sábado, agosto 16, 2008

Urbanização

Um fenómeno que muito me impressiona é o da 'lisboetização' das pessoas, gente jovem, do Campo, que vão para a urbe. De repente, começam com todos os tiques de manter a distância, não dar confianças, ter a vida ocupada, agendada ao segundo. Que tristeza...

Gente que antes era verdadeira e simples fica postiça, lisboeta. Porque em Lisboa ninguém nos dá margem de manobra, ninguém dá benefício da dúvida. Com o tempo, começamos também nós a não dar aos outros. Mas, caramba... fora da urbe poder-se-ia desbobinar essa postura - não?

Enfim - tiques de ex-capital de Império. Como se mantivesse um Império por mero truque mental. Quem saiba - talvez resulte.

Sacana do Velho

É claro que me incomodam gajos novos a cobiçar as mesmas miúdas giras que eu. Mas isso... que lhe fazer? É a natureza das coisas. It's a free market out there - elas é que escolhem. Agora, homens mais velhos a babarem-se por raparigas, a lerem concentrados as suas fotos nas revistas... caramba! Get a life. Ou então reconheçam que já a tiveram.

Deve ser por isso que cada vez se ouve menos 'O sr. X é muito simpático' para ouvir antes 'sacana do velho...'.

terça-feira, agosto 12, 2008

Non Mollare Mai: Descobertas

A desta revista "The Scientist", subtitulada "magazine of the life sciences". Mês de Junho, Darwin na capa e um prometedor 'Evolution's real problem'. Boa pescaria.

S.O.S. Music

A música pode salvar uma alma. Mas é preciso acreditar nela. "Are you going to Scarborough Fair?", Simon e Garfunkel, banda sonora do "The Graduate". Eu sei que já não há tempo para músicas assim, para filmes assim. Pois bem - façam tempo.


Apolítico

Que não se intua pelo último post, poema de Vasco Graça Moura, qualquer inclinação política da minha parte. Cada vez sou menos '-ista' de quem quer que seja. Cavaco foi Cavaco, e tem o seu dever cumprido. Talvez mesmo este Cavaco já não o reconheça aquele que elegia como líder Vasco Graça Moura.

O poema está aí por eu o ter encontrado depois de ler uma menção a ele no blog de Pedro Mexia, Estado Civil.

Balada do Bom Cavaquista

que eu sempre fui bom cavaquista
nem é preciso repeti-lo:
anos depois já só se avista:
tanto canário, tanto grilo,

tanto gorgeio, tanto trilo

que de promessas se guarnece:

um mundo e outro, isto e aquilo,

e o povo tem o que merece.


vi engrossar de boys a lista,
vi saltitar mais do que esquilo,

de galho em galho ser artista,

e armar o estado em crocodilo.

voracidade? era do estilo.

economia? ai que arrefece!

vi Portugal vendido ao quilo

e o povo tem o que merece.


vi muito pássaro na pista
já de asa murcha e intranquilo,

já sem alface nem alpista

e já sem grão dentro do silo,

secou a teta e o mamilo,

chegou a hora, chega o stress.

há vários anos que eu refilo,

e o povo tem o que merece.


senhor, na entrada deste asilo,
mordeu-se a isca da benesse

e o povo tem o que merece.


Vasco Graça Moura

segunda-feira, agosto 11, 2008

Lawlessness: A Miséria Humana

Hesitei muito em falar de temas como este no blog. Não é a sua vocação natural. Mas perdoem-me, peço-vos, esta excepção.

O rapaz que vocês vêem nesta foto acabou de apunhalar a namorada. Está coberto de sangue, e rodeado de polícias. "Game over... So it ends" a foto parece dizer. O fim chegou. Que ele tenha ódio de si e isso seja castigo suficiente ou não é uma outra questão. O que se está a passar em Portugal, neste momento, numa sociedade que se demite a todos os níveis - isso sim, é preocupante.

Vem aí um Setembro muito complicado, muito duro. Para ninguém menos que José Sócrates. É neste Verão, com um assalto violento a um banco, com um assassínio brutal a uma namorada (estamos a falar de um ser humano, português, rapariga e inocente que mancha a camisa deste rapaz), com um tio que mata a sangue-frio o sobrinho em Olhão, que Sócrates começa a perder as eleições.

Há fenómenos que são de desespero generalizado, internacional. Outros que têm origem nacional. Sócrates está a esquecer-se dos segundos. Este é o Verão que marca o fim da era do 'Menino de Ouro'.

Atenção, porém. Nunca direi que Sócrates é mal-intencionado, que não quis bem aos seus compatriotas. E nunca direi que não tem boas decisões políticas. Mas... não é tão vertebrado quanto seria necessário. Não tem trigo e joio, não tem castigo - espera que as coisas aconteçam somente pela positiva. Será sempre, para mim, um primeiro-ministro esforçado. Mas que nem a esforço consegue ser um líder de um país. Porque há parte de ser líder que não é uma questão de esforço.

Extreme Living

Dia passado, de manhã, a transportar citotóxicos - em que deixar cair uma pinga que seja é fatal - a andar de bicicleta, à tarde, por uma Odivelas plena de condução violenta e impaciente, em rasas de centímetros, a darem que pensar no que seria.

São assim estes dias. O importante é chegar incólume para os escrever aqui.