quarta-feira, julho 30, 2008

A Doença do Beijo

Por acaso, e ainda a propósito do beijinho, reiterar que, porquanto critique as senhoras com tanto creme facial, e a obrigação do 'beijinho', nem assim me furto a ele. Mas isso não me impede de escrever as minhas revoltas no blog.

De qualquer forma, é bem verdade que eu sou algo socialmente disfuncional no teatro do beijinho. Perco-me, não raras vezes. Não há regras definidas. Por exemplo, se chegamos a um grupo de várias raparigas, cumprimentamos sempre todas, ou um 'olá' basta? É que aquilo dá muito trabalhinho, meus amigos. Tal como uma rapariga a vários rapazes.

Depois esta coisa da função social do beijinho sempre me intrigou. É claro que é aglutinante, reconfortante, e isso é bom. Mas, por exemplo, em Itália, as pessoas cumprimentam-se com aperto de mão numa primeira fase, e só depois evoluem para o beijo, quando há um maior conhecimento. Convenhamos que, por cá, nós dispensamos logo a beijoca a quem nunca vimos na vida.

É que o beijo, queiramos ou não, tem sempre uma ínfima partícula de intimidade, de contacto. Eu nunca quis beijar raparigas ou mulheres quando estava suado (o que, quem me conhece sabe acontecer facilmente) por achar que isso era desagradável para elas. Honestamente. E sempre me parecia que alguns 'pseudo-garanhões' se aproveitavam desse mecanismo social para se aproximarem de uma rapariga, que lhes dava distância. Assim que, por um qualquer acaso, a barreira do beijo estivesse conseguida, ela estava fisgada.

Não me digam que nunca notaram nisso. Atentem nessas miúdas 'difíceis', Ice Queens, estudantes da Católica, com uma mirada de desprezo ainda nem dissemos nada. Vencida a barreira do 'beijinho' o patamar é totalmente diferente...

O que, também interessante, nos leva a discutir a importância da sorte nas relações afectivas (um tema para uma série de longos posts...). O que é que um gajo faz com mérito para subir ao patamar 'pós-1ª beijoca'? Zero, muitas vezes. Conhecia um amigo ou amiga dela. A 1ª beijoca é a via para o conhecimento - e nestes casos, sem conhecimento prévio não há absolutamente nada.

Eis uma sociedade que cria um mecanimo agridoce, que tanto serve o objectivo individual como o gregarismo. É como uma doença, esta coisa. É a nossa mononucleose social, a nossa 'doença do beijo'.