



Não me lembro de Valeria como rapariga, quase sempre foi (jovem) mulher. Corrijo: Mulher. Reclamando a sua dignidade desde logo, mas sem medo de ir em frente, e de ser ela a defender-se a si mesma. Com toda a sensualidade feminina, mas sem a delicadeza doentia. Com curiosidade e alegria, mas elegendo a fidelidade acima de tudo. Sabendo cortejar e ser cortejada sem manipular - muito menos admitindo ser manipulada. Sabendo divertir-se sem perder o controlo. Sabendo escolher as pessoas, e não hesitando em confrontar o que não está - simplesmente não está - certo. Prazenteira sem ser escrava do prazer, sem fraquejar. Segura sem ser arrogante. Bela sem ser inatingível.
Nem elegante nem voluptuosa: tão somente mulher até ao osso. Mulher sem se preocupar demais com isso. Agora, que espera o seu quarto filho (e será, decerto, boa mãe), um cumprimento de admiração, e respeito, não só de mero deleite estético, a esta argentina, de corpo, de beleza e de coração.
"noi fummo i Gattopardi, i Leoni; quelli che ci sostituiranno saranno gli sciacalletti, le iene"