O que é que queres ser na vida?
Porque é que temos que responder a essa pergunta? E se quisermos ser tanta coisa, amanhã estar em tantas lugares e conhecer tantas pessoas? Mesmo que se arrisque não sair do 'quero ser', do 'wannabe'?
Acho que, mais do que 'wannabe', eu sou um 'wannago'. Mais do que chateado por 'não ser', sinto-me chateado por (ainda, que sou optimista) 'não conhecer'.
Wannabe:
Porque é que temos que responder a essa pergunta? E se quisermos ser tanta coisa, amanhã estar em tantas lugares e conhecer tantas pessoas? Mesmo que se arrisque não sair do 'quero ser', do 'wannabe'?
Acho que, mais do que 'wannabe', eu sou um 'wannago'. Mais do que chateado por 'não ser', sinto-me chateado por (ainda, que sou optimista) 'não conhecer'.
Wannabe:
Wannago:
(...)
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!
(...)
in 'O Sentimento de um Ocidental', Cesário Verde (1855-1886)
"Viagem"
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga (1907-1995)
(...)
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!
(...)
in 'O Sentimento de um Ocidental', Cesário Verde (1855-1886)
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"Viagem"
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga (1907-1995)