quinta-feira, novembro 08, 2007

Bon Chic, Bon Genre

Uma das coisas que me chateia na minha geração é não saber – ou pelo menos não querer – vestir-se bem. Vejo trinta “gajos” com uma T-shirt sobre calças de ganga largas e ténis também relaxados. Mesmo a camisola estendida ao ombro (ao estilo campino), é mimetizado à exaustão.

É na diferença que está a beleza da vida. Senhores: experimentem variar aquilo que vestem. Arrisquem que tal possa traduzir algum aspecto da vossa personalidade (sim – por detrás desse “na boa” está também algum medo). Vistam-se bem. Inovem, combinem. Pessoalmente, adoro ver raparigas, mulheres, bem vestidas. É certo, adoro ver raparigas, mulheres em geral. Mas elas, quando se vestem bem, tocam o céu. E gosto do desafio que são homens bem vestidos – “onde é que ele arranjou aquela gravata?”, “pensava que aqueles sapatos seriam horríveis, mas realmente…”, “nunca tinha pensado nesta combinação”, etc.

Eu, confesso-o, já tive uma fase pseudo-intelectual-não-ligo-ao-estilo, (chegava a usar e abusar de ténis inomináveis). Depois, andava (e ando) de metro, onde o estilo é bem mais apreciado – mas por piores razões. Tenho, contudo, feito um esforço nos últimos tempos – e posso dizer que estou bastante satisfeito com essa atitude. Também gosto (muito) de estar mais confortável, em ténis e ganga (fiquemos por essa definição de relax) – mas há a regra e a excepção. E é a regra que dá mais sabor á excepção.

Acho que vestir bem faz parte de um esforço de sociabilidade, de expressão mas também de respeito pelos outros. Aquilo que vestimos também pode ser usado para dizer “presente”, mas definindo os nossos limites, dando aos outros sinais das linhas que não devem atravessar. Lanço aqui o meu apelo. Acreditem, as pessoas bem vestidas dão sal aos nossos dias.

Atribuo algum desleixo indumentário ao período menos bom que o país vive. Lembro-me de ler um artigo numa revista do DN há algum tempo em que se recordava o cavaquismo (quando as coisas estão complicadas, as pessoas tendem a regressar ao tempo onde foram – ou pensam que foram – felizes). Dizia Fernando Lima, “pastor alemão” (sem qualquer tipo de ofensa) de Cavaco na sua relação com a imprensa (e hoje novamente em Belém) que notou os tempos a mudar quando uma das selecções jovens começou a ir para o aeroporto, para os estágios, vestida a rigor. Jovens, portanto, a representar o país com dignidade. Quem sabe seriam os campeões em Quatar e Lisboa. Talvez esse pequeno pormenor ajude ao surgir de novos tempos, que precisam de vir. Ou então, pelo menos, seja sinal deles, quando vierem. Estou, isso sim, certo de uma coisa - vou gostar de ver.