sexta-feira, outubro 12, 2007

Os Meus Prazeres 15

De volta à TV portuguesa, embora tenha todas as épocas, nao consigo deixar de rever os "Friends". Sempre adorei aquela série, sobretudo a girl-next-door-ity de Aniston e o humor brilhante, preciso ao segundo, de Perry. Este último ficou mesmo para mim como uma referência cómica, e seria dos mais talentosos do elenco. Seguramente dos mais inteligentes - de tal forma que era o único chamado a participar na escrita dos guioes. Depois engordou ao longo de uma época (vícios algo chatos), e perdeu alguma chama.

E a Jennifer Aniston... Jen, onde andam as raparigas como tu? Queridas, giras, corpo fantástico, compreensivas, engraçadas. E eu que já fui um nerd com paixoes doentias ao melhor estilo Rossiano? Enfim... Mas nota-se a sua ascendência meridional. Grega, para ser mais exacto. Nao sabiam? É verdade.

Tudo somado, era uma série fantástica. Eu sei que o Seinfeld era mais intelectual, mas também era mais aborrecido. Demasiado real. Explorava o humor que já existe no nosso dia-a-dia. Em "Friends" há mais sonho, mais ilusao. Concentrou como poucas o tal espírito "feel good" dos anos 90. As primeiras épocas entao sao estupendas - quase nao há episódios que nos desiludam. Uma constância de nível altíssimo.

Eu tive a sorte, de há já alguns anos, quando niguém conhecia a série cá, vê-la toda - épocas seguidas a eito. Foram uns belos 3 ou 4 dias das férias grandes. Fantástico. Tal foi a dose, que nunca mais repeti. Tenho todos os DVD, mas só os vi daquela vez. Já lá vao uns 5 ou 6 anos. Lembro-me que ainda estava em exibiçao nos EUA, creio que a 9ª época. Delirei.


"Friends" é talvez a minha série cómica favorita. Tem tudo: amizade pura, instantâneos de amor absoluto, sobretudo pelo casal Rachel-Ross (o beijo de Rachel a Ross depois do vídeo da adolescência, Rachel abrindo a porta do café a Ross, na noite de chuva, etc.), as melhores frases em televisao, personagens que ficaram, elenco de qualidade irrepetível.

O que eu amo acima de tudo em "Friends" é a prova, pelo menos nas primeiras épocas, de que o grande humor pode ter classe. Nao precisa de palavroes, ou temas desconcertantes, nao precisa da sarjeta, de gozar dos demais. Pode ser só humor de amigos idílicos, que se respeitam mutuamente, de um grupo, de um tipo comum de boa gente. Pode ser só humor de gente inteligente. E o mundo em redor? A política, as guerras, a economia, a pobreza, os criminosos, o bas-fond? A tudo isso eles dizem: "até pode ser que exista, e estaremos preocupados quando a situaçao for grave. Mas por agora, nao nos interessa, nao é o nosso mundo, e nenhum poder temos para o mudar. Se o mundo mudar demasiado, nós ao menos nao mudaremos."

Relembro aos cínicos que ripostam com as naturais brigas entre o elenco sobre cachets, com o decorrer dos anos, que essa é simplesmente a mensagem da série, nada mais. E eu, que gosto de ilusoes românticas, nunca a irei esquecer. Agradeço a esta série de todo o coraçao - faz-me lembrar uma excelente parte da minha vida. Faz-me lembrar um grande Verao, no Campo, sozinho em casa, a descobrir um humor intelectualmente refinado, mas também romântico, tocante. Ah, como eu me ri nesse Verao.