sábado, setembro 29, 2007

Um Turista No Bairro Alto

Depois perguntam-me porque sou eu bicho de casa que nao gosta de sair.

Ontem, noite diferente do meu estilo. Jantar com amigos Erasmus da amiga italiana da minha irma que está cá por casa. Depois - Bairro Alto.

"Vou ou nao vou?". Eis a questao de um pantufa. Lá fui. Quando temos expectativas de encontrar pessoas interessantes e bonitas à nossa frente, e só nos vamos motivando com a frase de mestre Damiao de Goes: "A experiência é a madre de todas as coisas", andamos claramente a ler livros a mais.

Pessoalmente, escapa-me o encanto do Bairro Alto. Algumas belas figuras a roçar ombros com "mitras" de cabelo pintado e fato de treino, aventuras para passar pelos magotes de gente, o ar frio e puro da noite misturado com o de urina, sobre a calçada negra, disforme e traiçoeira. Vestem todos da mesma forma, falam da mesma forma, nao distingo nada de único, nada de original. É certo, alguns olhos lusos mais especiais, porque tudo valeria a pena, mas... e conhecê-los?

Uma rapariga de Madagáscar (imagine-se), uma francesa, espanhóis, espanholas, italianos, e os que serao alemaes-austríacos-polacos-nórdicos. E eu a olhar o céu, as paredes, a pensar que nao conheço a razao daquelas ruas terem aqueles nomes, nem sequer conheço os nomes. Talvez só à procura de uma certa portugalidade.

E pronto, lá se faz figura, lá se experimenta e lá se mistura.

E lá se vai embora. Que deveria ser uma tranquilidade.

Mas nao. Tocou a mim levar a amiga italiana. Sem problema, ela é muito simpática, damo-nos bem. Mas eis que começa a falar com outros dois italianos numa esquina. Enquanto dois rapazes negros bêbados escreviam eufóricos na parede do bar, eu esperava perante a sua conversa. Ela falava com um deles, o outro encostado à parede. A discussao era mastigada, muita parra, mas a certa altura evolui para algo mais grave, sobe o tom das vozes - há briga. Um "Ma come ti permeti?!", já borderline grito, deixa-me sobressaltado. Lá ouvia os "cazzo" para ali, "tu no mi conosci!" para acolá, via o gesticular e pensava... "Hum... ainda me meto numa bela alhada". O aborrecimento pela demora virou ansiedade disfarçada. Olhava o rapaz encostado, calado também e pensava: "bom, este ao menos é dos meus, está a ver se a coisa acaba". A coisa acabou depois de mais algumas injúrias imperceptíveis. Que alívio.

A rapariga desceu comigo a rua, irada e a chorar, e cambaleando do álcool, dando-me sólidos encontroes. Eu, de costas doridas por ter levado uns sapatos-vê-se-mesmo-que-este-gajo-nao-sai-de-casa, claro, tive de ouvir a história toda.

Parece que o primeiro rapaz era amigo do segundo e estava a defendê-lo veementemente por a minha amiga se ter negado, depois de ter dito que ia partilhar casa com ele. Parece (confirmo) que usou termos pouco gentis, e lhe faltou ao respeito. Parece que ele nao percebeu nada da situaçao, nao sabia que ela estava connosco uns dias. Parece que começou logo a puxar pelo "divide" Nord-Sud, acusando-a de snob. Parece-me que nunca mais uso estes sapatos.

Tive pena dela também. Estava muito perturbada - nao percebia porque era hostilizada por um compatriota em país estrangeiro, em onda de Erasmus. Disse-lhe, meio para acabar o tema, meio por análise sincera, para os esquecer em Lisboa. Se um pecou por intençao, o outro calado "defendido", que eu julgava estar solidário comigo, pecou por omissao. "Non parlare mai con nessuno di loro".

Fomos entao apanhar um táxi. Estávamos na fila tranquilos, quando ela sai para o meio da estrada para ir apanhar o táxi antes de este dar a volta e encontrar as pessoas da fila. E entao lembrei-me daquela absoluta verdade: "gli italiani non fanno la fila". Flachback para o meu pai a gritar com os "carabinieri" na praça antes do complexo da Basílica de Sao Pedro (eu ainda esmagado por tudo aquilo) porque as pessoas nao respeitavam a fila para os táxis.

