quinta-feira, agosto 07, 2008

A Força do Destino na Corrida Para a Felicidade 1

O Destino é uma coisa engraçada. Não raramente, usa uma arma predilecta para seus intentos: a Sorte. Juntemos-lhe uma característica ainda mais intensa em portugueses: o Hábito.

Para quê, perguntam vocês? Justamente, para falar do mesmo de sempre. Pois é.

Pensem numa/num namorada/o, e como o descobrem nas vossas vidas. Por exemplo, no vosso curso. Deve ser coisa tão velha quanto o dia em que rapazes e raparigas passaram a frequentar a mesma universidade. No vosso curso vocês têm conhecimentos, estabelecem contactos, afinidades. Passa-se muito tempo, refeições, vitórias e até derrotas juntos. Com a idade mais pletórica, eis a combinação perfeita de todos os elementos.

Agora, face a essa "miscibilidade" pensem nisto: o curso em que nos metemos faz a diferença. É diferente, do ponto de vista masculino, um curso de Humanidades, onde estão concentradas muito mais mulheres, que um curso de Engenharia. Pelo último, é desde logo cerceada muita possibilidadezinha. Pois é.

Os adeptos do "Mercado Livre", os Adam Smith das relações, dirão que, se bem não se encontrem num curso, poderão encontrar-se noutros lugares. Mas não é bem assim... Os portugueses têm um sentido muito apurado de fidelidade, e a primeira barreira de conquista de confiança é, por isso, difícil de vencer. Tem as suas grandes vantagens depois, mas até lá é difícil - para não dizer impossível.

Dou um exemplo. Um dia, por razões que não vêm ao caso, tive, à porta de um concerto, que me desfazer de um dos bilhetes que tinha. É difícil explicar a desconfiança, o afastar tácito, uma certa... 'repugnância de antemão', antes mesmo da pergunta, com que fui recebido por alguns portugueses. Para oferecer - oferecer!, que nem sequer era candonga, já só não queria que outro ser humano não aproveitasse aquele bilhete. Inacreditável. Lá o acabei por dar a uma estrangeira, que ficou bastante grata. Gostava de acreditar que isto aconteceu por ela estar fora do seu país, mais 'indefesa' e grata, e que no seu país também me daria obsceno desprezo.

Mas, para o caso de ser uma característica mais bem - excentricamente - portuguesa, vamos assumir que não.

(continua)