"Mon Histoire des Femmes", de Michelle Perrot. Esta senhora, historiadora francesa de lastro, escreveu, uma sua história das mulheres. Sua, diz-nos, porque alarga o espectro do estudo - de que é pioneira - para, até, elaborar uma história do género, das relações entre sexos, integrando a masculinidade.
A História que nos é ensinada é sobretudo uma história de homens, feita por homens. Na realidade, porém, toda a História começa nas mulheres, e é, aliás, sustentada pelas mulheres. É a exploração por esse mundo - imenso - do silêncio das mulheres, da sua condição, das suas valências, às suas paixões e conquistas.
Por exemplo, já alguma vez tinham pensado no facto de as mulheres escreverem muito menos memórias do que os homens? Mais facilmente levam consigo as suas vidas do que eles. Não precisam de marcar o mundo tanto quanto os homens - porquanto tenham seus desejos, defeitos, virtudes e ambições.
Não posso deixar de referir alguns pormenores tão interessantes como uma explicação com sentido biológico para o que seria uma "bruxa" medieval, ou mesmo a razão para que alguns termos sexualmente explícitos fossem ditos em latim ao longo dos tempos (sim, esses em que vocês estão a pensar).
Um livro muitíssimo interessante, fundamental para qualquer um - como este vosso blogger - que goste de mulheres. Alguém disse um dia que onde a generosidade é a qualidade mais masculina, onde a feminina é a humanidade. As mulheres, atenção, são tembém diferentes, mas eu sempre apreciei nelas (para além de outros óbvios) a sua humanidade.
Au bonheur des dammes, mes amis! Au bonheur des dammes! Que para outra coisa (espero eu) não andamos cá.
Kilometragem em francês: 230 páginas.