segunda-feira, junho 18, 2007

Risky Business

Final do exame. Matéria difusa, difícil de distinguir o trigo do joio (já nem peço o luxo de vislumbre de utilidade futura), professor ainda mais impenetrável... O que quererá aquele homem com a cadeira? Passar os alunos? Ou reserva-se um critério de correcçao, neste ano sobrelotado, imprevisível, e diverso do anterior? Tudo é possível, e chateia-me nao distinguir claramente as suas intençoes.

Mais nao fosse ficou com o meu exame quando me fui embora. Para quê? Para o ler logo? Porque nao podia eu colocá-lo com os outros, como os outros? Tudo bem. Nao vou perder tempo com isso. Estou em fase pós-exame, num limbo a tentar limpar a interferência causada pela revisao obsessiva, só quero sair da sala. Lá fora nem sequer tenho um minuto para respirar. Por instinto, vagueio até ao placard onde se concentram os colegas. Mas espera, eu acabei de sair, ainda só tive tempo de me queixar do exame a uma pessoa (adoro queixar-me), porquê esta agitaçao? Ah, sai essa nota. Tudo bem. Espera - tudo mal. Esse teste nao me tinha corrido bem. Danças de cortesia, desvios em frente do vidro, que se congratula por aquela agitaçao face à monotonia do seu dia. E lá está - a confirmaçao desse medo. Péssima nota. Ups... a estratégia falhou algures. Mas enfim, é este o problema de gostar de risky business - e eu gosto. Às vezes perdemos. Salvo por haver sempre uma pequena alegria, que contrabalança no universo uma pequena (porque é pequena) tristeza: Finito. È stato un piacere.

O certo é que entre a matéria e o modus operandi nausaeante de Cosmetologia, o céu plúmbeo, um calor ligeiramente tropical, as pessoas aglomeradas, o barulho, e o choque de uma má nota, fiquei com a cabeça a andar à roda. Meio perdido naquele corredor, para onde ir?, com quem falar? A bússola gira desordenada. Tensao em baixo, agonia. Terapia, Métodos, Exame, Parreira, BIF... e para que é que aquele sacana queria o meu exame?

Este enjoo de marinheiro de água doce no mar agreste da realidade (dizem os experientes que ondas mais altas esperam) fez-me lembrar algo. Mas o quê? Quando cheguei a casa lembrei-me. Distinta na minha mente aquela cena do "Lock, Stock and Two Smoking Barrels", em que o ingénuo e talentoso Eddy perde tudo, mesmo tudo, perante a manha de camionista de Hatchet Harry. Tudo começa a girar em seu redor, numa cena brilhante, que, por nao ter encontrado, apenas sugiro com a do jogo anterior. A propósito, brilhante tembém a música (Shotor, se ler este post a referência para a Mula é Castaways - Liar, liar).