Acabei de ver (acreditem, não é costume) o 'Voz do Cidadão' da RTP1 conduzido pelo institucional Paquete de Oliveira. Vi, muito simplesmente, porque tratava do 'Liga dos Últimos', nomeadamente das reclamções de alguns portugueses em relação ao mesmo.
Curiosamente - ou talvez não - foram entrevistar somente portugueses urbanos, citadinos. Entre vários deles perpassava uma assumida vergonha por ver algo assim na televisão. Por verem portugueses que eles consideram indigentes, nesse submundo que é 'a província'. Há um resíduo de razão na crítica: alguns repórteres são obviamente sacanitas, e gozam mansamente das pessoas que entrevistam, por as acharem 'cromos'. Mas, meus caros, fossemos a avaliar as reais razões porque fazemos tanta coisa na vida, sobretudo um projecto artístico como é um programa temático de televisão e ficaríamos seriamente desiludidos.
Na minha opinião o programa é brilhante. É fresco no panorama televisivo. É bem feito. É certo que captura a gente de aldeia. Mas são perfeitamente ignorantes os portugeses urbanos que os consideram indigentes, e que têm mesmo repulsa em os verem (pergunto-me se o problema será eles existirem ou serem vistos) na televisão. Percebam de uma vez: as pessoas do Campo não se exibem tanto como as da Cidade. Não são tão presumidos. É certo que há pobreza também. Mas sobretudo não há necessidade de qualquer pseudo-estética que seja.
A verdade é que, entre aquela gente que tão brutamente fala, e tão mal veste, há portugueses que, em vários casos, vivem melhor que os urbanos que perturbam pela sua presença na televisão. E que têm mais dignidade que eles - sim: mais dignidade. Porque é mais digno uma vida rural que uma vida de funcionário em teias de hipocrisias, controles mútuos, contagens de quem é que come quem, de quem faz menos, e a quem toca a responsabilidade.
Eu gosto daquela gente. Conheço-a desde pequeno. Há de tudo, como em todo o lado. Eu não estou aqui em defensor dos oprimidos, mas sinto alguma ofensa. Não quero fazer de moralista com os outros, mas não posso admitir que eles o façam por outros meios. É fina a barreira entre a genuína preocupação social e o pequeno nojo travestido de caridade.
Apesar de tudo, prefiro os sacanitas que fazem o programa. Podem achá-los cromos e rir-se deles por dentro, mas não os desprezam assim. Vou continuar a ver o programa e a rir-me com el (ver aqui). A estética, meus caros, não é uma ética.
Curiosamente - ou talvez não - foram entrevistar somente portugueses urbanos, citadinos. Entre vários deles perpassava uma assumida vergonha por ver algo assim na televisão. Por verem portugueses que eles consideram indigentes, nesse submundo que é 'a província'. Há um resíduo de razão na crítica: alguns repórteres são obviamente sacanitas, e gozam mansamente das pessoas que entrevistam, por as acharem 'cromos'. Mas, meus caros, fossemos a avaliar as reais razões porque fazemos tanta coisa na vida, sobretudo um projecto artístico como é um programa temático de televisão e ficaríamos seriamente desiludidos.
Na minha opinião o programa é brilhante. É fresco no panorama televisivo. É bem feito. É certo que captura a gente de aldeia. Mas são perfeitamente ignorantes os portugeses urbanos que os consideram indigentes, e que têm mesmo repulsa em os verem (pergunto-me se o problema será eles existirem ou serem vistos) na televisão. Percebam de uma vez: as pessoas do Campo não se exibem tanto como as da Cidade. Não são tão presumidos. É certo que há pobreza também. Mas sobretudo não há necessidade de qualquer pseudo-estética que seja.
A verdade é que, entre aquela gente que tão brutamente fala, e tão mal veste, há portugueses que, em vários casos, vivem melhor que os urbanos que perturbam pela sua presença na televisão. E que têm mais dignidade que eles - sim: mais dignidade. Porque é mais digno uma vida rural que uma vida de funcionário em teias de hipocrisias, controles mútuos, contagens de quem é que come quem, de quem faz menos, e a quem toca a responsabilidade.
Eu gosto daquela gente. Conheço-a desde pequeno. Há de tudo, como em todo o lado. Eu não estou aqui em defensor dos oprimidos, mas sinto alguma ofensa. Não quero fazer de moralista com os outros, mas não posso admitir que eles o façam por outros meios. É fina a barreira entre a genuína preocupação social e o pequeno nojo travestido de caridade.
Apesar de tudo, prefiro os sacanitas que fazem o programa. Podem achá-los cromos e rir-se deles por dentro, mas não os desprezam assim. Vou continuar a ver o programa e a rir-me com el (ver aqui). A estética, meus caros, não é uma ética.