sábado, outubro 20, 2007

Porreiro Pá!

Porreiro pá! Puto, esta cena da Europa é bué da simples. Eles gostam é de complicar tudo. Isto é só dares graxa aos gajos que eles concordam logo. Tanta m...., tanta m...., afinal chegámos cá e demos baile. Mesmo com os otários de sempre. Curtiste o meu discurso? Curtiste?

Eh pá, tava lindo, chaval - lindo. Puto, choca aí - hi 5!!

Os Meus Prazeres 16

"E... pode ser um UCAL s.f.f.". Leite com chocolate, só UCAL. No meu caso até, leite - só mesmo UCAL. Foi como a primeira cerveja. Foi um prazer distante, aquele sabor, naquele café, ao largo do meu colégio, de manha. Com torradas, deliciosas - a manteiga dos dois lados (essa descoberta fantástica).

Mas o leite UCAL continua o mesmo. As torradas já nem interessam. Aquela espuma cremosa, e o sabor guloso sao os mesmos. Abanar sempre a garrafa, para remover o chocolate depositado. O fluir do leite para compor o copo, inteiro. Consistência inconfundível: acomoda-se ao copo com primor. Deve ser bebido suavemente, controlando a gulodice, aumentando o prazer por mistura suave com a torrada. Ah, mas o sabor ainda é o mesmo.

A cada gole, pausado, todo o gosto sob a língua, toda a intensidade - a cada gole, a memória dessas manhas. Mais tarde entraríamos no colégio. Agora estávamos ali, a beber o tal leite (e o pecado era supremo, pois eu nem leite deveria beber - mas viver afinal é pecar), à cadência das tais torradas.

A manha lá fora estava fria, mais tarde ficaríamos sozinhos. Mais tarde começaríamos as aulas, esperavam-nos nossos amigos. Esperava-me um meu amigo. Limpava os dedos como podia aos toalhetes finos. Nunca ficavam bem limpos. E depois o leite lembrava, à digestao, o respeito devido. Mas o sabor, ah, o sabor.... Eu sempre adorei o sabor das coisas, o sabor da vida. E sempre detestei quem o nao tinha.

Vazo UCAL sobre o meu copo. As margens têm a marca cremosa, o cheiro sabe à manha, às minhas manhas. É a minha "madeleine" de Proust. Sinto o miúdo, vejo a mala, as paredes, o espírito de descoberta desses anos. Lembro-me, lembro-me tao bem. Deixar que os outros esqueçam, que se embriaguem em vinho-cinismo. Só vos peço que nao me chateiem. Eu abro o meu UCAL fresco, despeço-me dos meus pais, confiro a bola no saco e vou ter com os meus amigos, à porta do corredor. Até um dia o copo chegar ao fim.

Instantes Gélidos Sob o Calor

Óculos escuros, olhos escondidos. Andares reptilíneos. Noites escondidas. Planos escondidos. Chao, cantos sujos. Confortos, prazeres distentidos. Faces de prazeres distendidos. Cabelos pintados. Máscaras várias, só máscaras já. Grupos, grupóides. Fealdade. Caras bexigosas. Caras bexigosas com olhares predadores. Inocências assustadas. Discussoes caseiras longíquas. Suspiros, raivas, "que se f..." calados. Maquiavelismos calados. Líbidos quietas, olhando. Estáticos. Sempre nao sendo o primeiro. Sempre "deixa ver...". Carecas suspeitosas. Cigarros acendidos, fumo ostensivamente expulso. Corpos sem decoro sobre cadeiras de metal, no café. Olhando sem decoro outros corpos. Marcando. Fazendo contas. Fazendo planos. Botas pretas, revoltas góticas. "Flashes" de mulher feita, ostentaçao do "estou aqui, e nao te o direi se perguntares, mas gosto e quero, e faço". E botas - tloc, tloc, tloc sobre a calçada negra, irregular. E descontracçao, corpos relaxados, obtusos, em fato de treino. Cabelos loiros, mas a beleza perdida. A inocência perdida, a vergonha quase também. Pequenas pessoas, tratando do que só elas sabem, dos pormenores desagradáveis que só elas conhecem. À margem, rindo-se do "mainstream" e assim aceitando seu destino e seus jugos. Olhando só com sobressalto os raros que as conhecem. A cada passo o cinismo, a espera, o poder, o plano. Sem coragem, sem beleza, sem odor vital e inebriante pela manha. Só bruteza, só "todos sao assim", só espertezas vividas. Sem olhar mais alto, sem pensar no contínuo de suas vidas. Também algumas amigas, também alguns amigos. Por quanto tempo? Ah, a falta de inspiraçao. Se eles conhecessem o sopro de alma... Se eles olhassem nao só para si e seu jugo, mas acreditassem e confiassem. E amassem. E conseguissem. Como se pintariam de cores vivas até às nossas lágrimas seus dias, tao vazios e frios. Que eles nao contam os dias, nao sabem que sao frios, nem suspeitam que ainda têm lágrimas.

