sexta-feira, abril 11, 2008

All The Lonely People

Raia hoje o sol, e traz-nos a sua benção. Já não as manhãs cinzentas. Mas, mais que o céu, pergunto-me quem são as pessoas. Quem são as pessoas que passam assim pelas manhãs cinzentas, e pelos edifícios cinzentos. Que passam pelo feio e pelo sujo sem notar mais que é feio, e que é sujo. Que vão sozinhas, consigo mesmas, remoendo seus desejos e angústias. Culpando alguém. Quem? Não interessa, basta culpar. E andar, passar a rua, os outros, até ao destino. Onde? Não interessa, basta chegar. Passar pela manhã cinzenta, as ideias cinzentas, as dúvidas, as tentações que surgem, as pessoas que se desejava conhecer, as que se desejava não conhecer. "Como sair desta vida?". "Não posso", porque "ficava na obrigação", ou "era bruto", ou "mal-educado", ou "ingrato", ou "descobriam-me". Não podem - e a vida ergue-lhes um muro. Não podem. E a criança pergunta à mãe porque andam sozinhas aquelas pessoas, porque não andam com a sua mãe ou o seu pai. Porque andam elas sozinhas?