Enquanto eu recordava isto, lá ia ela, e as reclamaçoes das pessoas fizeram-se ouvir. E agora? Tinha de ir com ela, mas detesto nao cumprir regras de civilidade. Como lhe impor isso? Tou tramado. Mas ela, por mero acaso, tinha uma certa razao: os táxis que passavam em sentido contrário nao podiam dar a volta e vir ter connosco. Questoes de estradas e voltas alfacinhas. Donde, nao era realmente os táxis da fila de espera que estávamos a "roubar". Com esta intelectualizaçao da coisa já me safo da minha consciência. E do meu perfeito embaraço, atrás dela, a apanhar um táxi na minha cidade. Um atado total, nao fosse o facto consolador de nao ser Lisboa, nem nenhuma outra, a minha "cidade". Nao sou daí.

Na vinda tento fazer conversa com o taxista. Tipo novo, vou à frente com ele. Carros? Ok, temos tema. Futebol? Nao? Estranho... Música house no táxi? E eu que me consegui livrar disso toda a noite... Ainda mais estranho. Mas falando. Boa noite e bom trabalho. Aperto de mao, olhar de alguma surpresa. Nada como o taxista velhote com que fui para lá, discorrendo alegremente ele sobre o seu Porto, eu sobre o meu Sporting.

Mais uma noite, mais um "feito" na minha lista de "E se eu gosto disto? Devo experimentar ao menos uma vez". Ah, as aventuras de um "nerd" quase-escritor no mundo dos homens... Lá se fez.

Mas ainda me doem as costas. E o Menezes ganhou. Onde é que estao as minhas pantufas?

Saldo 0

Por acaso sempre desconfiei intuitivamente dessa subtil diferença. Agradeço ao Pacheco Pereira o douto (nao estou a ser irónico) esclarecimento.

E, no entanto, tendo perdido um pecado mortal, a preguiça, ganhei talvez outro - a acedia. E o que aconteceu na noite de ontem recorda-me isso mesmo. Talvez Menezes nao viva somente da acedia dos notáveis, talvez também da dos mais simples.

30º42'45,20''N,:Lisboa, Algures No Mundo

Jantar globalizado. Dois alemaes, dois italianos, uma polaca e dois portugueses. Num restaurante-tasca dos nossos algures para o Carmo.

O que eu acho verdadeiramente interessante é que esta geraçao parece-se muito, e anda toda à procura do mesmo. Experiência, trabalhar o menos possível, conhecer amigos e, claro, bastante sexo, algum amor. É o denominador comum, humano, de uma era em que as realidades nacionais nao fazem muito mais sentido. Em que todos têm acesso ao mesmo, e todos querem acelerar na "fast lane", nao se apercebendo sequer de como foram construídos os acessos.

Nao há muita perspectiva histórica ou educaçao no sentido clássico. A independência é sagrada, a exploraçao da vida um direito. O trabalho mero "modus vivendi". O discernimento e a noçao de qualidade - zero.

Pobres aqueles que, nao gostando dessa maneira de viver, ficam excluídos da cornucópia de maravilhas da vida, mais ainda da juventude. Sim, e também falo de mim, porquanto seja um excluído voluntário. Nao há grande espaço para a dúvida filosófica, para o pensar e olhar duas vezes - é tudo imediato, intuitivo, vertiginoso. Nao há espaço para a diferença. Quer dizer, há imenso espaço para a diferença individual, mas nao há muito espaço para quem gosta de correr a outras velocidades e tem outros horizontes em mente.

As lutas portentosas de egos que se travam sao, de onde eu estou sentado, engraçadas, desde que à distância. É o mundo que temos, e teria sempre de ser assim. Só tenho medo é que, às tantas, eles ainda comprometam esse mundo e venham chatear os marginais que nunca jogaram esse jogo. Porque essa coisa de Justiça e Coerência ao longo da vida sao mesmo os únicos idiomas, línguas mortas, que nao consegue esta geraçao aprender.

