quarta-feira, setembro 10, 2008

Realidade Nacional

Custa-me a admití-lo, mas desde há uns tempos que os jogos da selecção me aborrecem muitíssimo. Simplesmente, deixei de ter paciência. Antes havia a alma de um Rui Costa, a filigrana do futebol de Figo. O esforço de João Pinto. Agora, há somente uns putos estúpidos, deslumbrados e arrogantes, que se pavoneiam pela selecção, quando lhes dá jeito, noutras envolvem-se, mas com pouca profundidade.

Ninguém sente a selecção até ao osso, como ainda há pouco tempo acontecia. Todos querem é brilhar mais, um pouco mais, se tanto. Não há um maestro, um capitão. Que Cristiano Ronaldo seja feito capitão, passe a sua qualidade, é para mim uma piada.

Mas enfim, é a selecção que temos. No livro que falei, no post 'Reading List 3', a autora termina com uma frase que lhe terá dito o 'capitão da indústria' António Champalimaud: "para quê defender o capital nacional, se o país vai acabar?". Supondo que, em vez de catastrofismos, Champalimuad se referrisse argutamente a esta era globalizada, em que o dinheiro, poder e contactos só mudam de língua e os países se parecem distinguir por meros centros regionais, legislativos e executivos, para quê querer uma selecção de futebol, se o país já não existe?