No passado Domindo a França elegeu Nicolas Sarkozy como seu presidente. Não obstante ser da UMP, o mesmo partido do presidente cessante Chirac, Sarkozy é muito mais que " uma evolução na continuidade". Sarkozy representa uma verdadeira mundança não só no estilo mas também nas ideias. Curiosamente, Segolene, embora de esquerda, seria muito mais seguidora do que até aqui vinha sendo feito por Chirac, do que vai ser Sarkozy.
Segolene prometeu muito inicialmente, não apenas pela frescura mediática com que aparecia mas também ao nível das propostas. Propagandeou um renascer patriótico ( colocando-se mesmo à direita de Sarkozy), queria júris populares a controlar a classe política, e puxou a esquerda francesa, anquilosada e imobilista, para um centro-direita a nível económico. Parecia que o tabuleiro político iria cada vez mais ser arrastado para o extremo ( no caso, o extremo direito/a), mas não foi isso que aconteceu. Sarkozy segurou a direita e partiu para o centro. Segolene recuou para causas cara à esquerda, como o ambiente ou a manutenção de um establishment social ultrapassado e terminou perdida no meio do nada (como ficou demonstrado no debate final).
Sarkozy é a mudança. Admira Aznar e quer ser como Blair ( convenhamos que não tem mau gosto...). Ambicioso, pretende fazer ressurgir o monstro francês e já percebeu que não vai lá só com a putativa influência que a França ainda tem na " Velha Europa". Ao contrário de Chirac (péssimo presidente) que se entretinha a fazer querer que mandava na UE, com a conivência de um apagado Schroeder, Sarkozy tem não só a nivel interno mas também a nivel internacional um discurso e uma acção que pretendem fazer com que a França volte a ser um player activo e decisivo na cena internacional. Para mim, Sarkozy vai começar por surpreender. Acusam-no de extremista e ele é capaz de nomear uma filha de imigrantes magrebinos para a Justiça, Interior ou até para a Imigração. Nesta primeira fase vai ser mais integrista que divisor.
A nível internacional aproximar-se-á do aliado americano e forçará, com Merkel, um novo dinamismo europeu que fará com que a Europa saia de alguns ( não todos) impasses em que caíu.
Mas a sua maior força surge a nível interno. Procurará um liberalismo económico no país onde o estado social é sagrado. Baixará impostos, fomentará o crescimento, mais trabalho com o fim da lei das 35 horas ( já a pensar nisso nomeará, provavelmente, Fillon como PM), e fará assentar a dialética Estado/cidadão numa premissa simples mas que hoje em dia é cada vez mais ousada, mais direitos sim, mas só se eles corresponderem a mais deveres.
Sarkozy por detrás do seu olhar maquiavélico emana força, coragem, determinação, empreendorismo que, certamente, se transmitirá à sociedade. A França será mais trabalho e menos lazer. Mais economia e menos cultura. Mais pragmatismo e menos saudosismo.
Esta talvez seja uma visão optimista mas como dizia o outro " isto vai levar uma ganda volta!".
Contudo, o esquerdismo da nossa comunicação social não permite revelar todos os méritos e procura muitas vezes distorcer a realidade. Quiseram fazer de Sarkozy um extremista ( não foram os únicos) e na noite da eleições procuraram limitar ao minimo os holofotes do vencedor. Tudo serviu, ora porque uns quantos miliatantes de extrema esquerda ( o que faria se fossem de extrema- direita!!!) incendiaram mais uns carros, ora porque Sarkozy não aparecia com a mulher Cecilia. Tudo foi pretexto para a minimização, mas o certo, é que a partir de 15 de Maio de 2007, vamos pela primeira vez desde há muito tempo, contar com uma nova e INFLUENTE França.