Uma das coisas que me intriga nas estradas/vias portuguesas é o "ele é que tem de...". Peões que não têm receio de ser atropelados ("ele é que tem de ter atenção..."), carros que não têm medo de atropelar ("ele não pode passar agora..."). Com uns filhos de qualquer coisa à mistura. Uma modorra irritante, desesperante, para o "meu sistema" - "só me desvio minimamente da minha rota divina se ele estiver a 5 cm de me bater", é o que eu oiço, de peões e condutores. Fé nas regras e fingir que não se vê. Quando muito pregar um "sustozito".
Não percebem que não basta nós cumprirmos as regras, temos também de atentar em quem não cumpre? Suponho que essa crítica vem, também, de gostar de pensar que os outros me dão algum espaço de manobra, caso eu erre. E vem, claro, de eu estar a dá-lo aos outros - constantemente.
Devo dizer com honestidade que não concebo melhor local que as nossas estradas para treinar tropas de elite para missão no estrangeiro. Lograr uma condução bem feita pelas estradas portuguesas, com gente que salta para a estrada quando quer, que não faz sinal quando vira, que deixa os carros estacionados pelo meio da estrada, que ultrapassa violentamente, em que há estradas e estradinhas mal iluminadas, sem espaço, marcas apagadas no chão, uma sinalética que não é 100% fiável, e tendo sobretudo (falo com a esperança de um amador esforçado) tanto veterano condutor que não tem paciência, simplesmente. Pior que os mais jovens. Não sei bem de que lhes serve a idade.
A verdade é que, com grande perigo, a estrada serve como escoadouro de frustrações, de violências contidas. Eu sempre soube isso, e por isso mesmo não queria tirar a carta. É que, muito simplesmente, o acto de condução, bem feito, é por si só complexo o suficiente para não estar a ser feito num "hunting ground", com gente tão imprevisível, com velocidades, códigos, tão diferentes. Sobretudo, as cidades, das 18 às 20h, nos meses, como agora, em que já é de noite, são terríveis. Há momentos de selvajaria pura.
It's a jungle out there, meus caros. Por mais prevenções que a gente tome. O pior é se, mesmo assim, ainda fazemos algum erro terrível, algo que atormente a nossa consciência (os que a têm). É que parece que, mesmo que exijamos tanto de nós, a estrada portuguesa é um perigo constante, e virtualmente indomável. Parece não haver no horizonte o dia em que possamos dizer "Ok, tenho a experiência suficiente. Daqui em diante isto para mim é canja. Já não preciso de andar sempre de olho vivo, stressado.". Há sempre uma criança, um velhote, uma passadeira, um sinal, um otário. Sobretudo, há sempre um otário.
Não percebem que não basta nós cumprirmos as regras, temos também de atentar em quem não cumpre? Suponho que essa crítica vem, também, de gostar de pensar que os outros me dão algum espaço de manobra, caso eu erre. E vem, claro, de eu estar a dá-lo aos outros - constantemente.
Devo dizer com honestidade que não concebo melhor local que as nossas estradas para treinar tropas de elite para missão no estrangeiro. Lograr uma condução bem feita pelas estradas portuguesas, com gente que salta para a estrada quando quer, que não faz sinal quando vira, que deixa os carros estacionados pelo meio da estrada, que ultrapassa violentamente, em que há estradas e estradinhas mal iluminadas, sem espaço, marcas apagadas no chão, uma sinalética que não é 100% fiável, e tendo sobretudo (falo com a esperança de um amador esforçado) tanto veterano condutor que não tem paciência, simplesmente. Pior que os mais jovens. Não sei bem de que lhes serve a idade.
A verdade é que, com grande perigo, a estrada serve como escoadouro de frustrações, de violências contidas. Eu sempre soube isso, e por isso mesmo não queria tirar a carta. É que, muito simplesmente, o acto de condução, bem feito, é por si só complexo o suficiente para não estar a ser feito num "hunting ground", com gente tão imprevisível, com velocidades, códigos, tão diferentes. Sobretudo, as cidades, das 18 às 20h, nos meses, como agora, em que já é de noite, são terríveis. Há momentos de selvajaria pura.
It's a jungle out there, meus caros. Por mais prevenções que a gente tome. O pior é se, mesmo assim, ainda fazemos algum erro terrível, algo que atormente a nossa consciência (os que a têm). É que parece que, mesmo que exijamos tanto de nós, a estrada portuguesa é um perigo constante, e virtualmente indomável. Parece não haver no horizonte o dia em que possamos dizer "Ok, tenho a experiência suficiente. Daqui em diante isto para mim é canja. Já não preciso de andar sempre de olho vivo, stressado.". Há sempre uma criança, um velhote, uma passadeira, um sinal, um otário. Sobretudo, há sempre um otário.