quinta-feira, novembro 08, 2007

A Redenção do Castiço

Não encontro mais fácil alívio de quaisquer problemas da vida que a doce contemplação do nosso castiço. Sim, o castiço português – não tanto o “tuga”. O “tuga” é mais urbano onde o “castiço” é mais campesino. Sem sequer o saber definir mais que por uma frase que fica no ouvido, uma face engraçada, uma situação caricata, acho-o extraordinariamente redentor. Traz em mim, galopante, a gargalhada de infância que se pretende recalcada. O “castiço”, no fundo, é tudo aquilo que só poderia – definitivamente – ser português. É inocente, familiar, engraçado – nosso.

Tanto nos esquecemos do "castiço" nestes nossos tempos ditados pela Imagem, pelos factóides internacionais traduzidos, por ansiedades prenhas de nadas. Talvez não fosse mau lembrarmo-nos dele uma vez ou outra. Faz parte da nossa alma, por muito que não gostemos de o admitir, - e nunca se pode viver muito tempo sem alma.