Raios... o homem é um animal social, e eu nao resisto. Que me desculpem.
Tenho vindo a constatar que, no juízo de algumas pessoas que me conhecem, passo por "intelectual". Já tinha, aliás, escrito sobre isso.
Suponho que sejam os óculos, o físico de "nerdzito" (mas engano...), os dichotes diferentes, o diletantismo, a distraçao, tudo isso. Sinceramente, nao acho que seja intelectual (estava-se mesmo a ver, nao era?). Serei mais uma espécie de "nerd" de coisas a que ninguém liga e que dificilmente me garantirao emprego. E serei também um eterno curioso, um bibliófilo amador.
Mas nunca - nunca - desprezei ninguém que achasse menos culto (no sentido clássico, livresco, que a cultura é algo muito amplo). Nunca enjeitei experiências muito pouco "intelectuais". Nunca deixei de cultivar verdadeiros amigos acima de quaisquer livros que nao esteja a ler. Nunca deixei de ter valores a cumprir por muito que me custe.
Um intelectual tem um patamar de conhecimento muito, muito acima do meu, e de coisas bastante diferentes. Tem, muitas vezes, moralidades e hábitos que eu nao partilho. Tem responsabilidades que eu nao tenho (farmacêutico, lembram-se?), e dá importância a pessoas que eu encaixo bem na minha classificaçao, mas nao ligo demasiado.
Agora, gostar de pensar, certamente que gosto. Gostar de ler? Também. E escrever? Ainda mais. E sobretudo, gostar da mudança e do desafio. E saber distinguir pessoas por entre a mediocridade, mesmo tratando todos por igual? - também. E ter prazer em conhecê-las? - seguramente, até ao fim dos meus dias. Se ser intelectual é ter uma paixao ardente pela inteligência, entao renego o que escrevi acima. Guilty as charged.
Verdadeiramente, nao sou mais que alguém curioso por saber o que é uma sociedade, como funciona. Sinto-me nu (calma, eu vi esse franzir de olho, - volto a dizer que nao é um corpo intelectual) sem uma visao coerente do mundo, mínima que seja. Sem uma noçao, pequena embora, de história e de política. Quem foi antes de mim, quais as regras que se mantêm, quais as que mudaram. E tenho mesmo pena de quem nao ache isso apaixonante. Nas palavras do grande filósofo B.A. Baracus: "I pity the fool!".
Mas o que eu reparo é que a crítica de "intelectual" decorre bem mais de um certo modus vivendi estereotipado, mais que a capacidade intelectual. Parte, desde logo, de um desconhecimento de qualquer intelectual que seja, e de poucas obras intelectuais. De onde, em mim, na minha "persona" vem esse epíteto? Do atabalhoamento, da ingenuidade, do diletantismo mental. O vestir, o estar, o olhar, o beijar. Aí incide a classificaçao. E aí nao a permito.
Venho a constatar ao longo de tempo que a crítica de "intelectual" é feita justamente pelas pessoas que menos curiosidade intelectual têm. Nao é que sejam burras, de todo, - mas para pensar já basta o seu trabalho, ponto. Sao espertas. Querem aproveitar a sua vida, e bem. Só têm paciência para as suas obrigaçoes de trabalho - e mal. Andam pelos dias distantes e carrancudas, sem "compliance emocional". Mas o ser humano é tao bancário que até faz impressao. À noite vao-se buscar os créditos para aguentar os débitos sacados sobre a conta. Quantas folias nocturnas nao escondem dignidades diurnas? Nem lhe chamarei dignidade - é ofensivo para quem a cultiva. Melhor dito é sobranceria, distância. Tudo artificial, tao visível ao olho nu, se treinado, que nem acreditariam. Parece incrível, mas é possível ter um sentimento visceral, intuitivo, certeiro sobre todas as pessoas. Modéstia à parte, ainda nunca me enganei. Mas pode vir o dia.
Que me digam intelectual para me integrarem num grupo, eu retenho-me, mas até aceitarei. Agora que o façam para me julgar, sem cultura para o fazer, que estejam a ser mentirosos, porque sabem que eu nao partilho seus pecados, nem o farei, isso nao deixo. Eu sei perfeitamente aquilo que as pessoas sao, e aquilo de que andam atrás. Sei os estilos e matizes. Os vícios e as virtudes. E sei quando elas percebem que o sei. A palavra nao é "intelectual", aprendam de uma vez - é "culto". (E, já agora, procurem no Dicionário - essa coisa pesadota - "pedante" para me criticar).
Digo com a imodéstia de quem se sabe até pouco culto, mas mais culto que a média. E nem sequer me considero superior por isso. Sao as minhas "skills" na vida, valem o que valem. E às tantas, no mundo de hoje, valem bem pouco. Mas a beleza da coisa, realmente, é que eu nao as trocaria por nada.
E deparemo-nos em como anos e anos de banalizaçao deram numa inversao curiosa. Antigamente, no Campo, as pessoas ficavam estupefactas quando se lhes dizia "o Saber nao ocupa lugar", porque as pessoas cultas tinham que ter lugares cimeiros na sociedade. Tanto se combateu o racismo contra a ignorância, que se desenvolveu a perversidade de racismo contra cultura (dá-se a mao...). Eu nao acho que as pessoas com mais cultura mereçam o mais que seja em relaçao às outras. Mas nunca deixarei que sejam agora descriminadas. A estupidez e miséria humana têm limites, senhores!
Grandes, as liçoes da vida. Desta retiro que ter deixado de ser elitista (embora me considerando tudo menos "elite"), para acomodar pessoas com outras experiências, com algum custo e toda a educaçao, nao impede que elas nos traiam. Mas, enfim, eu já tinha lido isso algures...
