sábado, maio 05, 2007

Pecado Original 10



Jessica Alba.

P.S.: O ênfase no crucifixo nao é, obviamente, da minha responsabilidade. Mas um olhar tao perfeito seguramente sobrepoe-se a essas imperfeitudes.

Do Amor

Nos primeiros anos de consciência feminina julgo que o Amor é mais uma atracçao (passada a física) pelas virtudes de uma mulher. À medida que o tempo passa, e a atracçao física requer ainda o seu primado, o Amor passa talvez a ser uma atracçao pelos defeitos. Como se soubessemos que sao os nossos, como se os sentíssemos familiares, diabos conhecidos. E, afinal, para as virtudes sempre em nós há a convicçao, talvez masculina, que sao perfeitamente trabalháveis. Basta-lhes uma força de vontade, um trabalho em comum, uma resposta às circunstâncias.

Suponho que é uma boa maneira de avaliar a nossa idade psicológica, a nossa capacidade de compromisso a uma paixao: Que amamos nós mais neste momento (depois do físico)? As virtudes ou os defeitos?

Do Perdao

Ele gabava-se de ter a capacidade de perdoar quase todos. E lembrava-se desse dito francês: "compreender tudo é perdoar tudo". Sentia-se magnânimo e humano. Mas por alguma razao grassava nele o desassossego. Afinal, de nada serve podermos perdoar os outros se nao nos pudermos perdoar a nós mesmos, se nos nao compreendermos também.

Emprestado

Num programa de rádio ele, luso-descendente francês, mestre de hip-hop, diz-se sentir antes de mais português. Ela pergunta-lhe entao se ele será talvez "uma alma lusa emprestada ao mundo".

quinta-feira, maio 03, 2007

Re-Esclarecimento

A propósito dos recentes posts, que se assemelham vagamente a poesia, volto a reiterar o expresso anteriormente. Obrigado pela atençao.

quarta-feira, maio 02, 2007

Subserviências

O jornalismo desportivo português está ( sempre foi?) cada vez mais subserviente. Impregnado de verdades inelutáves, de dogmas e de falta de coragem, caminha-se neste campo a passos acelerados para pensamentos únicos e dominantes com uma dose pouco salutar de censura... a racionalidade escasseia. O mundo está cada vez mais em permanente transformação, mas parece, que as mundanças tardam em chegar ao jornalismo desportivo/ futebolístico. Os jornalistas de hoje em dia são na sua maioria proletários que apenas nos relatam os treinos, as lesões e (invariavelmente mal) as futuras constituições das equipas para o Domingo seguinte.

Dogma nº1- Não se pode falar do Apito Dourado nos jornais desportivos. Não se pode sequer tocar no nome de Pinto da Costa nem de Valentim Loureiro quando ligados a este caso.

Dogma nº2- Não se pode dizer que o Chelsea joga um futebol miserável e que foi eliminado com justiça da Champions. Mourinho é o melhor dos melhores, ele só não ganha porque tem 2 jogadores lesionados e sistematicamente há uns gajos que o querem tramar, seja um russo, sejam os árbitros que o perseguem... O seu adversário directo Man. United, joga sem defesa titular e sem 5 ou 6 jogadores importantes e nem piam... mas com Mourinho o discurso desculpabilizador/legitimador é o que melhor serve. Joaquins Ritas passam 20 minutos dos jogos a justificar a pobreza do futebol apresentado com lesões episódicas, mas falar de contratações milionárias (discurso oficial, Mourinho já sabia que eram maus e não os queria, foi obrigado a levar com eles, coitadinho!!!), e de um futebol já não visto há 20 anos nas ilhas britânicas, pontapé para a frente e seja o que Deus quiser, é quase segredo de estado ( valha-nos o Luis Freitas Lobo que ainda tem coragem de comentar o que vê e não o que se é forçado a dizer).

