domingo, março 15, 2009

O Boi Pelo Nome, Clubismos e Rui Costa

Não, não, eu não me esqueci. Sem dúvida: uma derrota por 7-1 em Munique depois dos 5-0 em Alvalade 'bota' "milha" em humilhação: é muito extensa, de facto. Não, não, dizem bem - toda a razão.

Pessoalmente, estava à espera que o Sporting fosse cilindrado, mas nunca por tanto número. Agora, a 'million-dollar-question': o que é que isso me afecta? Zero. Se calhar alguns de vocês até estavam à espera dessa resposta.

Honestamente, pelos dias de hoje, os resultados do Sporting não me afectam minimamente, excepção feita quando vou ao estádio. Acho que é mesmo um luxo, hoje em dia, sofrer com o futebol. Eu não o tenho.

De qualquer forma, o meu sportinguismo, como de costume, vem sempre à tona quando me provocam a propósito do resultado, e, sendo que a maior parte são benfiquistas, eis a minha singela resposta: Riam-se à vontade. Digam o que quiserem. E até têm razão. Mas vocês sabem tão bem quanto eu que a decadência do Benfica é muito mais preocupante que a decadência do Sporting. Tenho ou não tenho razão?

A verdade é esta: se amanhã houver um presidente do Sporting com "garra" e heterodoxia, que disser que o Sporting, por causa desta crise económica, tem que fazer uma transição com somente júniores e meia dúzia dos jogadores actuais, eu garanto-vos que os sportinguistas estarão lá para os apoiar. E eu até vos garanto que uma tal equipa iria surpeender toda a gente pela positiva.

Não, a decadência no Sporting não me preocupa. Primeiro porque as oscilações no Sporting de Paulo Bento são desde sempre a única constante: nunca se sabe o que vem aí no próximo jogo. Segundo porque o Sporting está cheio de velhada, padece de excesso de verterania, e precisa de se refrescar com urgência. Tradicionalmente, porém, é um clube que faz isso com relativa facilidade. Até é bom o Sporting não ter dinheiro - para se ver obrigado a aproveitar até ao tutano a prata da casa - coisa que o seu estatuto maniento-burguês dos últimos tempos raramente concretiza.

Já não é assim com o Benfica. Quando há problemas no Benfica eles são muito mais estruturais. E isso significa que vão ter que rolar cabeças e ralharem comadres. Bem alto. E a maior parte dos benfiquistas tem enorme dificuldade em conciliar a simpatia por Vieira e Rui Costa com os resultados actuais. É como ter algo mal, mas não poder assacar as culpas a quem normalmente as arcaria.

Eu confesso: simpatizo bastante com Rui Costa, do ponto de vista pessoal. Foi um grande jogador, mas falo exclusivamente de personalidade. Explico melhor: no outro dia via uma foto de Figo com uns colegas de juventude. Crianças, apenas. Eu não quero elaborar demasiado sobre o tema, mas duvido seriamente que Figo tenha mantido o contacto com muitos desses primeiros amigos.

No pólo oposto, recordo-me de uma entrevista de Rui Costa em que ele falava de um colega das camadas jovens que seria tão bom ou melhor que ele naquele então, mas que não logrou dar o salto. Ora, na construcção do sucesso existem múltiplas variáveis. A sorte é uma delas.

Às vezes os melhores são atraiçoados por um pormenor. E já se sabe como é a História: ninguém fala dos segundos. Ninguém? Às vezes fala, como Rui Costa, que se lembrou desse outro rapaz, que não 'resultou', que ficou por qualquer razão, com quem até terá aprendido truques, perguntado como é que ele fazia aquilo, aquela finta, guardado ensinamentos para a vida. E evocou-o, depois de ter sucesso. Raríssimos são os que, em todas as áreas desta vida, o fazem. E eu tenho uma razão profunda - que o futuro desvelará - para escrever essa frase.

Eu não condeno os benfiquistas: se eu fosse benfiquista, eu também seria incapaz de culpar Rui Costa. Mas, como eles bem sabem, isso é estar entre a espada das más exibições e resultados e a parede do respeito a quem o merece.

Solução? Próxima época, naturalmente. A mesma de sempre - para os dois clubes.