sábado, fevereiro 07, 2009

One Down, Two To Go

Despachado um exame, faltam os seguintes, mais puxadotes, para chegar à entrega da Primavera com a música certa.


Round 1: Obama

Estou muito feliz a ouvir tanta gente a dizer que Obama vai falhar porque são demasiadas expectativas - quanto mais depressa a maior parte não tiver expectativas, mais depressa ele vai vencer.

Do Generosità, desejos de maior sucesso, agora com o pacote de investimento aprovadinho e tudo. Bora lá.

Que é para eles, pouco a pouco, puderem (não) dizer que já se vê um Presidente, onde antes pensavam haver somente um polido 'Ghetto Superstar'.


Todos Réus

Já não sabia -
Bem -
A quem eu devia,
E quem
Me iria acusar,
Ou então ficaria
Sem me levantar,
Enquanto dormia
A viver sonhar.

Fora
Hão-de continuar
A rugir os céus -
Todos somos réus,
Todos, de acusar,
Quando a chuve acabe
Por fim de levar
As provas e sonhos,
Que havia a pagar.

Tudo enfim acaba,
Como o sono em mim,
E o jogo que jogava
Teve um tempo - teve um fim.

Pedro Oliveira

Bailon de Ouro

O meu jogador favorito, muito melhor do que Ronaldo a driblar toda a gente: Masal Bugduv. Ler a história deste fenómeno aqui.

Flocos Moles e Empapados

Diz que anda aí um novo filme: 'Milk'. Acho que é mais outra história de Hollywood sobre um 'cereal killer'.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

The Last Dough in Your Pocko

Há muito tempo - que me recorde - que eu não comprava um CD. Mais tipo dos livros. Pois bem, recorde quebrado: sei que parece 'estranha' à primeira vista, mas Lady GaGa mereceu. Pela sua postura artística, de grande honestidade, pela curiosidade, frescura, que tem a sua música.


São estranhos estes tempos, em que uma crise torna a compra de um CD uma extravagância. O dinheiro esvai-se como areia. Mas, tudo bem, neste caso tive que ceder à exortação de GaGa: 'Spend the last dough/In your pocko'. Just dance...



Versão H.D. (Hesgasssss... Diacho: isto quase que salta do ecrã...) - aqui.

Quentinho, ainda a fumegar, vai este CD direito para o Bloggermobile, para ser ouvido descaradamente antes que a música chegue às rádios portuguesas. Antes que seja um hit de Primavera/Verão, já este Zé Júlio a vai ouvindo (e o CD todo merece ser ouvido com atenção: para além de 'Just Dance', destaque para 'Eh, Eh (Nothing Else I Can Say)', 'Boys, Boys, Boys', ou 'I Like It Rough' - hei, a miúda é honesta, nada mais). Pronto para me fartar bem cedinho.

Ah, pois é.


Next Level

E assim, com o último exame, fica - esperemos - encerrado o primeiro capítulo, o mais espinhoso. Feito, o primeiro nível de Alemão.

Bora lá ao próximo.


segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Brb

Muito Generosità. Altura de fazer uma pequena pausa. Volto já.


Mai/Toujours

Nunca um wannabe,
Sempre um wannago, wannasee,
Wannaknow...

Pedro Oliveira

Wannabe, Wannago

O que é que queres ser na vida?

Porque é que temos que responder a essa pergunta? E se quisermos ser tanta coisa, amanhã estar em tantas lugares e conhecer tantas pessoas? Mesmo que se arrisque não sair do 'quero ser', do 'wannabe'?

Acho que, mais do que 'wannabe', eu sou um 'wannago'. Mais do que chateado por 'não ser', sinto-me chateado por (ainda, que sou optimista) 'não conhecer'.

Wannabe:





Wannago:

(...)

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!

(...)

in 'O Sentimento de um Ocidental', Cesário Verde (1855-1886)

[***]

"Viagem"

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

Miguel Torga (1907-1995)

domingo, fevereiro 01, 2009

O Sancho Barriga-de-Cerveja e o Dr. Quixote

Outro dos cromos portugueses favoritos é o nosso 'Sancho Pança'. Calma - dizes bem. Era espanhol, estás lá. Mas de certezinha que foi inspirado aqui em nós e a gente já não se lembra. Já se sabe como são os espanhóis. A gente forma um país, lá se lembram eles de fazer um também. Vai a gente feitos tontos pelos mares fora, e achamos meio mundo, pois seguem eles a mesma ideia. Fizemos o 25 de Abril, com toda a confusão, pois... lá foram eles inteligentes o suficiente para não repetir os nossos erros. Vá lá.

