sexta-feira, novembro 24, 2006

Rajadas de Vento, Trombas de Água

Quando o Atlântico fala, ouvimos e calamos. Como sempre foi.

quinta-feira, novembro 23, 2006

E Recordar é Viver

A ler, hoje no Público, o artigo de Pacheco Pereira (suponho que em breve também no seu blog): "O labirinto solitário de Mário Sottomayor Cardia". Aliás, os seus artigos têm tido um nível excelente nos últimos tempos, talvez a provar que o Outono e Inverno sao as suas estaçoes, as estaçoes do homem-formiga, nunca as do homem-cigarra. Cito somente deste: "Ficarao para os seus amigos as recordaçoes do homem, um gesto, um acto, um escrito, um exemplo, uma pena, uma preocupaçao. Nestes tempos é o que fica. Nestes e nos outros." Há tanto de nós que só é nos outros...

Pecado Original 2

Angela Tuccia, a professoressa de desconcertantes olhos verdes, que desperta, no interessante L'eredità da Rai1, um genuíno desejo de aprender.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Les petits bonheurs de la vie

Passou despercebido...

Corriere della Sera: "Fatima, c'è un «quarto segreto» da rivelare"

Pequenos grandes actos de coragem

Ir ao Colombo em época de Natal e quando o Benfica joga em casa para a Champions.

terça-feira, novembro 21, 2006

Pecado Original 1


Monica Bellucci

segunda-feira, novembro 20, 2006

O Eterno Esquecimento

Folheio um livro branco lá em baixo, no escritório. Comprámo-lo há pouco tempo. “Fotobiografia de Ernesto Roma”. Descubro que aquele pequeno e sorridente homem, novel médico, fundou a APDP (Associação Protectora dos Diabéticos Pobres), em 1926. Foi a primeira associação de diabéticos do mundo. Ernesto Roma geriu-a habilmente, com o sentido de missão de quem se agita para aliviar o sofrimento dos mais carenciados. Fecho o livro, e, ainda olhando para a sua foto, tento enquadrar o facto de que a maior parte dos portugueses não ou viu nem ouvirá algum dia o seu nome. E não consigo.

Aqui e ali, em artigos, costumo ler referências à teoria do Eterno Retorno. Investiguei: a sua tese é a da natureza cíclica da História. A História seria doentiamente cíclica porque repetimos todas as situações e sentimentos humanos, desde os primórdios; os elementos basilares do ser humano não mudaram nem mudarão.

Embora algo nela soe fundamentalmente verdadeiro, acho que há mais no ser humano para além da sociedade do Antigo Testamento. A diferença individual, genética, e a evolução da sociedade são factores igualmente importantes que os nossos desejos primitivos. Mas reconheço que é para mim uma aventura tentar abordar esse tema, e tento registar apenas o essencial.

Concordo, sobretudo, que é demasiado humana a assumpção de que vamos ser algo que o mundo nunca viu, e ter mais coragem, mais inteligência do que os nossos antepassados. Pensamos neles (se chegarmos a pensar) mergulhados num profundo obscurantismo. Há um desrespeito generalizado pelo Passado, e nunca se pode compreender o que se não respeita. Só não sei se esse desrepeito é intrínseco à natureza humana, ou se estará antes relacionado com a evolução dos tempos.

Choca-me sobretudo o vil esquecimento da Medicina, e os esforços que os intérpretes dessa arte fizeram ao longo da História para que nós mais facilmente a pudéssemos esquecer. Damo-nos o luxo de viver em função do imediato, porque autênticos heróis devotaram a sua vida à anestesia, assépssia, vacinação, transplantação, etc. Quantas vezes nos lembramos do sofrimento humano evitado? Quantas vezes nos lembramos dos olhares de desespero e angústia, dos gritos e gemidos pela noite, da indignidade? Pois é. Longe da vista, longe do coração. E a vista lá se vai fixando naquele carro, naquela mulher, naquela oportunidade de enriquecer, naquela experiência ousada.

Não só esquecida, a Medicina tem vindo a ser instrumentalizada e mesmo traída pelos seus intérpretes. Simplesmente porque quem a pratica são... seres humanos. E como o mercado, mais do que o sonho, comanda a vida, nem se lhes é exigido que tenham uma cultura humana compatível com tão especial mester. Se a cirurgia plástica evolui mais que a cura para a malária e um cirurgião não o é sem um Porsche, é pena, mas é coisa humana.

Sempre achei que os verdadeiros médicos eram, como Ernesto Roma, príncipes do povo. Emergem pelo bem comum, e trabalham pela sua comunidade, sem maior prazer na vida que esse. São povo e não o são ao mesmo tempo. E o povo inequívoco também sempre lhes foi grato, e deles guardava memória.

Talvez esse povo já não exista. Ainda bem, porque isso significa, para usar a popular expressão, que subimos de vida. Agora já a podemos carregar de aspirações que nos elevam ou deprimem, consoante as cumpramos ou não. Mas talvez por já não haver esse povo, menos sejam aqueles que se lhe dedicam a vida. Podíamos ao menos lembrar os que o fizeram no passado.

Vox Popoli, Vox Dei: Piratage



Na aldeia, diz o bom Ti Jaquim: "Naquele tempo nao havia essa piratage que há praí agora, nao". Terá razao, ou todos vemos com benevolência o nosso passado?

Nota: por uma questao de rigor, referir somente que o bom do Ti Jaquim tinha já tomado um ou dois "comprimidos" (a que na gíria urbana nos referiríamos prosaicamente como "copos de vinho")

domingo, novembro 19, 2006

Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré*

No domingo passado morreu Fernando Caiado, aos 81 anos. Eu também nao conhecia o nome, mas soube depois que tinha sido adjunto de Bela Guttmann. Segundo José Augusto, terá sido um dos grandes responsáveis pela carreira desse Benfica mítico, porque impunha autoridade no balneário, cobrindo a retaguarda do técnico brasileiro. “É algo que nunca foi relevado, mas deve-se a ele, Caiado, grande parte dos êxitos do Benfica na década de 60, que culminaram com a conquista de dois títulos europeus. Dentro e fora do campo era com ele que os jogadores mais lidavam. Tinha um forte carácter, aplicava a disciplina com mão-de-ferro, mas foi dessa forma que o Benfica cresceu e se fez o grande clube que hoje é. Marcou um tempo”. Esses homens que tratam dos pequenos pormenores sao esquecidos com demasiada frequencia, até porque têm demasiada importancia.

Foi a enterrar segunda-feira no Porto, o seu caixao coberto com a bandeira do Boavista, clube em que também havia jogado. Do Benfica nao houve bandeira porque Sílvio Cervan, o seu enviado, dela se esqueceu... Pergunto eu: Quem é Vieira? Um presidente digno do Benfica ou um moralista de 3 vinténs, sem conteúdo que suporte as afirmaçoes chocantes que faz? Peço desculpa pelo ênfase da segunda opçao, eu nunca tive dúvidas... Bem pode ele exigir aos jogadores do Benfica que nao joguem como "rapazinhos". Tem autoridade moral para o fazer... Haja algum sócio benfiquista que se revolte, por favor! Já nem falo do Sporting, que acho melhor na gestao da sua memória, mas por quais dirigentes também me nao compremeto. Digo simplesmente que com Pinto da Costa nunca tal aconteceria. É bem verdade o ditado: "Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré".

*para os iluminados leitores da Sábado, sim, este é o título da crónica de Pacheco Pereira. O seu a seu dono.

As Boas-Vindas



Ao camarada Edu, a emprestar talento a este modesto blog.