quinta-feira, novembro 08, 2007

Mulher Portuguesa

Sou um ser curioso. Gosto de saber o que se passa fora do ambiente por vezes intoxicante do nosso país. E junto-lhe curiosidade pelas coisas mais básicas e belas da vida. Donde, confesso, tenho curiosidade pelo feminino.

Eis porque, na boa tradição lusitana, me encantava a mulher espanhola (catalã, pelo tempo que lá passei - na Catalunha, suas mentes perversas), francesa, argentina, brasileira. Arrisco dizer que o encanto pela italiana é mais poderoso e profundo, e durará muito mais tempo. Não é mero “tuguismo” que o anima. Mas, realmente, ando numa fase parva em que a mulher portuguesa me parece insuperável. A sério, tinha pior ideia de nós. Não só delas, de nós, homens, também. Pensava que beleza era luxo de outros países. Por cá havia “gira”, havia “querida”, havia… bom, havia características muito interessantes para fazer vida em conjunto, havia diversão – mas lá fora a beleza era mais antiga. Porque, simplesmente, lá fora havia mais tradição de os egos se libertarem. Por cá andávamos ainda vergastados por uma ditadura, e pela eterna pequenez do país.

Mas, a certa altura, a maré mudou. Atribuo a mudança a vários factores. Nomeadamente, à expansão extraordinária do audivisual, com Cabo e Internet, e mais oportunidades e situações para descobrir os “topo da cadeia alimentar” do burgo. Depois veio o advento das revistas masculinas – nem sou grande fã, mas os ensaios sensuais (?) têm vindo a banalizar-se. Qualquer dia não é inconcebível uma Playboy portuguesa. E depois há outro factor importante, muito chato. Vivemos tempos de grande insegurança e magras referências. A dúvida acompanha o café de muito português e portuguesa. Quando não sentimentos piores. Nessas alturas a sociedade tende a olhar para si mesma á procura de valores, para se refrescar. E a beleza (para o talento há menos paciência – excepto se for futebolístico) é um valor sempre bem cotado, ajuda a esquecer problemas. Em tempos de cerrar fileiras, a curiosidade e o risco pelo externo é menor. No limiar “better the devil we know than the devil we don’t”.

Mas pretendo invocar todas as referências menos as diabólicas para este post. Que se pretende, antes de mais, de elogio sincero à mulher portuguesa, no seu melhor – gira, segura, feminina, querida, inteligente, delicada. Inebriante, entusiasmante. Sempre lhe fui atento, mas, ou eu estou menos selecto, ou há mais miúdas giras a valer. Na biblioteca, no metro, na noite, “dappertutto” como dizem os italianos (melhor – as italianas). Sou grande fã, não haja dúvida. Mais jogador de campo ou mais treinador de bancada? Só o tempo o dirá. Honesto - sempre. E, em última análise, fiel companheiro ou fingidor convertido a outros perfumes, tenho orgulho em um dia ter escrito este poema. Fica agora por saber até que ponto é que este estranho diletante é interessante aos olhos delas. Respeito as leis de mercado, e, antes de mais, o livre arbítrio. Qualquer que seja o veredicto, eu desenrasco-me - tenho essa convicção.

Mas sinto-me em paz com a mulher portuguesa, acho-a fantástica. E nós, homens, na vida, temos que decidir se ficamos com pena de não conhecer mais – ou com vontade de conhecer mais. A curiosidade existe em ambas as partes. É só preciso o golpe de asa.