Mas servimos muita vez de ensaio para eles, e a coisa não vale. Por isso digo que, com toda a probabilidade, o D. Quixote e o Sancho Pança podiam ter sido portugueses, ou o Cervantes ter copiado o 'Livro das Aventuras Mui Curiosas, Da Galanteria e Dos Amores de D. Afonso Quintano, Fidalgo da Pernancha (E Seu Fiel Escudeiro Sancho Bragança)', escrito por Miguel de Abrantes, e lamentavelmente perdido num incêndio, por volta do séc. XV.

O certo é que não falta por aí um ou outro 'Sancho Pança', versão tuga. É um 'fura-vidas', um 'Zé Pequeno' (não confundir com o 'Zé Piqueno' da 'Cidade de Deus'), doutorado na ratice e na manha. É a modos que um encantador de serpentes. Anda aí a flanar no mundo da gente grande e preocupada, indo buscar 'o seu', a sua vitoriazinha, a sua satisfaçãozinha, de que os outros não sabem, e que, quando muito, partilha somente, com os seus companheiros de profissão, escudeiros da cidade. É quando vão todos ao Casino de Lisboa que comparam as suas histórias de (fura-)vida.

Mas o Sancho de hoje - vamos chamar-lhe 'Sancho Barriga-de-Cerveja', na verdade, continua o mesmíssimo do 'Livro das Aventuras...' do Miguel de Abrantes. E na vida profissional, naturalmente, trabalha com um tal de Dr. Quixote.

O Dr. Quixote vem de boas famílias e tem gostos e exigências refinadas. Tem ambições que o Sancho não compreende bem - mas que também não é dele compreender, afinal. Basta dizer-lhe que sim, que uma Dulcineia é uma mulher de se morrer por ela (mesmo que morrer, consistindo tal em grande incómodo, seja algo que Sancho não faz por ninguém), e que é preciso sempre ir em frente carregar contra os inimigos (mesmo que ele saiba que os inimigos são moinhos de vento).

Mas - lá está. O Dr. Quixote não precisa de encontrar o que quer que seja. Ele precisa é de pensar que encontra. E por isso lá vai Sancho dando-lhe ânimo, a sua fidelidade. Confirma-o com muitos 'sim, senhor' e 'tem toda a razão', oferecendo as suas opiniões 'embora não saiba nada, ao contrário do Sr. Dr.', e que, regra geral, vão sempre no mesmo sentido das opiniões do Dr. Quixote - tal é a amizade que os une. E é justamente no interesse dessa amizade, de que se nutre o alto espírito de Dr. Quixote, quando fala sobre 'os gregos', ou sobre 'a Civilização', que Sancho procura preservar quando explica que terá sido, certamente, a Justina - mulher a dias - a levar o toucinho da arca para o marido, quando na realidade é Sancho que se 'abotoa' com ele, para as deliciosas pândegas antes da visita ao Casino de Lisboa.

Bem quer o Dr. Quixote saber do toucinho. Ele passaria fome pela sua amada. Nem nota. No fundo, o Dr. Quixote pensa que Sancho 'nunca atingirá o seu nível mental', e Sancho pensa que o Dr. Quixote 'nunca sonhará que foi ele a surripar o toucinho'. Eis como uma amizade permite, de uma lado, um ego pleno, do outro, uma barriga cheia.

Não, esta é uma amizade forjada nos céus. Assim haja sempre, enquanto houver Portugal, para cada Dr. Quixote, um Sancho Barriga-de-Cerveja.

Não Se Meretrizem

E lá estava eu novamente no meu desporto favorito: o queixume. Queixo-me disto, queixo-me daquilo. E é o país, as circunstanciazinhas. Esta sina de um génio verdadeiramente amordaçado.

E é por isso que quem estava comigo usou logo a magia deste nosso Português: 'Ouve lá - não te meretrizes'.

'Eh pá, essa é boa. Posso pôr isso no blog?'.