Nature vs. Nurture

Desço as escadas, aquelas escadas sempre tao concorridas, com tanta gente tao diferente de mim (e fico eu a ganhar...). Começa com um bizarro palco, envolvido o topo por três janelas do café, destilando barulho e fumo de cigarros.

Desço as escadas. Pelo meio de tanta gente-massa, uma senhora. Uma senhora loira, cabelo apanhado, vestindo-se de camisa branca, calças azuis. Provavelmente funcionária da universidade. Leva contra o peito, como uma criança, resmas de dossiers e pastas. Demasiado carregada, nao um exagero de esforço, mas ainda assim desconfortável.

Olho para ela e tenho momentos de hesitaçao. Intervenho, nao intervenho? "Desculpe, quer que a ajude com isso?". Tao simples. Uma senhora, demasiado carregada. A equaçao é tao simples. Porquê a hesitaçao? "Desculpe..." Como seria mesmo? "Desculpe..."

Mas perdeu-se o tempo. Ela ainda olhou para mim, nem sei porquê, mas de alguma forma o olhar persegue-me. Fiquei estático, demasiado pensativo, demasiado contraindo meus impulsos, meus melhores impulsos. E ela subiu, lá para cima. Carregada, trabalhando, sem exagero, mas desconfortável.

O miúdo de há 10 anos atrás nem hesitaria. Só teria vergonha de que os outros o vissem a ajudar, por ridículo que seja. Isso sempre. Mas acho que esse miúdo nao hesitaria.

Que complicadas, nossas vidas. Tudo porque a ingenuidade é trucidada. É trucidado o respeito absoluto pelas mulheres pelas próprias mulheres. É trucidada a noçao de dever e postura pelos outros homens. É trucidada a fé na Justiça pela sociedade como um todo.

Que pena. E nós que éramos para ser perfeitos.

António Cabrita, Milionário Desconhecido

À espera que passe o calor do sol baixo deste Outubro (? nao deveria ser Setembro?), e com ele os posts parvos e as piadas parvas.

" - Sabes como é que se chama o milionário português que fez enorme fortuna no estrangeiro e em Portugal é praticamente desconhecido?
- Nao... Mas o que é que ele criou?
- Diz que é uma empresa de computadores. Faz lembrar algo?
- Nao, acho que nao...
- Pois bem, o nome do senhor é António Cabrita. Vem de uma aldeia ali perto de Castelo Branco, e emigrou lá para fora muito cedo. Ainda antes do 25 de Abril.
- Nao, nao conheço mesmo.
- Mas talvez conheças a empresa que ele criou.
- Como é que se chama?
- Bom, sabes que ele sempre foi muito ligado às suas origens, nunca esqueceu a aldeia natal. Mesmo no nome da sua empresa. Na sua aldeia chamavam-lhe, em vez de António Cabrita, por uma alcunha, que lhe era bastante querida.
- E qual era?
- Tó Chiba."

quarta-feira, outubro 17, 2007

Più Bella Cosa Non C'è (Até Amanha)

Uma das coisas boas do meu curso, nao sei se por ser de Ciências Farmacêuticas, se por ser na Lusófona... Esperem, antes que continue. Falo de gente gira, declaro-o já. A Lusófona tem fama de ser local de gente gira e burra? É o estereótipo. Se o desconhecido com quem falo está de bom humor, entao "nao é bem assim - há de tudo". Se nao está, parte dessa premissa e esconde o desprezo como pode.

Bom, mas suponhamos que é. Há gente gira na Lusófona, é um facto. Mas também há gente (a maioria) aviltantemente normal e desconcertantemente... feia. Soubessem eles escrever em blogs, ninguém o notaria.

