sábado, julho 19, 2008

I Call It Art, Actually

Agora sim. Depois do último exame - espero - dentro de alguns meses, posso então publicar este post, de carácter mais lúdico e estival, caros telespectadores. De carácter... garúpeo. Uma publicação - curiosa ambiguidade - retroactiva.

P.S.: Remeter crítcas, injúrias e processos judiciais para o mail devidamente não identificado ao lado, como sempre. Muito agradecido.

Republicano

No outro dia alguém me dizia que eu 'tinha jeito' (não sei exactamente porquê), e que devia seguir 'política' (assim, com P pequeno). Eu disse que não, obrigado.

Há somente uma nação pela qual eu tentaria uma carreira, e uma candidatura. Mas não consta que alguém nessa tal 'República da Cerveja' ande à procura de um primeiro-ministro.

sexta-feira, julho 18, 2008

Triângulo das Bermudas

Se uma árvore cai na floresta e ninguém vê, será que caiu mesmo?

E se alguém foi a Bora-Bora, e eu me estou positivamente borrifando - será que foi mesmo?

A nossa indiferença é o triângulo das Bermudas da vida dos outros. Pode fazer desaparecer, como se nada fosse, a mais entusiasmante viagem.

quinta-feira, julho 17, 2008

Síndrome Choldríco

De súbito, reparo que tendo a ser mais crítico com o país (condição fundamental da portugalidade), com os modos e as pessoas, antes de almoço. Depois de almoço parece tudo mais suportável. É como se o 'choldrismo' atacasse pela manhã, fosse pré-prandial. Terapia: tomar 2 Patriotex Rapid ao pequeno-almoço. Se a coisa piorar, fazer 1,143 mg de Lusitanol ao deitar.

Ou então ler. Também resulta.

quarta-feira, julho 16, 2008

'Maskéstamerda???'- Requiem Pela Barbárie

O meu espírito obsessivo joga mal com o temperamento da maior parte das pessoas. Repetidamente, vou confirmar pequenas informações, do género de datas, horas, etc, minudências que fazem a diferença no calendário e na planificação. Primeiro, porque sou cronicamente distraído. Depois porque tantas, tantas vezes têm sido alteradas ao bel-prazer de alguém (que nunca eu).

Ainda assim, sou recebido com a resposta muda de que tudo aquilo são coisas que estão disponíveis algures, que não mudam nunca, que eu devia saber, o tal 'tinha a obrigação'. E isto mesmo de pessoas a quem pago serviços, quer dizer, não só naquele favor 'à la função pública'. Pois se busco somente a confirmação?...

'Que frete'. 'Este indivíduo pesadíssimo outra vez... oh não.' Então... então mas eu não estou no meu direito? Tenho que assistir à volatilidade da organização a que pertenço sem poder, ao menos, precaver-me contra ela? Isto é demais. Mas enfim, o que é que não é demais nestes tempos?

Ah, que saudades do homem do Campo, abruptamente entrando pela Civilização lisboeta adentro, vociferando os seus 'raistapartam' e 'maskéstamerda???'... Já não há poesia assim.

Direito a Ser Traste (Silly Season)

Uma das coisas recorrentes ouvir em mulheres, e mulheres atraentes, é um lamento, a certo ponto, dos seus 'erros' com os homens. Pode ser uma coisa mais íntima, e secreta (que até não é abertamente assumido) ou mais bem um tema de conversa repetido, auto-flagelante, martirizante. Os homens por quem elas se deixaram enganar, que elas nunca pensaram ser assim, que as desiludiram. E eu oiço tudo sem pio, claro. Serei o amigo certo, que não se mete nessas coisas. Serei?

É que, caramba, tenho que pensar: mas que homens são esses? É que eu gostava de ter mais mulheres a errar comigo, a desiludirem-se comigo. Não acho a coisa bem, honestamente. Então eu não tenho direito a ser chamado de 'traste'? A ser mal-dito nas minhas costas no discurso entre elas? A maledicência quando nasce deve ser para todos, minhas amigas. Até vou deixar aqui uma crítica predilecta, para servir de inspiração: "O Pedro é bom na cama, sim, mas como pessoa... ui!". Porque não? Não se riam, se faz favor. Não se riam. Assim estragam tudo.

segunda-feira, julho 14, 2008

Tiros no Escuro

Um dos inusitados problemas de estar no Campo, à noite, é que, ao ouvir algures tiros na noite, e fora da época, não sabemos nunca ao que é tal coisa. E não deve ser coisa boa.

Embora, valha a verdade, a televisão mostre que, pela Cidade, a coisa não anda muito diferente...

