domingo, março 01, 2009

O Jogo da Sedução

No outro dia fui jogar futebol de cinco.



E posso-vos dizer que não foi para meninas.

Como é que me saí? Bom, estranho um bocado a pergunta, mas... realmente confesso que estava um bocado perro. É possível que estivesse num nível uns furos abaixo do resto dos jogadores. Como? Sim... ainda eram uns quantos furos.

A propósito de furos, a seguir à enésima "cueca" dei comigo a reflectir nesta realidade: eu até conheço o perfume da bola, mas - lá está - ela passa tão rápido, que só fico a conhecer -lhe o perfume. Eu tenho a técnica toda, ela deve saber que sim. Tenho o toque de bola, quando quero, o passe, a desmarcação. Mas... ela não me liga muito. É assim uma mulher caprichosa, passa ligeira por mim, nem me dá tempo de inventar uma deixa. E fico só a olhá-la. Não me resta senão olhá-la, quando ela passa... linda, cheia de graça.



Mas é uma mulher que não me dá bola. Ou uma bola que não me dá conversa. Diz que não gosta de rapazolas imberbes e com barriga. É assim cruel comigo: não diz barriguinha, não usa eufemismos desses. É logo: barriga!

Face a esta rejeição, fica só um amor platónico. Involuntário, porém - que eu sou bastante aristotélico.

Para mais, diz que se dá bem com os outros jogadores, já os conhece há mais tempo, e eu sou ali um estranho, etc.. Tudo bem. Ainda assim, gostei bastante do jogo em si - foi um excelente exercício físico.

Depois, o melhor do meu futebol é aquilo que eu gosto de chamar - e que o Valdano deve ter escrito um dia, para o Luís Freitas Lobo citar enchendo os seus artigos - o 'jogo invisível'. À base da táctica. Gosto de defender, cortar linhas de passe, possibilidades furtivas, complicar o esquema dos atacantes. Em suma, trabalhar, suponho.

Uma das coisas mais interessantes que aprendi neste jogo foi fechar um passe para a entrada entre dois defesas, em coordenação com o outro defesa. Ora, a maior parte das pessoas acha isto aborrecido, mas encontro nisso uma certa beleza táctica, um perfume a futebol à italiana, de 'calcio', defesa sólida, inteligente.

Quanto ao resto, quanto ao meu 'jogo visível'... bom, diria que, bastantes vezes, era melhor que fosse invisível. Ainda assim, lá estive, a aprender com quem sabe. E deu para marcar um golo em defesa da honra - nada mau.

Mas a evolução é sempre possível. Melhorar é inevitável para quem se esforce. E... aprender a seduzir uma bola não deve ser assim tão diferente de aprender a seduzir uma mulher. É só preciso gostar dela acima de qualquer outra coisa, naquele momento.