Mas vamos ceder ao estereótipo. Há gente gira na Lusófona. Vamos "narrow down" ao que interessa: há miúdas giras na Lusófona (e por toda a parte - mais bela praga nao conheço). E, sendo Ciências Farmacêuticas um curso maioritariamente feminino (pautado por alguns apreciadores de beleza feminina, alguns efeminados, e pobres normais que pensam sabe Deus em quê), a coincidência nao podia dar noutro resultado. Pois é - o meu curso tem algumas miúdas bastante giras.

Só há uma coisa mais irritante que essa beleza desconhecida a tantos. É ser desconhecida a mim. Porque sou uma série de coisas, nao sou uma série de coisas, nao sei fazer uma série de coisas, e recuso-me a fazer uma série de coisas. Assim de específico.

Nao é algo que me apoquente por aí além. É óbvio que o que é óbvio é óbvio. Mas também tenho (deve ser o último, com um amigo mais perto deste texto que o que parece) genuíno apreço pelas mulheres enquanto seres humanos. Gosto de falar com mulheres. Gosto da atençao que algumas (sim, algumas - mas mais algumas que alguns) prestam à inteligência, cultura, conversaçao, sensibilidade e educaçao. Fora de moda? As modas voltam.

Bom, mas por genuíno apreço pode-se ler também curiosidade por conhecê-las - sim, só mesmo conhecê-las. Fazer a triagem além do "look". Mas é difícil, reconheça-se. Quando num curso assim alguém espirra, ouvem-se dezenas de "santinho". "Obrigado..."

Mas, volto ao início, essa conjunçao de, bom - de mulheres, cria situaçoes engraçadas. Uma delas é que estou sempre a ver a "mais gira do curso". Descontemos o meu ano, há quatro mais. Ainda hoje pensava para comigo como é possível que X seja assim tao, sei lá, tao inebriante, intensa. Eis quando entra pelo café adentro Y, e eu e o outro amigo quase caindo ao chao. Mas... como é que isto é possível? "Mais gira do curso" digo, esquecendo X. "É, nem há dúvida. É muita gira.", confirma o meu amigo.

A crueldade da história é que este vosse espantado cronista nao usa X ou Y para protecçao de privacidade. Ele nao sabe mesmo o nome de X, nem de Y. Nem da "mais gira do curso" a entrar pelo café amanha.

Epifania

A epifania, como uma tempestade de revelaçao que surge por entre o mar tranquilo, é talvez um dos meus prazeres, porque nao?

Como funciona a epifania? Quem me dera saber. Mas sei mais ou menos a sequência dos eventos. Ainda hoje tive uma (ou entao ainda nao curei a constipaçao):

De repente tudo passa a fazer sentido, todas as frases guardadas se ligam. Nao, nao há falha possível... Já fiz o teste várias vezes... Por isso dizia que, por isso tinha aquela postura, aquela opiniao. Por isso... Muitos anos a ler Christie, Holmes sabido de cor, mas sobretudo Christie. Maior professora de natureza humana - "5 little pigs". Perante os nossos olhos estao os sinais, estao os sintomas. Nao que nao soubesse já de algo estranho, mas a certeza veio a seu tempo. Como trabalha sempre para nós o inconsciente, poderosíssimo... Nao, nao há falha possível. E eu que já tinha quase a certeza antes. Son of a bitch.

Busted.

Elementar, Meu Caro Watson

James Watson, co-descobridor da dupla hélice do DNA vai publicar um livro sob o título "Avoid Boring People And Other Lessons From A Life In Science". É algo que só alguém genial, e que rejubila com a sua genialidade pode dizer. Nao sei se Watson chega lá, atençao. Mas a bananeira, realmente, é tao alta e poderosa, que ele bem pode ser pedante até ao osso, finar-se a aturar todo o tipo de "burróides" e "aborrecidos" - enfim, pessoas que nao estejam na mesma "mudança metabólica" dele. Permite-se até a fazer consideraçoes sobre a menor inteligência da raça negra. Pretende publicidade para o livro, no mínimo. Elementar, meu caro Watson.

Duvido que sejam muitas, as pessoas como ele. Afinal, o desprezo nunca é esquecido - e pode um dia voltar-se contra quem despreza.

