terça-feira, junho 05, 2007

Alien

No metro: entra uma senhora, estou sentado. Levanto-me, nao me levanto? Nem distingo bem a idade da senhora. É claro que o correcto será levantar-me, mas isso também geralmente cria uma espiral de constrangimentos: "Nao, nao, sente-se. Deixe estar". Voz da experiência. Acabo por resolver o dilema levantando-me como se fora sair na próxima paragem. Nao tem muita galhardia, ou quando muito nao a exibo, mas evito a minha consciência e a dança do "sente-se" num gesto.

Duas raparigas giras (e giras no caso é um eufemismo) passam pela carruagem. Olha-se? Nao se olha? Discretamente, é certo. Mas sim ou nao? Saudável atençao ou insuportável instrusao? Tantos anos passados ainda a dúvida. Ambas reacçoes existem, às vezes na mesma rapariga.

Passa das 12h. Bom dia? Boa tarde? Bom dia... ou Boa tarde! (risos esperançosos recebidos com indiferença).

Turistas espanhóis perdidos. Ajudo? Nao ajudo? Interpelo? Espero?

Nao, nao, faça favor...

Desculpe...

Posso pedir-lhe só uma coisa...

Paredes, cantos, mundos. Cidades invisíveis, coreografias de educaçao e sociabilidade, numa Lisboa de que gosto sempre... mas nao demais.

Tenho sempre algo de imigrante, de estrangeiro. Escorrego e tropeço naquela pista de dança. Sou sempre ainda alheio... Still somewhat of an alien.