Ética do Trabalho

É engraçado reparar - para quem conheceu outro país - como chegámos a um paradigma, como sociedade, em que as pessoas vivem o trabalho demasiado. Criticam de sobremaneira quem não trabalha, fazem sacrifícios pessoais que julgam imensos (e eu não o estou a negar) pelo seu trabalho, pensam no trabalho.

Mas, na realidade, se formos ao pormenor, as pessoas até trabalham, na sua maioria, menos que os seus antepassados. E, sobretudo, têm muito menor prazer naquilo que fazem. O trabalho tornou-se maquinal, mero ganha-pão, fonte do precioso dinheiro.

A questão essencial é que aumentaram exponencialmente as opções do não-trabalho, do lazer. É verdade que já antes quem não queria trabalhar se divertia, e a frase de "***** e vinho verde" (passe a obscenidade) vem de longe, muito longe. A questão é que as pessoas têm muito mais vidas de sonho que não estão a viver.

Não é só uma questão de jogar à bola, andar no engate, comer e beber até não poder mais. É ser isto ou aquilo profissional e socialmente (a tal ansiedade do 'status'), viver algures, ir àqueles sítios, conhecer aquelas pessoas, ter aquelas experiências.

Há demasiadas vidas oníricas que passam ao lado. E isso gera frustração. A frustração torna o trabalho mais maquinal, mera fonte do dinheiro, que permite a bissectriz a essas vidas de sonho. E assim o trabalho perde realização pessoal e, claro, perde qualidade. Ninguém ama mais aquilo que faz, antes o tolera para perseguir aquilo que ama, ou que pensa que ama.

Uncanny

E, de repente, vejo o que parece ser o Paulo Madeira, na televisão a interpelar em francês, e num estilo 'cocky', o embaixador francês em Portugal sobre a libertação de Ingrid Betancourt. Que estranho, penso comigo. Mas, bom, o Humberto Coelho também se casou com uma francesa... Olha para a cultura destes centrais do Benfica, hã?... Sim senhor. E logo o Paulo Madeira. Mas espera, não pode ser. Ah, afinal foi só o Nuno Rogeiro que cortou o cabelo. Uncanny resemblance...

Carácter Garúpeo (It Wasn't Me)

Eis-nos, portanto, no Verão. Subcutâneas, todas as folias e pequenas parvoíces. Preguiças e iras mansas, sob o calor. Talvez por isso, nestas alturas, haja gente a publicar coisas nos seus blogs, que pareceriam dissonantes... ou talvez não. E, perante a desfeita, há somente duas hipóteses explicativas: ou a ousadia resulta, efectivamente, de uma folia estival, como tantos têm, de um sobressalto irritado pela falta de uma sesta, que o sol exige, ou... é feita com toda a intenção, a coberto dessa complacência. "Olha só para isto... Bom, deve ser da silly-season".





Mudando agora para algo totalmente diferente, eis um estudo comparativo sobre a evolução do traseiro, ou do lado B, de Michelle Hunziker, há uns dias apresentada aos leitores do Generosità (rever aqui). A questão justifica-se porque Michelle foi a madrinha, emprestado a sua... presença ausente, a sua segunda pessoa, digamos, à marca de lingerie Roberta. Que mais tarde iria, justamente, recorrer ao forte carácter garúpeo (inventei agora) de Natalia Bush, que também passou pela nossa redacção (pois foi). Ei-la abaixo.



Ora bem, e estas doutas imagens parecem falar connosco, não? Há como que uma pergunta que delas emana. Deixem-me interpretar: "Sabem qual é a única coisa mais desavergonhada que este blogger? Os seus leitores fiéis".

Vemo-nos quando, depois desta, me salvar das malhas da Justiça (hum... será que a Justiça usa Roberta?...)

P.S.: Tenho a alegar em minha defesa o seguinte: 'It wasn't me'. Alguém anda a usar o meu nome, e a abusar da minha excelsa reputação intelectual, para publicar neste blog posts que vão em contra de tudo aquilo que eu não gosto.

domingo, julho 13, 2008

Non Mollare Mai/O Nome e a Coisa

É para mim verdadeiramente difícil responder a um elogio assim, por parte do PGuerra. A verdade é que me tenho habituado a escrever no blog para praticamente ninguém, e não tenho feedback algum. Até vivo bem com essa realidade. É como se cada post fosse um pouco uma mensagem numa garrafa vazia, que eu atiro para o Pacífico.

Às vezes, por isso, se cria uma grande distância entre o que está escrito, a 'persona' que daí se intui, e aquela que se encontra pelos dias. Daí eu ter sempre avisado que não respondo, no mundo físico, por aquilo que está publicado no espaço virtual.

