quinta-feira, setembro 11, 2008

Every Move You Make

Há grandes vantagens em viver com os pais. Sejamos francos: desde logo financeiras. Talvez porque a minha é uma geração de tesos. Seria bom que, não tendo nós princípio de cheta, a cáfila que vive à conta dos nossos pais (não, agora não estou a falar de nós, filhos), enche os bolsos, e gere o País (antes me refiro ao povo/polvo do Estado!), ao menos fizesse as coisas por forma a não haver demasiados problemas. Mas isso era pedir demais não era?

Depois, viver sozinho é duro. Tem o seu encanto inicial, de liberdade, mas, sobretudo se se trabalha para poder viver sozinho, a certa altura há uma erosão. Somos animais gregários, quanto a isso nada há a fazer.

Também não desdenhamos os seus conselhos. E eles têm muitos dos defeitos e virtudes que teremos nós próprios no futuro. Estamos sempre a aprender, embora os mais inteligentes de nós se recusem a ser cópias.

Mas, caramba, há grandes desvantagens também. Nomeadamente, o escrutínio constante, e o ser chamado à pedra pelas coisas mais exasperantes. Algumas delas passam o limite do respeito pela privacidade, pelo indivíduo que nos consideramos já. São as coisas mais pequenas, mais insignificantes. Faz tudo parte de um registo, de hábitos, de gastos, de frases, de saídas e entradas. Mas porquê? Porque não se interessam eles por outros temas - infinitamente mais apaixonantes - que os próprios filhos, nesta idade em que eles dão mais que bem conta de si?

Aliás, até temos para nós que somos os maiores. Que já andámos por sítios, vimos gentes que lhes provocariam pele de galinha, que já passámos por experiências que, no tempo deles, seriam impossíveis. E que, mercê da era tecno em que fomos criados, já vimos coisas, sites, filmes, etc. que lhes fariam lavar os olhos mil vezes se com tal se deparassem. Somos os maiores, realmente.

O ideal, suponho, seriam pais muito protectores no início da vida, e depois uns pais ultra-liberais (e já agora, ricos e generosos) para mais tarde. Mas não, geralemente os pais possessivos não deixam de o ser e os pais ausentes também não. Não há meio termo. E quem se lixa somos nós, os filhos.