Tenho vindo a constatar que, no juízo de algumas pessoas que me conhecem, passo por "intelectual". Já tinha, aliás, escrito sobre isso.
Suponho que sejam os óculos, o físico de "nerdzito" (mas engano...), os dichotes diferentes, o diletantismo, a distraçao, tudo isso. Sinceramente, nao acho que seja intelectual (estava-se mesmo a ver, nao era?). Serei mais uma espécie de "nerd" de coisas a que ninguém liga e que dificilmente me garantirao emprego. E serei também um eterno curioso, um bibliófilo amador.
Mas nunca - nunca - desprezei ninguém que achasse menos culto (no sentido clássico, livresco, que a cultura é algo muito amplo). Nunca enjeitei experiências muito pouco "intelectuais". Nunca deixei de cultivar verdadeiros amigos acima de quaisquer livros que nao esteja a ler. Nunca deixei de ter valores a cumprir por muito que me custe.
Um intelectual tem um patamar de conhecimento muito, muito acima do meu, e de coisas bastante diferentes. Tem, muitas vezes, moralidades e hábitos que eu nao partilho. Tem responsabilidades que eu nao tenho (farmacêutico, lembram-se?), e dá importância a pessoas que eu encaixo bem na minha classificaçao, mas nao ligo demasiado.
Agora, gostar de pensar, certamente que gosto. Gostar de ler? Também. E escrever? Ainda mais. E sobretudo, gostar da mudança e do desafio. E saber distinguir pessoas por entre a mediocridade, mesmo tratando todos por igual? - também. E ter prazer em conhecê-las? - seguramente, até ao fim dos meus dias. Se ser intelectual é ter uma paixao ardente pela inteligência, entao renego o que escrevi acima. Guilty as charged.
Verdadeiramente, nao sou mais que alguém curioso por saber o que é uma sociedade, como funciona. Sinto-me nu (calma, eu vi esse franzir de olho, - volto a dizer que nao é um corpo intelectual) sem uma visao coerente do mundo, mínima que seja. Sem uma noçao, pequena embora, de história e de política. Quem foi antes de mim, quais as regras que se mantêm, quais as que mudaram. E tenho mesmo pena de quem nao ache isso apaixonante. Nas palavras do grande filósofo B.A. Baracus: "I pity the fool!".
Mas o que eu reparo é que a crítica de "intelectual" decorre bem mais de um certo modus vivendi estereotipado, mais que a capacidade intelectual. Parte, desde logo, de um desconhecimento de qualquer intelectual que seja, e de poucas obras intelectuais. De onde, em mim, na minha "persona" vem esse epíteto? Do atabalhoamento, da ingenuidade, do diletantismo mental. O vestir, o estar, o olhar, o beijar. Aí incide a classificaçao. E aí nao a permito.
Venho a constatar ao longo de tempo que a crítica de "intelectual" é feita justamente pelas pessoas que menos curiosidade intelectual têm. Nao é que sejam burras, de todo, - mas para pensar já basta o seu trabalho, ponto. Sao espertas. Querem aproveitar a sua vida, e bem. Só têm paciência para as suas obrigaçoes de trabalho - e mal. Andam pelos dias distantes e carrancudas, sem "compliance emocional". Mas o ser humano é tao bancário que até faz impressao. À noite vao-se buscar os créditos para aguentar os débitos sacados sobre a conta. Quantas folias nocturnas nao escondem dignidades diurnas? Nem lhe chamarei dignidade - é ofensivo para quem a cultiva. Melhor dito é sobranceria, distância. Tudo artificial, tao visível ao olho nu, se treinado, que nem acreditariam. Parece incrível, mas é possível ter um sentimento visceral, intuitivo, certeiro sobre todas as pessoas. Modéstia à parte, ainda nunca me enganei. Mas pode vir o dia.
Que me digam intelectual para me integrarem num grupo, eu retenho-me, mas até aceitarei. Agora que o façam para me julgar, sem cultura para o fazer, que estejam a ser mentirosos, porque sabem que eu nao partilho seus pecados, nem o farei, isso nao deixo. Eu sei perfeitamente aquilo que as pessoas sao, e aquilo de que andam atrás. Sei os estilos e matizes. Os vícios e as virtudes. E sei quando elas percebem que o sei. A palavra nao é "intelectual", aprendam de uma vez - é "culto". (E, já agora, procurem no Dicionário - essa coisa pesadota - "pedante" para me criticar).
Digo com a imodéstia de quem se sabe até pouco culto, mas mais culto que a média. E nem sequer me considero superior por isso. Sao as minhas "skills" na vida, valem o que valem. E às tantas, no mundo de hoje, valem bem pouco. Mas a beleza da coisa, realmente, é que eu nao as trocaria por nada.
E deparemo-nos em como anos e anos de banalizaçao deram numa inversao curiosa. Antigamente, no Campo, as pessoas ficavam estupefactas quando se lhes dizia "o Saber nao ocupa lugar", porque as pessoas cultas tinham que ter lugares cimeiros na sociedade. Tanto se combateu o racismo contra a ignorância, que se desenvolveu a perversidade de racismo contra cultura (dá-se a mao...). Eu nao acho que as pessoas com mais cultura mereçam o mais que seja em relaçao às outras. Mas nunca deixarei que sejam agora descriminadas. A estupidez e miséria humana têm limites, senhores!
Grandes, as liçoes da vida. Desta retiro que ter deixado de ser elitista (embora me considerando tudo menos "elite"), para acomodar pessoas com outras experiências, com algum custo e toda a educaçao, nao impede que elas nos traiam. Mas, enfim, eu já tinha lido isso algures...