Diz-Me Com Quem Nao Andas

E chega para todos, uns mais cedo que outros, aquele dia. Aquele dia em que percebemos que, querendo realizar coisas na nossa vida, e querendo aproveitá-la, para mais tarde nos nao arrependermos, vamos perder algo.

A desdita começa no facto de nao gostarem todos de nós. Esse, realmente, é um problema difícil de enquadrar a princípio. É pena, realmente, que nao possamos estar bem com toda a gente. Nao somos estúpidos - na nossa mente o aviso: "Portugal é um país pequeno, toda a gente se cruza e recruza. What goes arround, comes arround". Na verdade, essa coisa de querermos estar bem com todos tem bastante de egoísta e defensivo. Alguém tem que ficar a perder. Esperemos que nao os mais importantes - pais, amigos antigos, etc. E, já agora, esperemos que também nao fiquemos sem todos.

É uma etapa para a maioridade ter inimigos. Eu acho que os nao tenho - considero-me ainda muito infantil nesse aspecto. Mas com o tempo tenho vindo a constatar que, pelo menos em Lisboa, toda a gente se dá mal com alguma pessoa. Um rancor secreto, recalcado, um fingir-que-nao-se-vê, um por-aí-nao-que-o-encontro.

O Tempo e a vida dao voltas, tudo se esquece e quase tudo se perdoa. Suponho que nao há mal nenhum em ter inimigos - convém somente serem os certos. E, se calhar, até nos podemos definir nestes dias mais por eles do que pelos nossos amigos. Diz-me com quem nao andas, dir-te-ei quem és.

Menezes

A grande conclusao a retirar do advento das directas no PSD é que foram elas que permitiram a vitória de Menezes. Verdadeiramente, nao há outra explicaçao possível. Apoiando-se no vazio de ideias de Mendes, e no seu estilo algo amorfo (na política, no PSD, nao basta postura, meu caro, sao precisos ideias e mesmo alguma genuína emoçao) angariou sabiamente os retalhos do aparelho.

Volto a dizê-lo, sei que parece simplista - foi o aparelho do PSD que ganhou esta eleiçao. É certo que Menezes tem capacidade de agitar os descontentes com Mendes, mas foram os aparatchicks que gravitam sobre as secçoes que convenceram outros e fizeram campanha. Quem se lembra de ideias realmente diferentes? Quem vê tal aurora de novidade em Menezes? Quem é tao vingativo que despreze o país por causa de Lisboa? Nao, foi o aparelho, com um poder como nunca teve antes. E fica a questao se é mais fácil manipular delegados a congresso ou os militantes de cada secçao. Assusta-me pensar nas contrapartidas - nao há almoços grátis...

Como disse, e bem, o PGuerra, o partido só tem a perder com o modelo das directas. Quando as pessoas se desinteressam (e desinteressam-se nas directas) pode acontecer o pior. E depois, nao há democracias absolutas, seriam um desastre. Qual é aquela palavrinha que se segue a "democracia"?... Pois é - representativa.

Honestamente, gosto muito mais de alguma criatividade de Menezes do que da banalidade de Mendes. Para mais tem a legitimidade, que há que respeitar, de obra feita. Mas o problema é que ele evolui para o temperamental, e mesmo para o "missionário" da naçao. Isso é bastante perturbador. Tinha a esperança pessoal de que Mendes, com uma postura mais correcta para o PSD nacional, se "fizesse" mais tarde, rodeado das pessoas certas.

Menezes estará sempre a prazo. Primeiro porque deve benesses ao aparelho - teve consigo o pior PSD. Depois porque criticou a oposiçao de Marques Mendes, e a sua será também criticada sem perdao. O que irá entao acontecer naturalmente? A vitimizaçao, pois claro.

Como é dito neste blog, alguns baroes do PSD estavam à espera que Mendes saísse para agir. Agora vao ter de esperar muito mais. E o país, pode esperar sem desesperar?

sexta-feira, setembro 28, 2007

Congressos PSD

A propósito do post anterior, do PGuerra (saudado regresso!), nao resisito a sugerir a opiniao do Miguel Góis (Gato Fedorento), sobre os congressos do PSD.

