Talvez o meu problema com o futebol, tal como ele está, decorra essencialmente desta necessidade que seja o sorvedouro das paixões da sociedade. Tanta pressão é posta sobre o jogo, que o jogo é cada vez mais uma indústria. Há já alguns anos a esta parte, assistem-se a vencedores absurdos da Liga dos Campeões, a futebol enlatado - como o do Chelsea de Mourinho - glorificado como arte, a falta de tempo, falta de paciência. Não me revejo nesse jogo. Não é aquele que eu gostava de ver e jogar. Tão distante está do artesanal que não possui um átomo de arte. Mas isso, afinal, é o paradigma dos tempos modernos.
Vejam por exemplo a recente vitória do Sporting ao Benfica na Taça. É certo que foi um jogo justo, e até eu me chateei com benfiquistas que inventaram arbitragens ou penaltys num jogo, ímpar no Sporting, em que não houve uma expulsão, um penalty, um livre - só golos corridos. Agora, escapa aqui o fundamental - como sempre. Se a vitória fosse do Benfica o mecanismo de reacção seria exactamente o mesmo. Ou ainda ninguém percebeu, de uma vez por todas, que numa sociedade deprimida, quando uma metade ganha assim um jogo entra em euforia parva, e a outra metade entra em depressão hipersensível? Eis como um epifenómeno no futebol revela a energia social insana que sobre o jogo é depositada.
E é justamente isso que o assassina.
Vejam por exemplo a recente vitória do Sporting ao Benfica na Taça. É certo que foi um jogo justo, e até eu me chateei com benfiquistas que inventaram arbitragens ou penaltys num jogo, ímpar no Sporting, em que não houve uma expulsão, um penalty, um livre - só golos corridos. Agora, escapa aqui o fundamental - como sempre. Se a vitória fosse do Benfica o mecanismo de reacção seria exactamente o mesmo. Ou ainda ninguém percebeu, de uma vez por todas, que numa sociedade deprimida, quando uma metade ganha assim um jogo entra em euforia parva, e a outra metade entra em depressão hipersensível? Eis como um epifenómeno no futebol revela a energia social insana que sobre o jogo é depositada.
E é justamente isso que o assassina.