Dou comigo a constatar um facto curioso: a maior parte dos meus melhores amigos são irmãos mais velhos. E, estranhamente, os nossos irmãos mais novos têm traços comuns. São uns chatos, nomeadamente. Mas como explicar esta “supra”-irmandade de morgadios?
Vejamos. Já o tenho aqui escrito antes – acho que o povo português é extraordinariamente gregário. É certo que a última palavra dos Lusíadas é “inveja”. Mas, se reparamos, a inveja é talvez o pecado mortal que mais depende do outro. Quer dizer que somos muito atentos aos outros portugueses. Nesse caso, para o mal. Mas, quem sabe, também para o bem. Arriscaríamos dizer que por cá a quantidade de pessoas que “sente qualidade de vida sem que os outros em seu redor a tenham também” seja menor que nos outros países? Tema a desenvolver no futuro, se tiver a sorte de ser vivido o suficiente para fundamentar uma opinião.
Retiro o fundamental, já em forma de afirmação: somos um povo muito gregário (a solidão, quando é portuguesa, é realmente cruel). Diria mesmo que, em certos aspectos somos doentiamente gregários. E se o nosso background familiar, primeira estrutura gregária, nos definir ainda mais que aquilo que pensamos? Não somente os nossos pais e a nossa classe social – também os irmãos que temos. Se somos irmão mais velho, mais novo, do meio. Se temos irmão, irmã, etc. Ou se não temos - os filhos únicos têm a fama notória de serem mimados, por estarem sós.
Lembro-me de ler algures (numa fonte credível) que um estudo recente concluía que são os nossos irmãos o factor fundamental na nossa personalidade. Espero não me enganar – e pretendo procurar uma referência para incluir neste post. Será assim, realmente? Serão tão importantes os nossos irmãos? Aquilo em que eu, definitivamente, aposto, é que muito daquilo que são as nossas vidas é determinado bastante cedo - “It´s surprising how soon the dice are cast”. E esse pode ser um factor a considerar.
Afinal, quem sabe se essa noção de fado, como destino inevitável, não vem exactamente de uma tão simples razão como quais as pessoas com quem estamos nos primeiros anos das nossas vidas, e que crescem connosco? O destino decorre da natureza - mas a nossa natureza pode ser muito menos “nossa” que aquilo que cremos.