Dogma nº3 - Não se pode dizer mal da Direcção do Benfica que, alimentando o desejo de querer ganhar tudo, em Dezembro, em vez de reforçar o plantel ainda conseguiu vender jogadores. O discurso já está oficializado, a culpa é do treinador! Não importa que este, estatisticamente, seja o melhor Benfica dos últimos 14 anos, o treinador é culpado e não se fala mais nisso. Já encontraram a explicação: não rodou jogadores, nem se diga que não tinha ninguem para rodar, porque o pouco que tinha foi vendido em Dezembro, ou quando tinha um jogador com um castigo a expirar foi novamente condenado por teimosia/estupidez directiva, afinal, ele sempre tinha os Manus que são praticamente Maradonas... e se não são, a culpa é do treinador porque não fez deles Bolas de Ouro.

Programas televisivos - Os treinadores são todos maus até terem a coragem de lá ir dizer umas balelas sobre futebol. A partir daí, passam a ser altamente qualificados e, apesar de pouco ganharem, certamente, é porque a conjuntura não os favoreceu.

PS: Para eclarecer o PDuarte sobre o meu último post. Se fosse francês também votaria em Sarkozy. O intuito do post não era manifestar qualquer preferência por um dos candidatos, mas apenas, realçar uma curiosidade.

terça-feira, maio 01, 2007

Alea jacta est

E pronto. O Chelsea de Mourinho foi novamente eliminado pelo Liverpool. É certo que por penalties, e nao menos certo que o Liverpool está concentrado nesta competiçao. Mas seria preciso mais como justificaçao.

Pessoalmente, congratulo-me com a eliminaçao do Chelsea. Comecemos talvez por esquecer uma certa "solidariedade lusitana" para com Mourinho. Ele próprio nao a tem quando vem jogar com um clube português (nem sequer poupou uma linha na sua cartilha 'mindgame' quando jogou com o Porto), e pelos vistos nao a tem também nas recentes polémicas com Ronaldo. Para quem esteja desactualizado, Mourinho respondeu às acusaçoes de mentiroso de Ronaldo rementendo para "uma infância difícil, sem educação apropriada". Bonito.

Esquecido esse "lip service" a Mourinho (o que, reconheço, é difícil, porque, adeptos de futebol e portugueses, há sempre um orgulho residual), avancemos. Deparamo-nos entao com um técnico excêntrico (está na pátria dos excêntricos, nada a assinalar) e uma equipa com uma abordagem ao futebol que nao posso senao classificar de tecnocrata. Vejamos: está ali uma aplicaçao científica do futebol: teoria psicológica avançada (Mourinho chama pressao para a evitar sobre os jogadores), esquemas tácticos elaboradíssimos (diz quem sabe), espionagem ao adversário, licenciaturas, mestrados, carga física programada, velocidade, pressao alta, 2-3-toques-bola-na-área, músculo, trabalho de equipa, dinheiro, organizaçao, calendarizaçao, ajuntos de adjuntos de adjuntos, directores de directores de directores. Tanta ciência, tanto state-of-the-art para cair ali em Anfield.

É que nao tem qualquer mal cair ali em Anfield. Isso é normal. Ridículo é pensar que se pode cientificar totalmente o futebol. Ainda bem que nao. Ainda bem que há um limite de incerteza, cada vez maior pelo equilíbrio das equipas, pela carga de jogos, pela harmonizaçao das variáveis.

Nao me venham dizer que o futebol é uma questao só de trabalho, como insinua Mourinho. Ou de talento do treinador, como ele também pode supor. Continua a ter algo de extraordinário e irracional - e do domínio somente dos jogadores e das variáveis extrínsecas. Por exemplo, quem tenha visto os penalties facilmente descortina uma capacidade técnica superior na execuçao dos jogadores do Liverpool. Os jogadores do Chelsea pareciam-me todos iguais, a bola lançada para o mesmo lado, à mesma altura, com a mesma força. Tristes soldados, homens feitos a dar pontapés, nem um átomo do sonho de criança: ser jogador de bola (à excepçao talvez de Lampard e Robben).

A verdade é que sempre achei que muito da galáxia Mourinho era só palha para a manjedoura dos comentadores do jogo. Em especial os da televisao, que puderam deixar de dizer só "Néné passa para Niquinha" e "4 minutos de compensaçao", para entrarem em consideraçoes sobre a "pressao alta", e "o célebre losango do meio-campo". Para aqueles que, como eu, esqueceram grande parte da sua Geometria Euclidiana, soa a banha-da-cobra.