Finalmente o Homem foi Grande



Santana esteve bem como eu nunca o tinha visto. A sic noticias foi o espelho da degradação da nossa imprensa televisiva. Finalmente alguém os põe na linha, só nunca esperei que fosse Santana a fazê-lo. Desta vez as desculpas esfarrapadas de Ricardo Costa não colaram. Saiu-se mal. Pode ser que aprenda.

PS:Perante o triste espectáculo que têm sido as directas do PSD, não me canso de recordar os congressos do passado. Que faltem fazem, que saudosas memórias de sextas e sábados acordado até tarde agarrado ao televisor... Aquilo sim era política em estado puro... isto que agora se vê (será que alguém vê?) é o definhar lentamente... tanta coisa só para terem a mania que são modernos... o modelo directas funcionou no PS porque as circunstâncias o ajudaram, quem conhce bem o PSD sabe que este modelo nunca funcionará. O partido só tem a perder.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Ele Há Coisas

3 amigos, sentados ao sol na relva de um jardim, depois de almoço. Tema de conversa: qual a melhor das meninas da Netcabo. "A da direita, claramente" diz X. "É, eu também prefiro essa. Mais malandreca", confessa Y. Ao que X contesta: "Achas? Pra mim mais malandreca é a do meio". "Eu acho que o X tem razao", diz o Z. "Pra mim mais malandreca é a do meio", repete X. "Essa é mais high-maintenance", terá pensado Y, sem no entanto se ter lembrado de dizer. Z olhava de novo para a foto deo jornal, mergulhado na análise.

A conversa ainda durou no remanso pós-pranial. Falou-se doutamente dos seus namorados ("É o gajo do morangos"), da sua hierarquia ("Ainda bem que gostamos de coisas diferentes"), recorreu-se perpicazmente a comparaçoes com raparigas conhecidas ("Alguma vez a V. é a terceira? Tás mas é maluco. Isso é ofensivo pra Teresinha"). Ah, e, claro, conhecemo-las pelo nome.

Aí estavam, se alguém sequer se desse ao trabalho de neles reparar, naquele ponto da cidade, do país, do mundo, do universo, das suas vidas, a discutir entusiasticamente. A discutir raparigas que nao conhecerao jamais, elaborando personalidades e saboreando belezas de fotos secas, retocadas com mestria por Photoshop, longe da realidade. Ah, mas como sabe docemente o sonho, a realidade tem sempre seus problemas.

Realmente, há coisas fantásticas. Fantasticamente parvas. Mas sabem bem, e a gente vai vivendo. Também delas é feita nossa vida.

Pecado Original 18

Bom, este nao vai requerer muita justificaçao. Basta ler o último post. Ainda assim, à 17ª vez, é a primeira repetiçao no Pecado Original. Mas convenhamos senhores... se lo merita veramente. Hoje o ícone por excelência da mulher meridional, eis Monica Bellucci, morena entre morenas.

Voo 279 Alitalia: Milao-Lisboa

Entao e nao avisam?? Raisparta, pah! Assim nao dá. Quer dizer, com o Dalai Lama, sim senhor, santidade e tudo isso, é um festival. Com a Monica Bellucci nem palavra. Tá mal. "Num explicam, num explicam, a malta irrita-se"*.

*d'après Zé Tó, personagem mítica do Boiao de Cultura, da "golden age" de Herman José

Vitória Moral

Criativo, Pedro Mexia. "Si non è vero, è bene trovato". Yet again.

Tentativa e Erro

Sempre que alguém me diz que receia fazer algo por vergonha, entenda-se vergonha de o nao fazer bem, lembro-me de mim. Mais exactamente lembro-me dessa miha característica e lembro-me de ter sido essa a razao porque começei este blog. Portugal tem problemas e virtudes. O maior problema, para a adolescência lusitana, é essa exigência intuitiva do ter-que-ser-perfeito-à-primeira.

Nao tem que ser perfeito à primeira. E os mais velhos que o reclamam esqueceram já (a memória é um bem escassíssimo...) as suas enormes inseguranças de outrora. Essa pressao é contraproducente - é a minha opiniao. Mesmo o meu pai me diz este nosso truísmo ridículo: um empresário com sucesso é idolatrado, um que falhe é massacrado. Nenhuma das posturas está correcta.

