sábado, abril 05, 2008

Aquele Prazer

Que horas são? É tarde. Mas ainda a tempo de um belo café, há sempre algo bom no nosso dia a recordar.


Quanto Tempo Temos

O Tempo dirá aquilo que somos, ditará aquilo que podemos fazer na vida. Esperemos somente, nesta vertigem dos dias, que tenhamos Tempo suficiente para nos cumprirmos, respeitando a sociedade. Não se pede mais nada (mas quem sabe isso seja já muito).

Da Solidão

Aos poucos amantes da solidão, como necessidade absoluta para desenvolver a sua criatividade, não há crime maior que a incompreensão alheia, esse desrespeito absoluto, por essa necessidade de estar sozinho. Sem ruído, sem distracção - mais que aquela que a que a mente se convidar.

A Primeira Desilusão

É curioso como a primeira desilusão para uma rapariga num rapaz, ou uma jovem mulher num jovem homem, é vê-lo a discutir apaixonadamente futebol. Há ali outra paixão, que pode ser comprometedora, desviante da atenção. Eu diria mesmo que a grande esperança delas é capturá-los (-nos?) antes dessa "febre", se tal for possível.

sexta-feira, abril 04, 2008

Sentado À Varanda

E eis chegado o calor do Verão. Não tem problema. Eu sei como responder.

Pausa



Für Elise, de Beethoven. Uma boa interpretação.

O Menino de Sua Mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe.

Fernando Pessoa (1888-1935)

quarta-feira, abril 02, 2008

Sacchi

Finalmente alguém que conjuga em palavras tudo o que eu sempre pensei de Raúl. Sacchi sintetizou numa frase tudo sobre este jogador. Tem méritos, sim. Mas se eu o visse a jogar diria que era um mero jogador de bairro, que tem umas fintas de futebol de salão e uma técnica boa, é certo, mas resumida a um raio de 3m2.

" Raúl es un ejemplo, porque Dios no le ha dado demasiado".

Vida Secreta

Não era que ele tivesse, de facto, uma vida secreta. Mas gostava de a esconder na expectativa de que ela tivesse interesse suficiente para ser secreta.

terça-feira, abril 01, 2008

Da Conversa da Treta

Lembro-me de estudarmos a parte dos limites em Matemática. Alguns limites eram complexos, demais para a minha agilidade com os números, e havia que decorar os que eram zero e os que eram infinito, se bem me recordo.

Acho que a conversa da treta é aquele fenómeno que conjuga a capacidade de tender para zero e para infinito em simultâneo. Quando apanhamos alguém que é totalmente obtuso para as regras de saturação mútua, a conversa torna-se cada vez mais da treta porque tende para zero, em termos de tema, de motivação. E, justamente à medida que tende para zero, parece tender também cada vez mais para infinito, para eternizar essa nulidade.

É, assim, uma espécie de contínuo do vazio. A cada nova curva nós pensamos que será o fim da provação, mas não. Ao substituir na equação verificamos que o limite, para mais esse número, continua a ser infinito na perspectiva da conclusão, no nosso tempo subjectivo e sofrimento psicológico - e zero na riqueza pessoal que conseguimos extrair.

segunda-feira, março 31, 2008

Romanes Eunt Domus/Romani Ite Domum

A propósito das turbulências com a Educação em Portugal, para recordar tempos em que aprender era uma coisa séria. E divertida.

Talvez, com os alunos que há hoje, esta seja a única maneira de eles aprenderem. Há que recorrer a técnias antigas. Muito antigas.


When You Look At It

Dizia a um amigo que eu tenho uma grande desvantagem quando me apetece sair à noite em Lisboa: é que eu não conheço ninguém em Lisboa. Por outro lado, tenho para o mesmo fim uma grande vantagem: é que eu não conheço ninguém em Lisboa.

A outra Itália

Para finalizar a minha contribuição sobre Itália, aqui deixo mais fotos de outras cidades.

Vaticano. Os seus Jardins. Um outro olhar sobre a religião.



Capri.Destino de ricos e famosos. Eu não vi nenhum famoso, mas decerto, o dinheiro pairava por ali.





Pompeia. Cidade imensa. Tem de tudo, desde lupanares a estádios, tudo em ruinas. O monte que se vê ao fundo da imagem foi o responsável. Sim, é ele, o implacável Vesuvio.

C'est La Vie... On Ne Peut Rien Faire

Ainda a propósito dos Olivus 2007, relembro que a figura do ano eleita foi Nicolas Sarkozy. Desde a passagem do ano, por via de um romance com Carla Bruni - que me levou a perceber que existe tal coisa como demasiada transparência (mas que seguia uma lógica de não se esconder do povo francês, como haviam feito Mitterand e Chirac) - tem vindo a perder capital. Ou, como diriam os seus votantes, tem vindo a perder élan (a propósito deste itálico no "élan" lembrei-me deste singelo vídeo).