Nao venho dizer tudo isto porque Mourinho perdeu. Já o havia dito antes, diria igualmente se tivesse ido à final, acreditem. Eu pelo-me por um bota-abaixozinho sempre que vejo pirâmides de Quéops no futebol. Já provei o doce sabor de estar certo com o Real Madrid, espero ainda pela confirmaçao no Chelsea.

Às vezes, gostemos ou nao, é tudo uma questao de sorte. Essa grande justiceira.

Pecado Original 9


Cláudia Vieira. Veni, Vedi, Vinci, já dizia Júlio César. Há sempre no homem aquela necessidade de... triunfo (passe a publicidade às bolachas). Mas talvez seja mais correcto citar Marco Aurélio: "Um pouco de carne, um pouco de fôlego e uma Razao para governar todos - assim sou eu." É que, enfim, quanto à carne tudo dito ou tudo visto. Definitivamente falta-nos o fôlego e uma Razao (nao há racionalidade que se aguente). É por isso que nao acabamos a dirigir um império, meus caros.

Aquele "Je Ne Sais Quoi"

À atençao do P.Guerra, a propósito do seu post sobre Segolène. "É uma parisiense de mais de 40 anos, o que não é pouco. Mas só isso."

Eis porque eu, comunhando embora da admiraçao pela beleza (digamos que já me conhecem nesse capítulo), teria que votar Sarko, fosse eu francês (Deus nos livre).

Saudade

Para aqueles que começam (há sempre alguém que começa) no seu amor pela Língua Portuguesa, uma mera nota de rodapé (nesta era de ruído é o que se pode arranjar) sobre dois mitos eternos. Lembremo-nos ainda de Zeca Afonso, o último dos trovadores portugueses, herdeiro de um país mítico, para sempre perdido no tempo. E, claro, de Sophia, e a mais pura forma do Português em poema que conheci. Une-os esses amor, misterioso, português, do princípio dos tempos, a uma língua que naturalmente aspira à perfeiçao, porque funde Atlântico e Mediterrâneo.





Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

(25 de Abril)


Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento

E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo

(Pátria)

Sem Extremos

Excertos da entrevista de José Augusto à revista Sábado nas bancas:

"O meu pai foi um grande jogador do Barreirense. Chamava-se Alexandre Almeida. Foi ele que me ensinou algumas coisas, embora tenha morrido aos 39 anos, vítima de tuberculose, quando eu tinha 13."

"O futebol de rua tinha um aspecto muito importante: ensinava-nos a enganar o adversário."


"O Sporting foi o primeiro clube a contactar-me."

"Já nao há clubes a fazer sede com mao-de-obra do associado. O estádio da Luz foi construído pelos sócios."

"Quando ele [Eusébio] começou a treinar, dissemos logo: 'Há um que tem que sair'."

"[Fiquei como treinador do Benfica] até ao fim do ano (...). Tenho a convicçao de que o treinador do Benfica tem que ser estrangeiro (...). O Benfica é o clube do povo, um clube de amor e ódio. Um estrangeiro tem mais tempo para mostrar o que vale."

"Para mim, um clube grande é só o Benfica. Embora tenha todo o respeito pelo Sporting."

"[Trapattoni disse-me] 'Nunca tive tanta sorte na vida como ganhar este campeonato' (...). Aqueles jogadores nao tinham valor - como esta equipa nao tem - em relaçao à grandeza do clube."

segunda-feira, abril 30, 2007

A Bela e as Outras

Será que Segolene vai ganhar? Não sei.
Mas pela primeira vez uma mulher bela e feminina pode chegar à presidência de um grande país como a França.
Bem sei que já há outras que ocupam lugares cimeiros, mas esta foto, diferencia bem quem é quem.
Merkel, Hillary Clinton, Thatcher, ou Ferreira Leite... nunca seriam assim retratadas... são outro estilo... a que poderiamos chamar de masculinizado. Segolone é diferente, e é não só, mas também, esse um dos desafios que se coloca aos franceses nestas eleições, eleger uma mulher que, acima de tudo, é mulher!