Por gostar de errar (e ter coragem para o fazer, passe a imodéstia) quis este blog, agora perto do seu primeiro aniversário. Por isso me orgulho dele. Nao tem que ser excelso, nao tem que ser state-of-the-art. Tem que me permitir expressar, tem que me permitir ensaiar, tem que conter os meus erros, as minhas oscilaçao, as minhas incoerências.

A vida, embora nao nos pareça, sobretudo nesta idade, é uma corrida de resistência, nao de velocidade. Ficam um dia para os compilarmos e deixarmos como legado aquilo que, ao longo de muito tempo, for o melhor de entre os nossos erros.

Facadas: Metafóricas e Reais

Alguém me diz: "Nao, nao estou a falar de facadas nas costas. Mesmo que eu te desse uma facada nas costas era para o teu bem". Rio-me do absurdo. Há continuaçao: "E eles ontem ali, os ciganos, tiveram um problema desses". Pergunto: "De facada nas costas?", retórica de exploraçao da resposta mais provável: "Nao, no peito".

Retorno

Digo a um amigo: "Acho X diferente, mais aberto e honesto". Responde-me ele: "Sim, ele anda finalmente a aperceber-se de que tem que escolher, que tem de decidir quem é o seu grupo, a sua gente". É bem verdade. E eu nao me tinha sequer lembrado disso. Mas se a mudança é, certamente, possível, há também algo de que nao nos devemos esquecer. Quando na vida encontramos dificuldades e nos tolda a depressao, a tendência humana é a de regressar, a de voltar atrás, e recuperar velhas companhias e velhos vícios. Verdadeiramente, "Old habits die hard". Sempre alguma precauçao, pois.

Os Últimos Sao Os Primeiros

Pequena nota, justificada, a um programa interessante: a Liga dos Últimos. Vale a pena ver, acreditem. Cheira a pelados sob a chuva em campo rodeado de floresta, e duas bancadas de cimento sujo. Cheira a país real. Sem medo: eu conheço-o bem, nao é por me perder nas intelectualidades que amo que alguma vez terei medo. É assim Portugal, e ainda bem. Melhor o nosso foleiro, acreditem, que o canalha e vil de muitos outros. Mas custa sempre acreditar...

De qualquer forma, uma chamada de atençao: gostar do foleiro é rirmo-nos com eles. Gozar do foleiro é rirmo-nos deles. E isso é ofensivo. E alguns reporteres do programa nao sao flor que se cheire, suspeito. Mas bom, estamos aqui para julgar o produto final, isso faremos.

Este video é demasiado bom, demasiado hilariante para nao ser visto. Só uma compilaçao, abarca sobretudo o mais heterodoxo, digamos, nao tanto a cadência de vida do Portugal de fora Lisboa e Porto que existe nos programas inteiros. É, claro, muito mais condensado, satírico e gozao. Resulta bem para a TV.

Deserto do Ceará? E segurar o quê na mao? Maldito tempo frio.


quarta-feira, setembro 26, 2007

Gatite Fedorenta Aguda

Shotor, a propósito do recomeço do House:

Multiculturalismo



"Corny"? Sublime? Passé? Enjoativo? Redentor? Gaélico? Céltico? Mítico? Depende. Depende da pessoa, do dia, da hora do dia, do tempo, da Idade, das idades. Depende.

Os Meus Prazeres 13

Parece que a cerveja foi inventada a cerca de 5000 anos. Na verdade, é de cerveja a mais velha receita conhecida, herança mesopotâmica. É, realmente, bastante simples conceber a sua invençao. Um pouco de cereais, água e deixar fermentar. Ingredientes simples de tempos idos.

Mas há algo de profundamente social, gregário, no beber cerveja. Beber cerveja com amigos depois de jogar à bola tem um sabor único, diverso daquele de bebida só. Nesse sentido, é uma bebida que realmente está na base da Civilizaçao, da criaçao da sociabilidade pacífica. Às vezes somos cegos para as coisas simples: quanto da Mesepotâmia enquanto sociedade sustentável nao começou exactamente com a abundância do pao, do mel e, arrisco alvitrar, da cerveja? Justamente, decorrendo do fim Convençamo-nos: a filosofia é um luxo de barriga cheia. O Código Hamurabi surgirá depois, nao antes da cerveja.