Bom, mas a questão é que, muito simplesmente, está na hora de Sarkozy dar a volta. E eis um momento em que, se bem que muitos o usem para o criticar, eu aproveito para, com toda a solidariedade o apoiar, pela humanidade que demonstra.

Ora, aqui há uns belos dias quem é que vem visitar o Eliseu? Pois justamente a encantadora modelo israelita Bar Rafaeli. Diz que queria ver os quadros e tal [begin taberna mode]. Bom, e o camarada Sarkozy, vai na volta, [taberna mode initiating...] já que ela estava distraída a olhar para os quadros, aproveita para, por mero refelxo sem intenção (ah... como percebo esse reflexo, meu caro), dá consigo a olhar para os seios da sua convidada [taberna mode running]. Ora, justamente, se o homem é mais baixo que ela, e, por coicidência, também um apreciador de arte, não acho mal que, enfim, tenha o bom-gosto de conferir. É que, meus amigos, estas coisas acontecem, oiçam o que vos digo. Acontecem a qualquer um, aos melhores, e aos melhores bloggers também. É verdade. A coisa, realmente, não tem explicação. É um esgar súbito, como se, naquele momento, o chimpanzé que existe lá dentro levasse a melhor sobre tantos anos de Civilização. E eu, da minha parte, (bom, e agora vou pedir eu solidariedade), e da parte de Sarkozy, peço desculpa às mulheres. Não é por mal acreditem. A única consolação que vos posso oferecer é a seguinte: pode ser que um dia ainda venham a ter saudades de homens que, mesmo desconcertantemente, olhem para aí. Porque, pelo panorama, há-os cada vez mais a não apreciar qualquer parte do corpo feminino. [taberna mode turned off]

Não se esqueçam, minhas caras, que o homem, no fundo, é um chimpazé intelectual, para poder viver nesta sociedade. E está sempre em esforço para equilibrar o intelectual com o chimpazé (a coisa é difícil). Para além de que mesmo as mulheres precisam de homens que consigam ser, à vez, intelectuais e chimpanzés (embora haja muitos que escolhem os extremos).

Para mim o momento que está retratado no vídeo abaixo é de uma grande solidariedade. Muito obrigado, Sarkozy. É claro, há sempre um ou outro "homem feito" que se ri destas fraquezas. Curiosamente, o mesmo Sarkozy, também há alguns dias lhes deixou uma resposta no sapatinho. Aqui.

Bom, e vamos então ao vídeo deste inocente descuido. Totalmente desculpável, afinal. Mesmo com a Carla Bruni ao lado. E duas vezes (reparem bem). Se vamos ser apanhados, melhor que valha a pena.


domingo, março 30, 2008

[Recovered] Olivus 2007: Publicidade

Faltou-me atribuir um prémio ao passar o ano. Faço-o agora, malgrado o grande atraso. Mas, sendo esta a primeira vez que os prémios são atribuídos, e, especialmente, tendo o regulamento sido da minha lavra, não há problema.

Julgar anúncios não é fácil, há anúncios muito bons em várias vertentes, seja no seu humor, seja no "faro", no apanhar do "não dito" da sociedade portuguesa. Por exemplo, ao longo do ano passado, a senhora que foi responsável pelas várias campanhas do BES (o burro Euribor, etc.) esteve, a meu ver, brilhante. Teve ainda o discernimento de ir buscar o Pedro Górgia para um anúncio, ele que tem o que eu chamo de "humor inerte" - só olhar para ele dá vontade de rir.

Também, mais recentemente, esta campanha do Pingo Doce, em rebelião contra os cartõezinhos, pontinhos, descontinhos, papelinhos, e promoçõezinhas foi um "ovo de Colombo" - é claro que as pessoas não têm capacidade, nas suas vidas de trabalho e stress, de acomodar esses regulamentos estapafúrdios. Experimentem dar-lhes honestidade e constância, "for a change". Igualmente brilhante.

Mas, claro, o anúncio que eu elejo para me lembrar de 2007 peca por ter passado muitas vezes na televisão por alturas do Natal, o que vicia um pouco a memória. Para mais, está um pouco banalizado pela repetição. Ainda assim, o anúncio do perfume "Armani Code" é a minha escolha para o ano que passou. Curto, seco, mas insinuando tudo - Armani, nem mais. Consegue-o mercê da combinação coreográfica de toques, olhares, e pontos da música de fundo. Mercê dos olhos verdes da bela modelo sueca Mini Anden ao som do empolgante "Scandalous". A mensagem e a intensidade fechadas, condensadas em poucos segundos. Como o esplendor de um perfume condensado num frasco.




(Mini Anden)