Mas enfim, o direito a ser anti-social, pertencendo embora à sociedade. Haverá melhor definiçao de felicidade humana?

segunda-feira, outubro 15, 2007

A Oferta e a Procura

Uma das coisas que constato no fluir dos dias é como se parecem as pessoas me termos de hábito, de código de vestuário. O que leva a ser mais fácil identificar grupos, marginais, tendências. É verdade - a homogeneidade no estilo permite fazer uma contabilizaçao muito eficaz.

O que leva a outra percepçao. Pode ser que o meu habitat diário nao permita uma análise imparcial, mas eu constato um grande aumento, em relaçao, por exemplo, aos meus 16, 17 anos, de dois grupos em particular. E quais sao? Sim, dir-vos-ei quais a seguir, busco somente a melhor forma. Bom... vale mais ser directo (ou o mais directo possível). Pois bem, corrijam-me se estiver enganado, mas existem ou nao muito mais miúdas giras que antes? Com quantas raparigas de cabelo fantástico, estilo ligeiro e fresco, de feminilidade arrebatadora nao nos cruzamos na rua todos os dias? Nao sei explicar isto - mas nao reclamo (sou assim - um pacifista). Deve ser deste mundo de imagem - só as beneficia. Ou da generalizaçao de roupa que elas sabem bem usar. Ou dos iogurtes. Ou das vitaminas? Melhoria do sistema de saúde? Ipods? Fox Life? Nao sei. Às tantas pode ser só em Lisboa, admito o viés.

Qual outro? Ah, pois, o outro. Bom, nao me digam que também nao reparam no aumento do número de... gays. Desculpem, todo o respeito e tal, mas é isso. E digo mesmo entre a juventude. Felizmente para os compensar, aparecem cada vez mais burgessos-barba-rija. Como dizia Newton, é a acçao e a reacçao. Embora note esse incremento, nao pretendo sugerir as causas. Agora, eles sao mais do que antes, claramente.

Só há aqui um pormenor que me intriga. Entao, se há mais raparigas giras e mais gays surge, claramente, um problema económico. É que, simplesmente, sao dois grupos à procura do mesmo. Quer dizer, há demasiada procura para a oferta disponível. Mas enfim, sao dois grupos que supostamente se dao tao bem, eles lá saberao resolver essa escassez.

A nao ser que o segundo grupo pretenda somente buscar amizades entre membros. Acho isso muito mais correcto. O mero pensamento de que pretendam expandir amizades para o primeiro mercado é, no mínimo, perturbador (perdoar a nao-sei-quê-fobia).

De qualquer forma, fico sem saber qual o meu valor em bolsa. Se nao estou disponível para o segundo mercado, e ainda sou pouco requisitado pelo primeiro, devo ter muito valor escondido. Mas de onde vem esse riso?... Juro que nao percebo. É, eu já ouvi isso antes. Leiam este post s.f.f..

Nao... isto quer é marketing, distribuiçao de dividendos, "mergers and aquisitions"! O problema é que, com raparigas, mesmo que o nosso papel tenha, por circunstâncias de mercado bizarras, alto valor, somos sempre nós que temos de fazer as OPAs. Bem pode vir um "crash" que a coisa nao muda. E, de certa forma, ainda bem.

Da Riqueza

"É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus". Vem na Bíblia, a célebre frase. Para o catolicismo a riqueza nao é um fim em si mesma - tal como, por exemplo, o sexo nao é um fim em si mesmo. Mas isso terá a ver com a concepçao de prazer humano, fica para outro post.

Aquilo que realmente importa perceber, agora que as nossas vidas estao plenas de "economês" é que, como dizia o camarada Xiaoping, "enriquecer é glorioso". Mas nao exactamente no sentido em que ele pregava. É que eu acho que, efectivamente, a vida das pessoas é mais estimulante se se puderem levantar a pensar que vao enriquecer. Que vao ganhar dinheiro, sim, é verdade. Mas na juventude a "riqueza" é um conceito mais amplo. Podemos enriquecer conhecendo pessoas especiais, além da mediocridade. Enriquecemos ao contactar com inteligência, delicadeza - seguramente. Ou vivendo amores (ou paixoes) com parceiros atraentes para nós (efectivamente, uma mina de ouro). Ou superando desafios. Ou acumulando preciosa experiência de vida. Mas enriquecendo sempre.