É também a única bebida alcoólica que consigo beber fora das refeiçoes. E só combina com determinados pratos, mais leves. Deve ser fresca, tirada correctamente, nao ter espuma a mais, e subir com graciosidade. É assim, também, uma bebida caprichosa. Tem os seus ditames e as suas liturgias. Se desobedecidas, nao nos concede senao miragem do seu verdadeiro sabor. As coisas mais belas desta vida têm seus ditames e limites. Saboreá-las dentro desses limites é um acto de sabedoria.

Depois de um almoço, justamente, com doce cerveja em dia quente (ainda distante do canon, e desculpa para almoço numa tasca duvidosa), com essenciais amigos, deixo aqui esta oraçao, gentil e inocentemente emprestada, e encontrada algures pela net.

Cerveja gelada que estais no bar
Aguardando a sexta-feira chegar
Venha a nós o copo cheio

Seja feita a nossa farra

Assim na sexta como no sábado

O gosto nosso de cada dia nos dai hoje
Perdoai as nossas bebedeiras
Assim como nós perdoamos
A quem nao tenha bebido
Nao nos deixeis cair no refrigerante
E livrai-nos da água.
Amen(...doins e fritos s.f.f.)

terça-feira, setembro 25, 2007

Miss Italia

Complimenti per la Silvia Battisti, la nuova miss Italia. Belissima, occhi azzuri veramente belli, molto carina, lo merita.

Silvia, ho tiffato per te, tutti tiffavamo per te da noi. Sei, con la Silvestrin dell'anno scorso, la seconda veneta che trovo bella fra le belle. Bisogna visitare il Veneto molto presto - sicuramente...

Tanti auguri Silvia, da Portogallo!



segunda-feira, setembro 24, 2007

Tempo Volta Para Trás

Bom, mas nao me esqueci de dar por goradas as minhas previsoes em relaçao ao Sporting, ao contrário de Benfica e Porto. Já estava a dar bastante margem, mas parece que Paulo Bento nao se apercebeu de como deitou a perder a única hipótese de pontos contra o Manchester. Porque o Sporting podia perfeitamente ter ganho o jogo, tivesse sido inteligente a estratégia do seu treinador. O Manchester nao jogou muito mais - jogou Ronaldo, que aproveitou os "mixed feelings" para relançar a sua época (gosto muito das desculpas, e até acredito na sua memória, mas que lhe deu jeito, deu - e eu, costumo dizer, nasci suspeitoso e morro desconfiado).

Nao faz qualquer sentido Moutinho na esquerda, como tem de ser equacionada a titularidade de Romagnoli e Izmailov. Yannick está cada vez mais próximo de nem chegar ao "puto deslumbrado". Com a sua vistosa loiraça e carrao, está já "puto acomodado" no clube. Inaceitável. Nao tem estatura para titularidade num jogo destes.

Nao tenho qualquer esperança contra a Roma, já o tinha dito. E o Dinamo mudou de treinador - a purga costuma ter efeito positivo. Vida muito, muito difícil para o Sporting. De tal forma que, pode-se já dizer, perdendo o próximo jogo, diz praticamente adeus à Champions. "It didn't have to be this way"...

Péssimo prognóstico para a prestaçao lusitana este ano.

Miss Itália: O Lado B

Consurso Miss Italia. Um histórico, a força da tradiçao num país que a preza como poucos. Desfilam as "ragazze italiane". Belissime tutte... postura fantástica, pernas perfeitas, belas faces e olhos magnéticos. Mas nao basta ao exigente júri, que decidiu que falta avaliar... o "lado B" (ver link aqui). Sim, o "fondoschiena". Nao perceberam? Ok, o "factor C". Ainda nao? O "culo", senhores - sim, o traseiro, essa obsessao meridional, latina.

Resposta das "ragazze": "Bom, ao menos falam de nós". Mesmo a amiga italiana da minha irma que está cá por casa uns dias acha a coisa perfeitamente normal.

E agora pergunto eu: como nao amar um país assim?... De todos os lados possíveis.