segunda-feira, julho 09, 2007

Lisboa Cidade Mistério


Ainda a propósito do "Sentimento de um Ocidental", o poema de David Mourao- Ferreira, tao simples quanto belo, sobre as varinas desta cidade que nos captura (e falta-me ler ainda o que dela escreveu José Cardoso Pires, que também se rendeu aos seus encantos), com a sua luz centrípta e às vezes, estupidamente, parece ser o centro - o centro do mundo.

Maria Lisboa

É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.

Em vez de corvos no chaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.

É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira,
e nas velas o latido
do motor duma traineira.

Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria;
seu apelido: Lisboa.