Estou a comprar gravatas numa loja da especialidade. Passo os dedos pelos padrões e matizes, insatisfeito. Sou muitíssimo exigente nesse simples acessório... Adoro gravatas, nada a fazer. Nisto, coloca-se a meu lado um rapaz, da minha idade suponho, com um ar distraído e desgranhado, que vinha com a namorada, e andava a escolher as gravatas no módulo "chuchuzinho, gostas desta?". Não é que ele dissesse isso, mas é somente a classificação que eu uso para os casais nefelibatas e... chatos.
Ao escolher as gravatas, deixa, subitamente, cair ao chão uma enorme quantidade. Eu, que estava ao lado, por reflexo, apanhei-as. "Obrigado". Não tem de quê, pensando eu, nem olhando para ele sequer, embrenhado nas "minhas" gravatas, pensando como seria possível deixar cair tantas ao chão. Eis quando, pouco depois de as recolocar, rolam, gozonas, mais umas dez gravatas ao chão, batendo a sua placa-cabide no chão, com um barulho denunciador. "Mas será possível? Que grande trapalhão". Apanhei-lhe de novo as gravatas (por qualquer razão ele demorava a fazê-lo, deliciado com a sua própria trapalhice: "chuchuzinho, já me viste isto?"), pensando que, sendo eu próprio pouco hábil tantas vezes, havia gente bem pior. Ele ficaria de referência para a minha próxima situação constrangedora.
Mas nem tive tempo de saborear esse pensamento, porque faltava-lhe ainda deixar cair um outra gravata. Três vezes! Três vezes é demais, é um teste à minha cortesia. "Amigo, eu para esta nem me mexo", não lhe cheguei a dizer - fiquei-me somente pelas minhas gravatas. Lá se riu ele com o "chuchuzinho" e a apanhou. É que eu gosto de ser prestável e cortês, mas três vezes já é Deus a brincar comigo, já há contornos de ira. Chega.
É claro que Deus sabe melhor, e, pouco depois, sou eu quem deixa cair a placa-cabide de uma gravata ao chão (só isso, apesar de tudo), mas com esse barulho como quem diz: "não penses que não te acontece a ti". Raios.
Ao escolher as gravatas, deixa, subitamente, cair ao chão uma enorme quantidade. Eu, que estava ao lado, por reflexo, apanhei-as. "Obrigado". Não tem de quê, pensando eu, nem olhando para ele sequer, embrenhado nas "minhas" gravatas, pensando como seria possível deixar cair tantas ao chão. Eis quando, pouco depois de as recolocar, rolam, gozonas, mais umas dez gravatas ao chão, batendo a sua placa-cabide no chão, com um barulho denunciador. "Mas será possível? Que grande trapalhão". Apanhei-lhe de novo as gravatas (por qualquer razão ele demorava a fazê-lo, deliciado com a sua própria trapalhice: "chuchuzinho, já me viste isto?"), pensando que, sendo eu próprio pouco hábil tantas vezes, havia gente bem pior. Ele ficaria de referência para a minha próxima situação constrangedora.
Mas nem tive tempo de saborear esse pensamento, porque faltava-lhe ainda deixar cair um outra gravata. Três vezes! Três vezes é demais, é um teste à minha cortesia. "Amigo, eu para esta nem me mexo", não lhe cheguei a dizer - fiquei-me somente pelas minhas gravatas. Lá se riu ele com o "chuchuzinho" e a apanhou. É que eu gosto de ser prestável e cortês, mas três vezes já é Deus a brincar comigo, já há contornos de ira. Chega.
É claro que Deus sabe melhor, e, pouco depois, sou eu quem deixa cair a placa-cabide de uma gravata ao chão (só isso, apesar de tudo), mas com esse barulho como quem diz: "não penses que não te acontece a ti". Raios.