sexta-feira, novembro 24, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
E Recordar é Viver
quarta-feira, novembro 22, 2006
Pequenos grandes actos de coragem
terça-feira, novembro 21, 2006
segunda-feira, novembro 20, 2006
O Eterno Esquecimento
Aqui e ali, em artigos, costumo ler referências à teoria do Eterno Retorno. Investiguei: a sua tese é a da natureza cíclica da História. A História seria doentiamente cíclica porque repetimos todas as situações e sentimentos humanos, desde os primórdios; os elementos basilares do ser humano não mudaram nem mudarão.
Embora algo nela soe fundamentalmente verdadeiro, acho que há mais no ser humano para além da sociedade do Antigo Testamento. A diferença individual, genética, e a evolução da sociedade são factores igualmente importantes que os nossos desejos primitivos. Mas reconheço que é para mim uma aventura tentar abordar esse tema, e tento registar apenas o essencial.
Concordo, sobretudo, que é demasiado humana a assumpção de que vamos ser algo que o mundo nunca viu, e ter mais coragem, mais inteligência do que os nossos antepassados. Pensamos neles (se chegarmos a pensar) mergulhados num profundo obscurantismo. Há um desrespeito generalizado pelo Passado, e nunca se pode compreender o que se não respeita. Só não sei se esse desrepeito é intrínseco à natureza humana, ou se estará antes relacionado com a evolução dos tempos.
Choca-me sobretudo o vil esquecimento da Medicina, e os esforços que os intérpretes dessa arte fizeram ao longo da História para que nós mais facilmente a pudéssemos esquecer. Damo-nos o luxo de viver em função do imediato, porque autênticos heróis devotaram a sua vida à anestesia, assépssia, vacinação, transplantação, etc. Quantas vezes nos lembramos do sofrimento humano evitado? Quantas vezes nos lembramos dos olhares de desespero e angústia, dos gritos e gemidos pela noite, da indignidade? Pois é. Longe da vista, longe do coração. E a vista lá se vai fixando naquele carro, naquela mulher, naquela oportunidade de enriquecer, naquela experiência ousada.
Não só esquecida, a Medicina tem vindo a ser instrumentalizada e mesmo traída pelos seus intérpretes. Simplesmente porque quem a pratica são... seres humanos. E como o mercado, mais do que o sonho, comanda a vida, nem se lhes é exigido que tenham uma cultura humana compatível com tão especial mester. Se a cirurgia plástica evolui mais que a cura para a malária e um cirurgião não o é sem um Porsche, é pena, mas é coisa humana.
Sempre achei que os verdadeiros médicos eram, como Ernesto Roma, príncipes do povo. Emergem pelo bem comum, e trabalham pela sua comunidade, sem maior prazer na vida que esse. São povo e não o são ao mesmo tempo. E o povo inequívoco também sempre lhes foi grato, e deles guardava memória.
Talvez esse povo já não exista. Ainda bem, porque isso significa, para usar a popular expressão, que subimos de vida. Agora já a podemos carregar de aspirações que nos elevam ou deprimem, consoante as cumpramos ou não. Mas talvez por já não haver esse povo, menos sejam aqueles que se lhe dedicam a vida. Podíamos ao menos lembrar os que o fizeram no passado.
Vox Popoli, Vox Dei: Piratage
Na aldeia, diz o bom Ti Jaquim: "Naquele tempo nao havia essa piratage que há praí agora, nao". Terá razao, ou todos vemos com benevolência o nosso passado?
Nota: por uma questao de rigor, referir somente que o bom do Ti Jaquim tinha já tomado um ou dois "comprimidos" (a que na gíria urbana nos referiríamos prosaicamente como "copos de vinho")
domingo, novembro 19, 2006
Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré*
Foi a enterrar segunda-feira no Porto, o seu caixao coberto com a bandeira do Boavista, clube em que também havia jogado. Do Benfica nao houve bandeira porque Sílvio Cervan, o seu enviado, dela se esqueceu... Pergunto eu: Quem é Vieira? Um presidente digno do Benfica ou um moralista de 3 vinténs, sem conteúdo que suporte as afirmaçoes chocantes que faz? Peço desculpa pelo ênfase da segunda opçao, eu nunca tive dúvidas... Bem pode ele exigir aos jogadores do Benfica que nao joguem como "rapazinhos". Tem autoridade moral para o fazer... Haja algum sócio benfiquista que se revolte, por favor! Já nem falo do Sporting, que acho melhor na gestao da sua memória, mas por quais dirigentes também me nao compremeto. Digo simplesmente que com Pinto da Costa nunca tal aconteceria. É bem verdade o ditado: "Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré".
*para os iluminados leitores da Sábado, sim, este é o título da crónica de Pacheco Pereira. O seu a seu dono.