Pessoalmente, acho perigoso ver jovens com uma absoluta entrega à pobreza. Em todas essas vertentes. Jovens que nao têm curiosidade, que prescindem dos seus dotes e vontades. A via da pobreza - de achar que estao sozinhos, de que nunca conseguirao nada, de que nunca estarao com quem e onde querem estar - é perigosa. Sem riqueza nao há ilusao, sem ilusao nao há criatividade e esforço. Sem criatividade e esforço, nao há Civilizaçao, nao há futuro. É assim de simples. O mundo de pobreza crónica e aceite é muito desagradável - nao conhece regras de sociedade, e nao conhece descanso. Faltam, realmente, exemplos a jusante para "puxar", para motivar essa procura.

A riqueza pessoal (volto a lembrar, nas suas várias vertentes) é importante para a serenidade na juventude. Talvez em qualquer idade. A diferença é que, com os anos, "riqueza" torna-se efectivamente algo de material (o trabalho nao é já fácil ou novidade, e há filhos, quem sabe netos, a quem deixar esse património). Eu, enquanto puder, vou certamente tentar enriquecer - ser um milionário de juventude. Nao tenho já um mau pecúlio. Nao estou disposto a prescindir desse sonho. Nunca mais se pode ser milionário assim.

Melancómico

Já alguma vez tiveram aquela sensaçao de arriscar em algo que pensávamos querer tanto, mesmo tanto, por mais que nos custasse mantê-lo? Mesmo que tivéssemos de ceder caprichos e limar nossas arestas? E, às tantas, conseguimos transcerder-nos e chegar lá. Nem sequer pensávamos ter em nós essa coragem. Deitámos à rua os métodos e as prudências de sempre. Mimetizámos os exemplos de sucesso de que nos lembramos. Tivemos o golpe de asa. Chegámos ao pouco mais de azul.

E depois? E depois deparamos a pensar nas novas responsabilidades e elos que tal conquista nos cria. E depois pensamos se nao teria sido mais inteligente fazer outra coisa, seguir o outro caminho. Aquela estrada como quem vai para Prudência, velhinha, sempre vai lá ter também. Já alguma vez vos aconteceu, sentir os pesos da indecisao, perceber que a vida no limbo de juventude é difícil?

Se me pagassem por situaçoes dessas, seria certamente a minha profissao. "Entao e o que é que faz na vida?" "Sou farmacêutico, literato amador e técnico do arrependimento. É verdade - tirei o curso" "Ah, estou a ver... Arrependimento? E isso tem saída?" "Nao. Nao me parece que tenha saída possível".

Excelente



Tão elucidativo.

domingo, outubro 14, 2007

Pecado Original 20 - Adenda

Detesto... Raios... Já nao me lembro do que ia dizer.





Such is the pleasure of Triumph.

A Era do Vazio

Aquilo que Sócrates nao percebe é o vazio que o seu governo cria. Há um vazio de liderança, desde logo - Sócrates é um alguém que olha nos olhos e se diz chamar José Aristóteles, com a maior impavidez. Há um vazio de estratégia futura - a gestao corrente é o mote. Há um vazio de solidez no Estado - a economia é gerida por contabilistas. Há um vazio na relaçao com os cidadaos - a "realpolitik" obriga a todas as mentiras. Há um vazio face à injustiça - passam-se crimes e indignidades sem um "é inadmissível" do Governo (separaçao de poderes, tudo certo, mas continuo). Há um vazio de personalidades, de brilho pessoal, quem sabe com a excepçao de Luís Amado. E, depois, como seria de esperar, há um natural vazio de resultados.

O que Sócrates nao percebe é que a natureza tem um enorme horror ao vazio. Como disse um dia o seu homónimo grego "Lembra-te de que nao há nada estável em assuntos humanos".

Diz Que é Classe

Fabregas, catalao em Londres, diz que a equipa do Arsenal agora ganha porque Henry partiu. Resposta de Henry, francês na Catalunha: "estou de acordo". A ler aqui.

A elegância nao se ensina, Cesc. Mas todos a reconhecem à distância.

O Factor C

Aquilo que, na eventualidade de Menezes poder ganhar o país, seria determinante no resultado, e, mais tarde, numa acçao governativa, seria o factor Cavaco.

