Uma pergunta que mormente ecoa nos meus pensamentos diz respeitos aos limites da nossa dignidade. Está visto que nos inserimos numa sociedade onde ela é atropelada por todos os lados, uma sociedade de uma violência mansa, passiva, não-declarada, omissa. Mas que se acumula, que deprime, dia após dia. E que não sai dali.
Desde logo deprime, como sociedade, o facto de o próprio país estar mal. De os outros portugueses poderem estar mal. E de não haver (donde se pede a Manuela Ferreira Leite que começe a fazer o seu acto, a fazer oposição - pelo menos isso) luz ao fundo do túnel. Só mais do mesmo. Nada mais que isso.
Face a esta sociedade violenta para alguns jovens, a sua inserção no mundo laboral - sobretudo - exige uma série de cedências, naquilo que consideramos como certo, correcto, em prol de um bem maior. No caso, a própria sobrevivência, futuro. Leia-se dinheiro, salário. Eu não sou marxista, não falarei de 'prostituição', palavra demasiado forte. Mas o certo é que há jovens que se sujeitam a ambientes de trabalho insalubres, e não digo que sejam explorados, mas são ignorados, instrumentalizados, elementos na engrenagem do cinismo. Há uma noção clara que as coisas não deviam ser assim, mas tudo é aceite. Os silêncios, as omissões, as pequenas e insinuantes crueldades. Às vezes à verdadeiras 'obscenidades por omissão' (acreditem que eu sei do que falo), face a coisas gravíssimas (estou-me a lembrar, por exemplo, da certificação quanto à segurança e integridade física de um jovem) e depois, no dia seguinte, há que sorrir, falar, beber café como se nada fosse. Não - é preciso dizer não. Não se pode ter medo de impôr limites quando eles têm que ser impostos.
A verdadeira questão, no fundo, é a mesma de sempre. A noção subsconsciente de que este é um país pequeno, de que 'what goes arround' pode bem 'come arround', faz com que se calem verdadeiras bestialidades. De novo, eu sei bem daquilo que falo.
Há um pormenor, no entanto, que convém reter para própria protecção. Lembro-me de, há alguns dias, ter ouvido ao treinador do Manchester United, a propósito de não sei que situação, esta frase: 'There's nothing wrong in getting mad for the right reasons'. Se a Justiça (e o esforço sincero) estiver do vosso lado, não hesitem em clamar - contra qualquer opressor que seja. A Justiça é o único motivo que pode justificar todo e qualquer berro. O problema de sempre é ter a certeza de que ela está connosco.
Desde logo deprime, como sociedade, o facto de o próprio país estar mal. De os outros portugueses poderem estar mal. E de não haver (donde se pede a Manuela Ferreira Leite que começe a fazer o seu acto, a fazer oposição - pelo menos isso) luz ao fundo do túnel. Só mais do mesmo. Nada mais que isso.
Face a esta sociedade violenta para alguns jovens, a sua inserção no mundo laboral - sobretudo - exige uma série de cedências, naquilo que consideramos como certo, correcto, em prol de um bem maior. No caso, a própria sobrevivência, futuro. Leia-se dinheiro, salário. Eu não sou marxista, não falarei de 'prostituição', palavra demasiado forte. Mas o certo é que há jovens que se sujeitam a ambientes de trabalho insalubres, e não digo que sejam explorados, mas são ignorados, instrumentalizados, elementos na engrenagem do cinismo. Há uma noção clara que as coisas não deviam ser assim, mas tudo é aceite. Os silêncios, as omissões, as pequenas e insinuantes crueldades. Às vezes à verdadeiras 'obscenidades por omissão' (acreditem que eu sei do que falo), face a coisas gravíssimas (estou-me a lembrar, por exemplo, da certificação quanto à segurança e integridade física de um jovem) e depois, no dia seguinte, há que sorrir, falar, beber café como se nada fosse. Não - é preciso dizer não. Não se pode ter medo de impôr limites quando eles têm que ser impostos.
A verdadeira questão, no fundo, é a mesma de sempre. A noção subsconsciente de que este é um país pequeno, de que 'what goes arround' pode bem 'come arround', faz com que se calem verdadeiras bestialidades. De novo, eu sei bem daquilo que falo.
Há um pormenor, no entanto, que convém reter para própria protecção. Lembro-me de, há alguns dias, ter ouvido ao treinador do Manchester United, a propósito de não sei que situação, esta frase: 'There's nothing wrong in getting mad for the right reasons'. Se a Justiça (e o esforço sincero) estiver do vosso lado, não hesitem em clamar - contra qualquer opressor que seja. A Justiça é o único motivo que pode justificar todo e qualquer berro. O problema de sempre é ter a certeza de que ela está connosco.