitar, que daqui a pouco já não há... O típico sentimento ansioso de um português.

Não é fácil de digerir... mas para isso há o bom vinho, e tudo o resto que pertence ao 'canon' da refeição, como a cultivaram neste país.

Talvez seja daquelas coisas que, quando nos queixamos da vida, escusemos a lembrar - com alguma gravidade. Quantas refeições excelentes já provámos? Certamente mais que muitos dos nossos antepassados... Nisso, realmente, nunca mudamos: por mais que tenhamos tanto mais bom, dele nos esquecemos de imediato, e do que não temos nos queixamos infinitamente.

Que maldição, esta, a de ser humano. Mas as bençãos tudo fazem valer a pena.

Enjoy Yourselves

É bem verdade: eu gosto de escrever e adoro escrever neste blog. Apesar das chatices que dá, ou possa dar. É mesmo assim que as coisas são.

Espero que se consigam divertir ao lê-lo, também. Não está cá para outra coisa.

So 90's!... Nostalgic

Não, digam o que disserem, em comparação com o que passa na TV, com a música que é feita, caramba, os anos 90 foram dourados. Ainda bem que neles cresci. Levo comigo essa qualidade. Esta gente não sabe o que perdeu.






Ainda da squadra Aniston.




Não Chamar Ainda o Psiquiatra

Devo esclarecer quem anda preocupado com a minha fixação pela Lady GaGa.

Eu sei que ela parece bastante heterodoxa. É ela mesma que se auto-critica, dizendo que parece, em algumas fotos, um 'tranny'. Antes de mais, isso faz parte do seu encanto - e refiro-me ao troçar de si mesma, per caritá... É tudo uma estratégia sua. Talvez ingenuamente - o tempo o dirá - embarcou numa cruzada de 'fashion statement'. E isso explica o guarda-roupa provocador.

Em segundo lugar, eu julgo a música, não o 'look', ou mesmo a intuição de que 'fauna' nova-iorquina ela conheceu no seu percurso artístico... Fine by me - I don't give a damn.

O que eu gosto mesmo é do pop que ela faz. Mais puro - palavra errada para música quase electrónica... - 'mais genuíno' fica melhor. Tem voz, tem 'allure' cénico. Tem talento. Também tem lírica algo explícita, eu sei - porque é honesta quanto à sexualidade. Essa questão não é uma questão.

E, neste momento, ela é uma moda. Apanhou o excelente momento de depressão com o estado da economia e futuro colectivo para emergir. Isso deu-lhe ainda mais brilho, testou ainda mais a sua veracidade. E ela parece estar a ganhar - com grande satisfação minha - esse teste.

Amanhã terei outra mania. Quanto mais inovadora, puxada do nada para este deserto de Freeport, Futebol e Finança... tanto melhor.

It's a Product Placement World, Baby

Uma coisa verdadeiramente nova para mim é o 'product placement' em vídeos de músicas. Honestamente, desconhecia. Mas basta atentar nos que tem lançado Lady GaGa, e pensar um pouco: "Eh, Eh (Nothing Else I Can Say)": auriculares Dr. Dre e relógios Baby G; "The Fame": Campari (nota: blarghh... péssima bebida milanesa que já tive o infortúnio de provar); "Poker Face": Bwin.com. Uau... Ou alguém se está a aproveitar dela à grande, ou as coisas estão tão mal que, realmente, chegaram a esse ponto.

Who Ya Gonna Call?

Pensei nisso, realmente. Mas poderia ser? E pá, tinha a sua piada... Hum... Bom, olha - está feito.

E espero voltar em breve a este post, para vos explicar a brilhante ideia.


Bravo!

Não sei se têm reparado, mas os anúncios da TV portuguesa andam efectivamente melhores. Não, não, acreditem. A coisa anda a puxar aos clássicos - e bem.

É o anúncio da Sporttv para o Sporting-Benfica com o 'Largo al factotum' ('Abram alas para o faz-tudo'):



E recordam-se do anúncio do 'Frente a Frente' na Sic Notícias com um dueto Papagena!-Papageno!?:



Finalmente - indispensável - o amado Rigoletto no anúncio da Zon. A recordar aqui, magnífico, pela voz de Pavarotti.

Ricas árias, Alberto! Longe vão os tempos do 'Vamos nessa, Vanessa?', ou do 'Alex: Sumol de ananás...'. Não?