Desço uma rua do Bairro Alto e deparo-me com um carro estacionado frente a uma casa. Como não sou um "habitué", nem sei se aquilo é comum. À porta estava uma rapariga presa. Estavam a tirar o carro os... bom nem sei bem o nome da profissão. - rebocadores? Vestiam macaco azul, a morrer de chique com o estilo macambúzio. Por acaso conhecia a rapariga - vejam bem a situação. E fiquei a falar um pouco com ela à porta, curiosamente à distância de um eixo de rodas. Sendo estrangeira, falei consigo na sua língua natal. E falei também com os rebocadores (na nossa), ofereci-lhes a minha ajuda. Já que estava ali, e esperava para cumprimentar a minha amiga, não via porque não me fazer útil (não tenho talento para ser senhoril). E sinceramente, claro, não era um "pronto, eu ofereci-me mas os senhores não querem, não é verdade? Eu tentei". Já tenho feito trabalhos mais árduos. Nem me responderam. Nem um indício de continuar a conversa. Enfim, um estilo que, em bom nortenho se diz "morcão". Infelizmente, eu suspeito que a questão seja somente a mais típica. Mas porquê ter inveja de eu estar para ali a falar noutra língua? Ou não o devia fazer "em solo nacional"? Se eu gosto e acho que isso me enriquece? Limpem essas cabeças, reboquem a parvoíce convosco. Se querem invejar, invejem o que vale a pena.
Somos um povo com grandes qualidades, é certo. Mas somos humanos, e temos a face negra que decorre dessa natureza. Agora, eu continuo a achar que não há direito de, quem aja de boa-fé, ser subrepticiamente condenado. Talvez o problema seja o de pensarem que quem utiliza cultura faz necessariamente "show-off". Talvez não dê para ver a diferença. Nesse caso, a crítica deles é justamente a quem, sabendo das regras, anda a induzir, criminosa e vaidosamente, inveja.
Maldito pecado.
Somos um povo com grandes qualidades, é certo. Mas somos humanos, e temos a face negra que decorre dessa natureza. Agora, eu continuo a achar que não há direito de, quem aja de boa-fé, ser subrepticiamente condenado. Talvez o problema seja o de pensarem que quem utiliza cultura faz necessariamente "show-off". Talvez não dê para ver a diferença. Nesse caso, a crítica deles é justamente a quem, sabendo das regras, anda a induzir, criminosa e vaidosamente, inveja.
Maldito pecado.