quinta-feira, julho 10, 2008

O Zé Urbe e a Obrigação de Saber no País do Não-Erro

Ainda a propósito dos erros, e de como eles surgem, vou aqui registar um tema recorrente: o conhecimento, a cultura.

Eu não tenho qualquer problema em medir a minha cultura, no sentido mais clássico, com qualquer pessoa da minha geração. Absolutamente nenhum. Mas, claro está, a cultura é uma coisa profundamente democrática e fluída. Obedece, contudo, a diferentes valorizações, dependendo da pessoa. Por exemplo, eu facilmente sou criticado com um suspiro pelo Zé Urbe por não saber onde se tira um qualquer documento, sem no entanto me conceder o luxo de me divertir introduzindo na conversa uma referência a Tântalo, ao falar de burocracia. E o que diz Zé Urbe sobre o Tântalo? Não, não era jogador da bola...

O que me leva à questão do que é, realmente, o cânon das nossas vidas, o 'basic'. O que é que 'é uma vergonha' não sabermos? Isso está mal definido, a coisa varia com a pessoa. Pessoalmente, gostava muito de ter tido na faculdade a cadeira de 'Introdução à Obrigação de Saber'. Em vez disso, tive uma introdução à Economia e Gestão. Acho que perdi, em retrospectiva.

Mas eu gostava de ter tido essa cadeira. Devia ser optativa. E não consigo encontrar o equivalente do Apostol em livro. Será que não há em português? Mas em que outro país se usa a expressão? 'Introduction to The Duty of Knowing'? Não encontro.

É que isso deve ter passado na TV para muita gente e eu, por acaso, perdi. Raios. Assim vou ter que ir descobrindo pelo caminho, a cada erro. Danados dos outros, que viram o programa e sabem tudo o que é fundamental. Como eu gostava de dar essa resposta pedante: 'Você tinha obrigação de saber'. Seria um sonho feito realidade.

E pronto. Amanhã é outro dia neste país do Não-Erro.