sábado, junho 02, 2007

"In Sicily, women are more dangerous than shotguns"

"O Padrinho" é, para mim, uma obra-prima da Arte, e pode ser analisado sob uma miríade de aspectos. Mas, deixando todo o universo pictórico, se nos concentrarmos só no detalhe da música, há todo um mundo a descobrir. Esta é uma música que ainda vem do fim dos tempos, antes das revoluçoes burguesas, de um tempo sem imagem, e que tem, simplesmente, a capacidade de suspender um homem. Por segundos, ele esquece-se de tudo, e há um prazer intenso e interior que prova, e o surpreende - provém de outra idade. Com efeito, esta música transporta-nos de novo à infância - é na infância, ou no contacto com ela que reside o espírito da Arte, da perfeiçao - e tao bem o da vingança face aqueles que nao no-la permitem alcançar. Vem muito antes da era do perdao - cronológica e psicológica. Mexe com um imenso poder, e usa o instrumento da Memória, com M grande (quase obsoleto na cadência imediatista dos nossos dias). Um perigo, esta música. Um doce, doce, perigo.