sábado, outubro 20, 2007

Instantes Gélidos Sob o Calor

Óculos escuros, olhos escondidos. Andares reptilíneos. Noites escondidas. Planos escondidos. Chao, cantos sujos. Confortos, prazeres distentidos. Faces de prazeres distendidos. Cabelos pintados. Máscaras várias, só máscaras já. Grupos, grupóides. Fealdade. Caras bexigosas. Caras bexigosas com olhares predadores. Inocências assustadas. Discussoes caseiras longíquas. Suspiros, raivas, "que se f..." calados. Maquiavelismos calados. Líbidos quietas, olhando. Estáticos. Sempre nao sendo o primeiro. Sempre "deixa ver...". Carecas suspeitosas. Cigarros acendidos, fumo ostensivamente expulso. Corpos sem decoro sobre cadeiras de metal, no café. Olhando sem decoro outros corpos. Marcando. Fazendo contas. Fazendo planos. Botas pretas, revoltas góticas. "Flashes" de mulher feita, ostentaçao do "estou aqui, e nao te o direi se perguntares, mas gosto e quero, e faço". E botas - tloc, tloc, tloc sobre a calçada negra, irregular. E descontracçao, corpos relaxados, obtusos, em fato de treino. Cabelos loiros, mas a beleza perdida. A inocência perdida, a vergonha quase também. Pequenas pessoas, tratando do que só elas sabem, dos pormenores desagradáveis que só elas conhecem. À margem, rindo-se do "mainstream" e assim aceitando seu destino e seus jugos. Olhando só com sobressalto os raros que as conhecem. A cada passo o cinismo, a espera, o poder, o plano. Sem coragem, sem beleza, sem odor vital e inebriante pela manha. Só bruteza, só "todos sao assim", só espertezas vividas. Sem olhar mais alto, sem pensar no contínuo de suas vidas. Também algumas amigas, também alguns amigos. Por quanto tempo? Ah, a falta de inspiraçao. Se eles conhecessem o sopro de alma... Se eles olhassem nao só para si e seu jugo, mas acreditassem e confiassem. E amassem. E conseguissem. Como se pintariam de cores vivas até às nossas lágrimas seus dias, tao vazios e frios. Que eles nao contam os dias, nao sabem que sao frios, nem suspeitam que ainda têm lágrimas.