A minha preserverança no blog, contudo, nada tem de monástica. Aliás, quem ler os posts da série 'Pecado Original' perceberá que eu tenho, realmente, muito pouco de monástico (graças a Deus). A verdade é que sempre concebi ter neste blog um laboratório de escrita, um espaço de liberdade criativa, que me permitisse experimentar e e evoluir. Talvez, quem sabe, algo que eu sentia vedado no mundo físico. Eis porque, também, me reservo o direito de aqui escrever as coisas mais estapafúrdias, esquizofrénicas, mesmo obscenas. Eis porque me reservo o direito de aqui errar a meu bel-prazer.

Sempre tentei, contudo, resistir a usar o blog para o desporto favorito de quem escreve: dizer mal de outrém, destilar o veneno que se acumula pelos dias. Não é que eu não diga mal de outrém, não é que eu o nunca tenha feito ou não volte a fazer no blog. Não é que eu não tenha mais que razões. Mas este blog surgiu 'first and foremost' como um projecto artístico. E isso dá-lhe uma nobreza especial, que também não convém beliscar demasiado.

Embora tente colocar o que aqui escrevo com alguma marca de qualidade, não faço disso uma obsessão, porque o fim, neste caso, é infinitamente mais importante do que o meio. E essa é a razão por detrás da publicação de poesia e outros textos de cunho mais... pessoalmente comprometedores, que a maioria não tem a coragem de publicar, de arriscar a vergonha da condenação alheia.

Eis-nos chegados então à questão: sendo um escape criativo, o blog tem qualidade ou não? Não sei ao certo. Eu tenho orgulho nele. Acho-o divertido e refrescante, como sempre pretendi. Acho que pode ser provocador, no bom sentido. E isso basta-me.

E merece reconhecimento da blogosfera? Também não sei. Neste momento, dispenso esse reconhecimento. A blogosfera vive muito ensimesmada em questiúnculas de comadres, e pouco preocupada com a qualidade. Eu não me importo de continuar como até agora: por simples prazer e desporto, sem qualquer ganho ou reconhecimento. O que, claro, parece uma estupidez nos tempos que correm. Mas eu tenho os meus objectivos, as minhas próprias motivações.

Este blog nasceu há cerca de 2 anos atrás, pouco depois de eu ter assistido a uma conferência do Pacheco Pereira sobre blogs. E houve uma frase que ele nela proferiu que me ficou na memória:

"O que é bom, mais cedo ou mais tarde, chega ao 'mainstream'. Não tem sentido a ideia de que alguém está, secretamente, a fazer o melhor blog do mundo".

Hoje essa frase soa-me a um desafio: eu quero fazer, à margem do 'mainstream' o melhor blog do mundo. É uma espécie de teimosia pessoal, de provar errado um pioneiro, um especialista, uma referência.

Apesar dessa vontade, não sei já quanto tempo mais irá existir. Um blog vive da cadência com que é actulizado, para além, obviamente, da qualidade com que é actualizado. E talvez, no futuro próximo, não possa manter esta disciplina de publicação. Ou, quando não disciplina, necessidade.

É sempre assim feito um projecto: às vezes satisfaz-nos, outras exige-nos. Este blog é um projecto pequeno, não merece tanto elogio de obra feita. Mas é um projecto, ainda assim, e eu tenho tentado mantê-lo além das duas semanas de vida que normalmente teria. A princípio esperava mais posts dos meus colegas de blog. Mas também, por os conhecer bem, respeito os seus constrangimentos. E a ideia de fazer um blog de autor também não me aflige. O importante é mesmo fazer, é mesmo escrever.

A verdade é que gosto de pensar que não desisto nunca do que gosto realmente. Posso desistir daquilo que não gosto, onde só a obrigação me prende. Mas não daquilo que gosto. 'Non mollare mai'. Nem que chovam picaretas. E, recentemente, até têm chovido bastantes na minha vida.

Mas volto à premissa incial: é para mim difícil responder a tal elogio por parte do PGuerra. Já não me é, contudo, perceber porque é que o faz. E não estou a falar da minha qualidade pessoal. Pelo contrário, falo da dele. A pergunta que se deve fazer é: quantas pessoas da nossa idade, nesta sociedade voraz e egoísta têm a capacidade, a nobreza de espírito de assim elogiar? Poucas, muito poucas mesmo. O PGuerra é capaz de o fazer porque está acima da média, e é mais honesto com os outros que a média, como sempre foi. Eis aí a confirmação daquilo que eu sempre soube - que ele era o parceiro ideal para este blog. É que, perante uma noção do que é a realidade das coisas, há-os que guardam para si suas análises positivas, e há-os que as convertem em congratulação. No segundo grupo, a que pertence o PGuerra, estão as pessoas generosas. Pois é - que têm a virtude, e a coragem, da Generosidade. Vejam, pois, como ao fim de contas, o 'nome' bate certo com a 'coisa'.