


A vista do Vittoriano ao final da tarde.
Quando il povero dona al ricco, il diavolo se la ride
It reminds me of when I first used to knock on doors as a canvasser and was told if they owned their own home they were Tories.
Choice a Tory word?
Tell that to 50 per cent of heart patients who have exercised it to get swifter operations and help bring cardiac deaths down 16,000 since we came to power.
(...)Choice is not a Tory word.
Choice dependent on wealth; those are the Tory words.
The right to demand the best and refuse the worst and do so not by virtue of your wealth but your equal status as a citizen, that's precisely what the modern Labour Party should stand for."
A ler também o seu discurso no Congresso do Partido em Setembro deste ano.
Aqui e ali, em artigos, costumo ler referências à teoria do Eterno Retorno. Investiguei: a sua tese é a da natureza cíclica da História. A História seria doentiamente cíclica porque repetimos todas as situações e sentimentos humanos, desde os primórdios; os elementos basilares do ser humano não mudaram nem mudarão.
Embora algo nela soe fundamentalmente verdadeiro, acho que há mais no ser humano para além da sociedade do Antigo Testamento. A diferença individual, genética, e a evolução da sociedade são factores igualmente importantes que os nossos desejos primitivos. Mas reconheço que é para mim uma aventura tentar abordar esse tema, e tento registar apenas o essencial.
Concordo, sobretudo, que é demasiado humana a assumpção de que vamos ser algo que o mundo nunca viu, e ter mais coragem, mais inteligência do que os nossos antepassados. Pensamos neles (se chegarmos a pensar) mergulhados num profundo obscurantismo. Há um desrespeito generalizado pelo Passado, e nunca se pode compreender o que se não respeita. Só não sei se esse desrepeito é intrínseco à natureza humana, ou se estará antes relacionado com a evolução dos tempos.
Choca-me sobretudo o vil esquecimento da Medicina, e os esforços que os intérpretes dessa arte fizeram ao longo da História para que nós mais facilmente a pudéssemos esquecer. Damo-nos o luxo de viver em função do imediato, porque autênticos heróis devotaram a sua vida à anestesia, assépssia, vacinação, transplantação, etc. Quantas vezes nos lembramos do sofrimento humano evitado? Quantas vezes nos lembramos dos olhares de desespero e angústia, dos gritos e gemidos pela noite, da indignidade? Pois é. Longe da vista, longe do coração. E a vista lá se vai fixando naquele carro, naquela mulher, naquela oportunidade de enriquecer, naquela experiência ousada.
Não só esquecida, a Medicina tem vindo a ser instrumentalizada e mesmo traída pelos seus intérpretes. Simplesmente porque quem a pratica são... seres humanos. E como o mercado, mais do que o sonho, comanda a vida, nem se lhes é exigido que tenham uma cultura humana compatível com tão especial mester. Se a cirurgia plástica evolui mais que a cura para a malária e um cirurgião não o é sem um Porsche, é pena, mas é coisa humana.
Sempre achei que os verdadeiros médicos eram, como Ernesto Roma, príncipes do povo. Emergem pelo bem comum, e trabalham pela sua comunidade, sem maior prazer na vida que esse. São povo e não o são ao mesmo tempo. E o povo inequívoco também sempre lhes foi grato, e deles guardava memória.
Talvez esse povo já não exista. Ainda bem, porque isso significa, para usar a popular expressão, que subimos de vida. Agora já a podemos carregar de aspirações que nos elevam ou deprimem, consoante as cumpramos ou não. Mas talvez por já não haver esse povo, menos sejam aqueles que se lhe dedicam a vida. Podíamos ao menos lembrar os que o fizeram no passado.
Ter 22 anos é sempre difícil, e talvez sempre tenhamos a necessidade de dizer que é mais difícil quando somos nós. Afinal, o mundo nasceu connosco, e não percebemos porque raio não se adapta àquilo que intuitivamente cremos que ele devia ser.
Mas ter hoje 22 anos é difícil. Para além das barreiras e maldições de Tântalo da idade, há incertezas que nos consomem. Estão sempre lá, “in the back of the mind”. Será que terei trabalho? Será que serei feliz no meu trabalho? Sou de esquerda ou de direita? O que é exactamente o capitalismo?, e até mesmo: Será que vai haver uma guerra para a minha geração?. Contudo, a maior parte das vezes, felizmente, continua a ser: “Muito gira... ficava mesmo bem ao meu lado".
Quando por vezes me concedo pensar nessas angústias, e n
O Zé era uma figura míticia da aldeia. Já morreu, coitado, nem o cheguei a conhecer. Mas tantas vezes o meu pai contou as suas anedotas que sinto que as vivi também. O Zé, na verdade, era conhecido como... Zé da Merda. Segundo os relatos, o seu emprego da palavra profana era constante: “Já fui fazer a m.... que me pediste, Comprei a m.... da enxada por tanto, Fui à m.... da feira”, de tal forma que a trivializava e domesticava. O seu significado perjorativo deixava de estar associado ao uso para depender do tom. Uma vez, após o 25 de Abril, numa sessão de esclarecimento do povo, ouvia aqueles jovens a falar de democracia e democratas, devidamente sentado na plateia. A certa altura, tanto a palavra balançava de frase em frase, que, ansioso, se levantou e disse: “Mas então o que é que é essa merda dos Mocratas?”. O riso foi geral, malgrado a sua sinceridade.
Mas o Zé vem a propósito não dessa, mas de outra história. O Zé era um herói da aldeia, não pelo registo cómico, mas porque sabia guiar em Lisboa. E isso de guiar em Lisboa era coisa só para alguns, predestinados. Ainda hoje lá conheço pessoas, hábeis a conduzir, que nunca se aventuraram no tráfego lisboeta. Mas o Zé era generoso, um dia partilhou o seu segredo: “É assim: a mim disseram-me que os gajos lá, se tu estiveres parado, quem te bater é que tem a culpa. Então, quando me vejo apertado, travo aquela merda a fundo. Se eles baterem a culpa é deles!”
Às vezes, quando me sinto confundido pelo mundano, e não sei bem qual dos lados que me puxa tem razão, lembro-me das palavras do Zé. Travo a fundo.
Se eles baterem a culpa é deles.