Cavaco nao deve simpatizar muito com Menezes, mas o curioso é que eu acho que tal é bom para ele. Menezes pode juntar todos para formar governo, mas nao deve juntar Cavaco, só colaborar. O PR tem que ser sempre algo de contrapoder do PM, faz parte da arquitectura do nosso sistema. Se Menezes tivesse a hipótese de ganhar, eu acho que ele bem dispensaria um apoio assumido (que de qualquer forma nunca acontecerá) de Cavaco. Podem existir governos PSD, maiorias até (estamos no domínio das possibilidades), mas o país precisa também de uma vávula de escape no sentido contrário.

De acordo com essa concepçao, Menezes, se Cavaco lhe continuar distante, até pode nem ser um mau candidato para o PSD.

Congregar

Muita atençao a dois pormenores fundamentais em Menezes, e relacionados entre si.

O primeiro é a sua acçao ecuménica no partido - uniao de todas as correntes, tentar chegar a todos os protagonistas. "Tabula rasa" sobre o passado no partido - o inimigo é outro, os desafios sao outros, o tempo que interessa é o futuro. Muitíssimo bem feito.

O segundo pormenor explica o primeiro. Só pode "perdoar" e congregar, limando arestas e arriscando em defeitos, quem é animado por fé. Nao digo necessáriamente religiosa, mas também nao me parece mitomania (à la Mourinho). Eu arriscaria numa genuína ideia de país. A fé, já se sabe, move montanhas e descobre caminhos que os outros nao conseguem distinguir. O problema é que também pode cegar um homem.

Temporada de Caça

Uma coisa está clara com Menezes, algo vital para uma parte do PSD. Feito o esforço de uniao, começa o combate a sério. Menezes fá-lo-á mais no plano institucional, mais presente a responsabilidade e obrigaçao. Mas sem "sair de cima". Agora tem consigo muito bons atiradores, que vao caçar, respaldados, todo o PS que nos últimos tempos andou a "fartar vilanagem". Todo o PS que aparecia a castigar sem critério, a criar um clima de terror miudinho, todo o PS "caché" de alguns affaires pouco edificantes. Acabou a "mama" da maioria absoluta - fica aqui escrito.


Esse PS está alvoroçado - vai ser acossado e sabe-o. Fez muito bem Menezes, nesta entrada ecuménica, em acomodar o passado de Barroso e Santana. É de Guterres e Sócrates que falará - que Sócrates nunca cumpriu ser diferente de Guterres, feitas as contas. Vai ser construída pressao agora, em crescendo - e irao surgir rixas. Os "big brothers" vao entar na liça. Esse factor psicológico de caça e de luta é muito importante para o PSD, em termos osrgânicos - mais propriamente, para o baixo PSD. É que, repare-se bem, o "Zé PSD" nao se diz de esquerda ou direita, nao se diz estatista ou liberal, nao se define em termos ortodoxos. O que ele diz, com absoluta convicçao, é que nao é "chucha" - socialista. Essa definiçao pela negativa é muito importante em certa classe média que forma o partido. E é muito importante para abrir caminho ao melhor do partido, aos "José PSD", bons quadros, esclarecidos, que esses sim, se definem pela positiva. Esses sim, serao exemplo em termos de trabalho e postura para os demais portugueses.

Pessoalmente, estou em pulgas para assistir a esta temporada de caça. É, eu sou, provavelmente, um dos tais "Zé PSD" - adoro o espectáculo de andar atrás dos que andam mesmo a pedí-las. "What goes around, comes around". Só por isso, só pela diferença com o amorfismo e o franzir de sobrancelha de Mendes, já vale a pena a vitória de Menezes, para mim. É verdade, começo a ficar convencido. Com o meu espírito de reserva (há quem lhe chame horror ao compromisso), mas convencido.

Está na hora de acabar com um espírito de frieza, de silêncios tímidos, de melhor-nao-que-nunca-se-sabe. Eles sao difíceis, atençao. Sao intelectualmente avançados, muito unidos, nao têm pudores e manejam como ninguém o pormenor. Sao escorregadios. Mas agora vao ser caçados sem perdao, cá em baixo. Lá em cima, falará Menezes do que realmente importa - das "policies". Cá em baixo os putos ainda se vao divertir com o "politics". E gostem ou nao, o PSD nao vive sem ambos.

You aint nothin but a hound dog
Cryin all the time.
You aint nothin but a hound dog
Cryin all the time.
Well, you aint never caught a rabbit
And you aint no friend of mine.

When they said you was high classed,
Well, that was just a lie.
When they said you was high classed,
Well, that was just a lie.
You aint never caught a rabbit
And you aint no friend of mine.


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