O grande problema da juventude, nao sei se da minha geraçao se de todas, é a sensaçao angustiante de finitude. Quer dizer, há o sentimento, claro, de que temos somente a janela de oportunidade de uns parcos anos antes da "canga" da vida laboral. Só agora para nos divertirmos, para desenvolver um talento artístico, para loucuras, para amizades, para conhecimentos a manter durante a vida. Só agora para experimentar vários amores, vários parceiros. Sao tantas as solicitaçoes e as possibilidades... Há a fúria de estar "where it's at", a inveja de se estar a perder algo de fantástico. Lá longe, a jusante (se lá chegarmos, que morrer jovem já deixou de ser um crime incompreensível da sociedade) existem talvez somente chefes detestáveis, colegas desconsiderantes e exploradores, abdicaçao primeiro dos sonhos, quem sabe mais tarde de valores. Sim, esses mesmo. É que a criança que espera por nós em casa nao constrói o seu futuro à base da nossa ética, moralidade e saber-estar.
Pode que este seja somente o drama da classe média, essa entidade abstracta, que todos os países devem criar mas ao mesmo tempo disciplinar. Porque a classe média nao tem que ser especialmente religiosa ou ter muito conhecimento do mundo. Nao tem o desejo intenso de empreender, de evoluir, de criar. Vai vivendo, colecciona experiências e, de vez em quando, acha-se estupefacta com o mundo.
Mas enfim, vamos crer que essa angústia diz respeito a uma grande número de pessoas, senao no mundo, pelo menos em Portugal.
Apesar da pergunta, se será esta dúvida universal a todas as geraçoes, acho também que os nossos tempos, epecificamente, criam muita incerteza. Perante nós falhou a Ciência e a sua promessa de Revoluçao Social. Perante nós falharam todos os sistemas de sociedade idealistas, faltam-nos líderes e falta-nos sonho, e os exemplos (com o aumento do fluxo de informaçao somos cada vez mais processadores biológicos) que vamos conhecendo sao maus de mais para ser verdade... Há alguém cuja vida nós, leitores ávidos da espiolhice dos media, nao digamos: "Sim, ele tem esta postura e até fez isto e isto, mas também era assim ou assado..."? (embora haja algo de unicamente portuguesinho nessa análise do "sim, mas...").
Parece que nao resta grande fé, por estes dias, na espécie humana. Acabamos por considerar os outros hedonistas, oportunistas, falsos, cínicos e calculistas - espertos. Eles espertos, nós burros. E entao surge essa pergunta interior terrível... "Se os outros sao, porque nao ser como eles?". A resposta que cada um dá a esse confronto com o Imediato talvez nos defina para o resto da vida. Mas uma palavra de conselho: a vida é muito mais maratona do que corrida de velocidade. A nobreza está em ser um corredor de resistência, nao um velocista, também nao um resignado. E às vezes, além da travessia do deserto, sós com as nossas convicçoes, quem sabe, estará um mundo novo, um novo ciclo.
Vamos crer que sim e apostar nisso. É que se ele nao vier, entao, como diz um amigo meu, estamos lixados com F grande.
Pode que este seja somente o drama da classe média, essa entidade abstracta, que todos os países devem criar mas ao mesmo tempo disciplinar. Porque a classe média nao tem que ser especialmente religiosa ou ter muito conhecimento do mundo. Nao tem o desejo intenso de empreender, de evoluir, de criar. Vai vivendo, colecciona experiências e, de vez em quando, acha-se estupefacta com o mundo.
Mas enfim, vamos crer que essa angústia diz respeito a uma grande número de pessoas, senao no mundo, pelo menos em Portugal.
Apesar da pergunta, se será esta dúvida universal a todas as geraçoes, acho também que os nossos tempos, epecificamente, criam muita incerteza. Perante nós falhou a Ciência e a sua promessa de Revoluçao Social. Perante nós falharam todos os sistemas de sociedade idealistas, faltam-nos líderes e falta-nos sonho, e os exemplos (com o aumento do fluxo de informaçao somos cada vez mais processadores biológicos) que vamos conhecendo sao maus de mais para ser verdade... Há alguém cuja vida nós, leitores ávidos da espiolhice dos media, nao digamos: "Sim, ele tem esta postura e até fez isto e isto, mas também era assim ou assado..."? (embora haja algo de unicamente portuguesinho nessa análise do "sim, mas...").
Parece que nao resta grande fé, por estes dias, na espécie humana. Acabamos por considerar os outros hedonistas, oportunistas, falsos, cínicos e calculistas - espertos. Eles espertos, nós burros. E entao surge essa pergunta interior terrível... "Se os outros sao, porque nao ser como eles?". A resposta que cada um dá a esse confronto com o Imediato talvez nos defina para o resto da vida. Mas uma palavra de conselho: a vida é muito mais maratona do que corrida de velocidade. A nobreza está em ser um corredor de resistência, nao um velocista, também nao um resignado. E às vezes, além da travessia do deserto, sós com as nossas convicçoes, quem sabe, estará um mundo novo, um novo ciclo.
Vamos crer que sim e apostar nisso. É que se ele nao vier, entao, como diz um amigo meu, estamos lixados com F grande.