Que não vos iludam estes prémios. O panorama da imprensa portuguesa continua paupérrimo, em crise desde há muito. Cheio de 'enlatados', 'condensados' e 'produtos de marca branca' . Ah, que saudades da 'boa mesa'!...
Melhor Jornal: 'Público', apesar das minhas críticas, e embora não o leia como antes. Parece que a crise económica pode obrigar o jornal a largar toda a gordura que eu desde o princípio critiquei. Quem sabe se eu ainda não ganho na teimosia?
Melhor Revista: novamente, a 'Sábado'. Ainda criativa e irreverente. A 'Visão' melhorou.
Melhor Colunista: vou dar o prémio este ano ao José Pacheco Pereira, uma vez que Miguel Sousa Tavares o ganhou o ano passado (parece que a coisa vai mesmo rodando por estes dois). Mas faço-o sobretudo pela erudição - tenho a mesma opinião que Baptista Bastos: JPP fala muito melhor do que escreve. Nele há sempre este dilema: lucidez e pedagodia na oratória, e uma certa sofreguidão, um ataque de 'bulimia intelectual' nos textos (espaço ou estilo?). Ainda assim, excelente divergência de temas - e incomparável profundidade. Miguel Sousa Tavares - o melhor a clamar quando tal se pede - partilha a melhor prosa com Pedro Mexia, tendo este último talvez a mais consistente 'bagagem' cultural contemporânea, e uma boa divergência de temas. Interessantes sugestões e 'dedo na ferida' de João Pereira Coutinho (incidentalmente, considerado no Brasil um dos, senão mesmo 'o' melhor colunista).